domingo, dezembro 02, 2007

Veredicto


Não tinha mesmo como explicar o que sentia. Se ao mesmo tempo em que o desprezava intelectualmente, o apelo físico a atraía de forma irresistível para aqueles músculos delineados, aqueles traços perfeitos, aquele sorriso tão bem desenhado, aquela overdose de testosterona.

Cada detalhe daquele corpo parecia ter sido planejado com admirável primor por um arquiteto invisível. Se empobreço o texto pelo excesso de adjetivos, é porque não há como descrevê-lo (o corpo) sem abusar deles (dos adjetivos).

E de que modo se movia, como um predador selvagem, lento, preciso, à esgueira da presa fácil em que ela fazia questão de se transformar.

Talvez nisso consistisse a estranha magia. Racionalmente, ela enxergava com clareza que em nada ele poderia atender aos seus anseios. Não havia a ínfima possibilidade de construir um diálogo interessante. Nenhuma chance existia de uma valorosa troca de experiências culturais.

Instintivamente, porém, cada parte constituinte de seu sistema reprodutor insistia em indicá-lo, em clamar por sua presença.

E, por alguma razão que ela jamais saberia explicar, aquele ser bruto, ignorante, grosseiro, conseguia enxergar além de toda a construção social que ela carregava. Suas defesas, suas máscaras, seu cinismo, suas armas de sedução. Assim, quando todos achavam graça em saber que ele a via doce e terna, ela se admirava, e até se assustava, em perceber que ele, de fato, a via como ela era.

Enfim, ela já não pretendia justificar nada. Deixava-se levar pela inebriante sensação de não precisar fingir, posar, parecer, pretender. Nada o incomodava, nem tampouco diminuía seu incomensurável apetite por ela. Nem mesmo suas faces mais grotescas, seus defeitos mais ridículos, suas vergonhas, suas inseguranças mais patéticas.

Metia a cara entre seus seios, seus cabelos, suas pernas. Escarafunchava seus segredos. Ela simplesmente não se importava. E dessa extraordinária despreocupação irrompia uma volúpia inédita.

Que maldito hipócrita seria capaz de apontar a ela a culpa de fazer nutrir no peito do jovem varão um amor intenso e não correspondido?

Quem, além dela mesma?
"shame, shouldn't try you, couldn't step by you
and open up more
shame, shame, shame" (Matchbox Twenty - Shame)

quarta-feira, novembro 28, 2007

Sei

Posso ver nos seus olhos que você andou chorando.


Sei, pelas olheiras, que você andou crescendo.


Conheço seus medos, seus planos, seus desejos mais secretos. Vi as estratégias que usou pra conseguir o que queria. Sorri quando deram certo.


Sei das culpas que a torturam, das mágoas que a atormentam, do seu esforço pra se livrar disso tudo.


Lembro a cara de cada pessoa que a fez chorar. Conheço os homens que a usaram, e também os que a amaram.


Sei dos seus sacrifícios. Sei o quanto você fala e o quanto cala. Escuto sempre que você grita em silêncio.


Sinto as suas saudades.


Sei de tudo, porque seco suas lágrimas no meu travesseiro. Porque arranco seus cabelos brancos e abro o pote de Renew. Porque são minhas pernas que a erguem todos os dias, quando você quer continuar na cama.


Sei de tudo, porque engulo o seu choro. Aceno sua cabeça afirmativamente e forço seu sorriso quando você quer xingar. Sinto a dor de quando você obedece, querendo fugir.


E sei também que essas coisas contidas se transformam em piadas que nunca têm graça pra você. E que, pra compensar o aperto no peito, você diz o que não deve e agride sem querer.


Eu sei e você sabe que, no fim das contas, é só comigo que você pode contar mesmo.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Coisas que me irritam (4ª parte)


Operadores de telemarketing e teleatendentes. Dados muito confiáveis de pesquisas imaginárias apontam: operadores de telemarketing e teleatendentes são os profissionais mais odiados do Brasil, tendo há muito tempo ultrapassado os técnicos de informática, porteiros de boates, políticos, árbitros de futebol, jovens que arremessam panfletos quando as pessoas param no semáforo, guardas de trânsito, dentistas e até mesmo os advogados. Toda vez que preciso entrar em contato com o serviço de atendimento de uma empresa, seja para solicitar informações, suporte técnico, informar pagamento ou o que for, deparo-me com o espetáculo da ignorância. Depois de teclar 2 para isso, 4 para aquilo, 9 para voltar ao menu inicial, 666 para contatar a gerência, 5 para gritar “kill me, kill me now, please”, eventualmente consigo falar com um ser humano (será?). A maioria das criaturas parvas que atendem a ligação não têm muita noção de como funciona a empresa que “terceiriza” a empresa que “quarteriza” a empresa que “quinteriza” a empresa que a contratou.

Tanto pior é quando estou em casa bem tranqüila e alguém ao telefone pede para falar com a Sra. Oksana. Ih, chamou de Sra., só pode ser o rebento de uma meretriz me azucrinando para pagar uma conta ou um execrado que tentou negociar a alma com o Demo e foi recusado, e que pretende me vender algum produto ou serviço inútil por telefone, ou ainda pedir uma doação. Imaginem o que é para uma pessoa com o nome incomum como o meu. Às vezes minha mãe atende ao telefone e passa para mim dizendo que pediram pra falar com o Sr. Ozama. Ai, se Bush me descobre. Ou chamam a Sra. Okasawa, e outras coisas do gênero.
Isso tudo sem contar que foi essa maldita raça insolente que disseminou a praga do gerundismo. “Só um momento que eu vou estar transferindo para a pessoa responsável”. Quer dizer que eu passei todo esse tempo contando a minha vida pra pessoa irresponsável? “Só mais um momento, Sra. Oquizana, que eu vou estar passando para o setor competente”. Filha de uma rameira, porque não avisou logo que o seu setor era incompetente? “Só mais um instante, por favor, que eu vou estar fazendo o registro pra que o sinal esteja sendo religado. A Sra. quer estar anotando o número do protocolo?” NÃO, EU QUERO ESTAR SEGURANDO SUA CABEÇA SOB A ÁGUA DA PRIVADA PARA PODER ESTAR VENDO VOCÊ ESTAR SUFOCANDO ATÉ ESTAR OUVINDO VOCÊ ESTAR EMITINDO O ÚLTIMO BLUP! Ai, ai, pronto, pronto, passou.

Abordagens grotescas. Inclui-se aqui toda sorte de cantadas toscas e os comentários asquerosos pelos quais os pedreiros e caminhoneiros levam a fama, o que constitui profunda injustiça para com tantos homens de todas as idades e todas as classes profissionais. Muitas vezes já ouvi de aparentemente respeitáveis senhores, vestindo terno e gravata em carros de luxo, palavras de tão baixo calão que não ouso repeti-las, nem sequer em momentos de grande empolgação e desenvoltura no campo da sacanagem. Aqui também são inseridos gestos praticamente irresistíveis, como passar os dedos sujos entre meus cabelos macios, segurar minha mão com força enquanto eu tento me afastar ou encostar a pata em qualquer parte do meu corpo sem autorização. Sempre tento imaginar qual é o resultado que o imbecil pensa que vai conseguir. Talvez acredite que, ao gritar algo como: “Gostosa, que vontade de $&;¨#@ esses #%$$*&; e %$@%& você todinha”, eu retorne e diga: “Sério, diliça? Então vamos!”. Quem sabe imagine que, ao invés de escapar como posso da mão pegajosa que tenta me arrancar os cabelos, eu vire e meta um beijo na boca do ignorante. Irritante é pouco pra definir esse tipo de comportamento.

A moda desse ano. Tendências da moda são sempre uma coisa irritante. Tem vezes em que uma coisa que você adora, que sempre usou na vida, que é praticamente uma marca pessoal, cai no gosto dos estilistas. Pronto, 28 mulheres sem estilo e sem personalidade em cada esquina estarão vestindo, calçando ou usando a mesma coisa que você. Ódio. E tem também situações em que as vitrines querem te meter goela abaixo uma coisa grotesca. Você jura que nunca vai usar. Mas o apelo da mídia é grande, suas amigas todas usam, quando você percebe, já não acha mais tão absurdo. De repente é aceitável, e um tempo depois, absolutamente necessário, você simplesmente não entende como passou tanto tempo da sua vida sem ter uma confortável bota que parece uma perna de Frankenstein. Ok, confesso, aconteceu comigo.

Mas as tendências desse ano, pra mim, estão particularmente insuportáveis. Todo mundo deve saber que quem dita as regras da moda e decide o que devemos ou não devemos usar é um seleto grupo de pessoas (mui provavelmente parisienses) que não gosta de mulher. É evidente. Se mulheres definissem a moda, fazer depilação já estaria out há muitas e muitas estações. Por outro lado, se fossem homens heterossexuais, as modelos seriam gostosonas, peitudas, bundudas, jamais anoréxicas, e as vitrines estariam abarrotadas de micro-shorts, micro-saias, micro-tops... As roupas seriam como os aparelhos celulares: a cada ano seriam lançados modelos menores. Mas não. Quem cuida disso é uma organização secreta de bibas más que, numa espécie de concílio herege, decide como tornar as mulheres menos atraentes. Foram essas frutas malévolas que já nos fizeram usar calças de brim em tons pastéis, depois, mais revoltadas, fatigaram nossas retinas com peças em cores fluorescentes, por pura maldade. Foram elas que já maltrataram nossa geração ou as de nossas antepassadas com mangas bufantes, ombreiras, calças semi-bags e outras aberrações. Mas agora, elas apelaram. Ressuscitar os anos 80? Golpe muito, muito baixo.

Um breve passeio pelo shopping me fez concluir que os sapatos são todos de verniz e brilham mais que a luz do sol, aquelas estampas geométricas que minha mãe usava estão por toda parte, a cintura alta está voltando, as blusas parecem balões, e dentro de cada uma cabem cerca de 3 mulheres (grandes), as fábricas de lurex foram reativadas, muitas e muitas peças são feitas em paetês, com pequenos detalhes em tecido. Nada mais tem decote. Nada de tecidos justos que realcem as formas femininas. Somos todas balões. Ah, as bolsas têm capacidade para 200 litros (por que não colocam logo rodinhas nessas coisas?). Vi um macacão jeans numa loja, quase chorei. Por que isso? Não podíamos ter parado no decote canoa, nos óculos ray-ban e nas mangas morcego? Já estou até vendo a volta das calças fuseau com pezinho. Diga adeus à sua escova progressiva, ano que vem você vai fazer permanente e repicar o cabelo. Leve uma foto da Cláudia Raia em Roque Santeiro pro salão e explique pro cabeleireiro: "quero igualzinho".

Miguxês. QM NAum axXxaH AbSOlUTaMeNTi AdoRavEu EXXaH fOrmah DI AXXaXXINIu dAH LInguAh pOrtuGUEzAH??!?!

Tradução: Quem não acha absolutamente adorável essa forma de assassínio da Língua Portuguesa? By Miguxeitor.

Ai, meu estômago.

BeijInHuxXx

quarta-feira, novembro 14, 2007

Coisas que me irritam (3ª parte)


Adivinha só? Sim, a terceira parte também ficou imensa. Logo publico a 4ª. Vou mudar o nome do blog para "Coisas que me irritam".

Gente que faz drama. A dramatização constante é um comportamento mais comum em mulheres. Talvez por isso mesmo seja ainda mais irritante em homens. Eu faço drama às vezes, mas procuro evitar que o resto do mundo saiba. Todavia, é assim, coisa passageira, discreta, contida. E não falo aqui de tristezas justificáveis. Claro que estendo a mão e ofereço o ombro quando o motivo é real e a reação é proporcional. Só não tenho paciência pra draminhas diários, comportamentos infantis, chantagens emocionais, gente que bate o pé, faz bico, ameaça chorar pra tentar me convencer a fazer o que eu não quero, que exige mais atenção do que oferece, que nunca telefona e vive reclamando porque eu não liguei, que acha que qualquer dor de cabeça é um tumor no cérebro, que se considera vítima de tudo (do sistema, do preconceito, da sociedade, de traumas de infância, de influências espirituais, da proximidade de um suposto cataclismo)... Gente chata!

Shelley Duvall em “O Iluminado”. The Shining é um clássico do terror psicológico, e tem Jack Nicholson no papel principal, o que já é suficiente pra eu adorar o filme. Mas a esposa do Jack, a maldita Wendy, é insuportável! Aposto que eu não fui a única que torceu pra que Jack conseguisse estripá-la, de tão irritante que é a criatura! A voz, estridente, absurdamente aguda. A presença, inconveniente, desagradável. Os olhos, ora caídos, ora arregalados. As caretas de medo/desespero, caricaturais. Mas o que mais me irrita é o jeito que ela corre, com os braços balançando! What the fuck, Wendy? Onde ela pensa que vai daquele jeito? E quando ela entala na janela, repetidas vezes, e não consegue se convencer de que é impossível passar por ali? É nessa hora que eu tenho vontade de gritar: “Morra, Wendy, morra! Vá, Jack, acabe com ela! Decepe esses bracinhos com o machado! Corte essa desgraçada ao meio e faça cessar esses gritinhos!”

Cocô na casa do Pedrinho. Confesse. Você também tem raiva do garotinho. “Mãe, eu quero fazer cocô!”. A mãe: “Tá bom, vamos, filho!”. É aí que o moleque, com o dedinho indicador em riste, afirma categoricamente que só vai cagar na casa do Ped-erinho (o guri tem um pequeno problema de dicção). Não entendo porque ele está com a mochilinha nas costas, o que será que ele vai levar pro banheiro do Pedrinho? Mas o que mais me intriga é o que leva uma mãe a permitir que seu rebento seja utilizado numa campanha publicitária de mau gosto que o deixará estigmatizado por toda a vida. Imagine na escola, toda vez que o menino ergue a mão e pede pra sair da sala. Aposto que os coleguinhas devem fazer uma algazarra dizendo que ele vai fazer cocô na casa do Pedrinho. No amigo secreto, provavelmente vai ganhar um Glade Toque de Frescor, pra poder fazer o serviço em casa mesmo. Daqui a alguns anos, ele pode ser reconhecido pelas pessoas... “Ei, você não é o menino que queria fazer cocô na casa do Pedrinho?” Pense num trauma. Nunca mais o intestino vai funcionar direito! E nunca o moleque vai conseguir comer uma mulher! Isso sem contar o impacto negativo que o comercial criou na vida dos Pedrinhos em geral. Claro que isso tudo não é do meu interesse. O problema é que a maldita propaganda passa 25 vezes por intervalo comercial, e a voz do garoto repetindo pela zilionésima vez a sua preferência pelo banheiro do Pedrinho me irrita profundamente! Vai logo cagar, moleque!

Galo de briga. Não sei se o problema é ter sobrado muito de australopitecus em alguns espécimes de Homo sapiens. Não sei como Freud classificaria essa necessidade de se engalfinhar em público com outros homens pelas razões mais estúpidas. O fato é que a evolução humana, a habilidade de produzir sinapses e por meio delas escolher o momento em que o instinto deve ser controlado é o que supostamente nos separa do restante dos animais. Eu acredito que existem raras situações que justificam que se perca a compostura. Na maior parte das vezes que se vê um imbecil brigando num bar, entretanto, não existe razão alguma. Um cara esbarrou sem querer no pit bull, ele avança. Alguém olhou pra mulher dele, ele morde. O idiota vê dois desconhecidos brigando, nem imagina o motivo, mas se mete só pelo prazer de distribuir uns sopapos e eventualmente sair com o nariz sangrando. Se for uma questão de prazer, de liberar endorfinas, por que não luta por esporte? Muito mais coerente pagar uma mensalidade e treinar com outros cidadãos que estão na academia pelo mesmo motivo! Será que um pouco de civilidade é uma exigência grande demais?

Obsessão por carros. Acho normal um cara ter uma preocupação extra com seu carro, gastar dinheiro com isso, cuidar, ajeitar e tal. Ninguém vai me chamar de maluca se eu quiser decorar minha casa com objetos não essenciais, mas que me agradem esteticamente. Porém, como tudo na vida, é preciso ter noção de limite. O que dizer de um homem que precisa sair com o carro da mãe e deixar o dele na garagem, porque o seu automóvel, que vale R$ 15.000,00, tem mais de R$ 10.000 em acessórios, e ele tem medo de ser roubado? Ou porque o seu carro está tão rebaixado que não passa numa lombada, e se um guardinha do Diretran pegá-lo, já era? Qual é a lógica de investir toda a sua grana num carro que não pode sair da garagem? E o pior: como o néscio não percebe que eu estou bocejando ao ouvir durante 45 minutos a descrição de cada um dos brinquedinhos que impede seu automóvel de ser móvel? Queria ver se eu passasse horas falando que aquele tom de esmalte só foi possível porque minha manicure passou uma demão de “Atração Fatal” e outra de “Gabriela”; relatando que não resisti à oferta incrível no shopping e acabei comprando dois escarpins do mesmo modelo, em cores diferentes; contando quantas vezes eu já vi cada episódio de Friends; dizendo como eu e minhas amigas nos identificamos com cada cena de Sex and the City; explicando como o pompoarismo mudou minha vida... Ops, esse último tópico provavelmente o fizesse acordar depois do resto do papo. A questão é: tanto homens quanto mulheres têm direito a seus pequenos prazeres assumidamente fúteis, mas podemos, pelamordedeus, conversar sobre assuntos que interessem a ambos? Muito obrigada.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Coisas que me irritam (2ª parte)

Eu me irrito com tanta coisa que chega a ser irritante. Vou ter que dividir o texto mais uma vez, porque acabei acrescentando alguns itens à 2ª parte, que ficou insuportavelmente grande. Vamos lá.

Textos de auto-ajuda. É fácil identificá-los. Geralmente são escritos no modo imperativo: “abrace seus familiares”; “diga ‘eu te amo’ todos os dias”; “pratique exercícios”... “Faça isso”, “leia aquilo”, “baixe a guarda”, “levante a cabeça”, “fuja da rotina”, “encare os desafios”, “esqueça o passado”... Texto pobre do cacete. O cara ficou super emocionado ao ver o vídeo narrado pelo Bial, “use filtro solar”, e pensou: “acho que eu também posso inspirar as pessoas a serem felizes”. E o pior de tudo é que esses palpiteiros que gostam de redigir lições de moral e mensagens “inspiracionais” costumam ser grandes fracassados reclamões! O cara só se fode, ninguém bota fé no trabalho dele, já levou tanto pé na bunda que quase não tem mais nádegas, leva uma vidinha medíocre que oscila entre momentos de depressão profunda e instantes de rasa satisfação, alcançada exclusivamente porque o fulano tem as expectativas mais baixas do mundo. Dá uma vontade de sugerir: “Ei, cara, por que você não se auto-ajuda em vez de querer dizer aos outros como devem viver? Parar de escrever essa merda já é um bom começo!”.

Seinfeld. Não entendo quem gosta. Não vejo graça nenhuma, e olha que eu acho graça até de Frasier e suas piadinhas psicanalíticas. Pra piorar, é um seriado que só tem gente feia. Mais uma vez: e olha que eu gosto de Frasier!

Baba na minha orelha. Uma mordidinha no lóbulo, uma lambida contida? Legal. Explorar meu cérebro com a língua? Péssimo. Verter saliva na minha cavidade auricular? Pedir pra morrer.

Cosméticos de chocolate. Muitas perguntas: quem teve essa idéia? E quem acredita nos efeitos prometidos por um “Seda Chocolate”? E quem suporta aquele cheiro enjoativo na cabeça? Qual será o próximo lançamento da indústria cosmética? Condicionador de chantilly? Devo pôr uma cereja na testa?
Falta de noção. Dispensa explicações (quem tem noção, sabe como é, quem não tem, não entende jamais).
Embalagens difíceis de abrir. De que me adianta o produto ser bom se é inacessível? Ah, que fúria assassina me toma quando aquela fitinha vermelha não funciona! E quando está escrito “abra aqui” mas não tem nenhum picote no local indicado? Só pode ser pegadinha! Cadê as câmeras??? Piada de mau gosto! “Abra aqui... Se for capaz... Muahahaha...” Sempre penso em reclamar ao Serviço de Atendimento ao Cliente, mas claro que a batalha com a embalagem maldita acaba virando uma questão de honra... Quando vejo já destrocei o pacote usando unhas, dentes, facas, tesouras. É uma vitória amarga.

Gente que compra briga, mas não agüenta. Eu tenho consciência de que muitas vezes me coloco na defensiva e que minhas reações podem ser desproporcionais (você me dá um peteleco na orelha e eu arranco sua cabeça com a minha katana). Mesmo consciente disso, não deixo de me irritar com pessoas que me agridem gratuitamente, e depois se sentem mortalmente ofendidas quando eu me defendo. Se o cara é sensível demais pra suportar uma eventual reação, porque não mede antes suas ações? É o clássico “se não agüenta, por que veio?”. Vai chorar, bundão? Então não mexe comigo!

quinta-feira, outubro 25, 2007

Coisas que me irritam (1ª parte)

Comecei a fazer uma lista de coisas que me irritam, e finalmente entendi porque eu sofro de dispepsia funcional (popularmente conhecida como gastrite nervosa) desde a adolescência. Como a lista ficou muito gigantesca, publico o texto em duas partes.

Gente que cutuca. Essa é certamente a mais irritante entre todas as atitudes irritantes que existem. A top das tops. “Odeio que me cutuquem” foi a primeira comunidade em que entrei no orkut. Foi com imensa alegria, um sentimento de integração único, que descobri tantas outras pessoas pelo mundo afora que sofrem da mesma aversão aos dedinhos afoitos que investem contra ombros, costas, cinturas alheias, consistindo no mais abominável dos meios de se obter a atenção de alguém. Esse comportamento estúpido me desperta algumas questões: por que simplesmente não chamam meu nome? Um leve toque no braço, com a palma da mão, já não resolveria? Por que não pega esse dedo e enfia no meio do seu *?

Pessoas efusivas. “Oiiiiiiiiiiiiiiiiii, tudo bem, lindaaaa? Que saudadeeee!!! Que bom que você veio! Emagreceu, hein? Nossa, e esse cabelão, como cresceu!”. Ehmmm... Eu te conheço?

Tchu tchu. Quem já teve a oportunidade de presenciar essa estranha manifestação geralmente protagonizada por indivíduos alcoolizados – como se isso servisse de desculpa – em ambientes como festas, baladas, bailes de formatura ou casamento, deve saber que ela (a manifestação) jamais deveria ultrapassar os limites de uma festa de quinze anos. Não sabe como funciona? É assim: diversos retardados escolhem um débil-mental, formam um círculo em torno dele e entoam uma canção ridícula que culmina na repetição patética do tal “tchu tchu”, ilustrada por uma coreografia que consiste em pequenos saltos para a frente seguidos de intensa inclinação pélvica em direção ao débil-mental central. Certa vez perdi o tesão por um cara ao ver que ele fazia parte da comunidade “eu faço/já fiz tchu tchu”... Imaginem o tamanho da decepção quando, no aniversário de outro rapaz por quem nutria certo interesse, tive a infelicidade de observá-lo ao vivo participando de tal expressão da deselegância humana? Preciso dizer que nunca mais quis vê-lo?

Cabelo cremoso. Acho legal a pessoa gostar dos seus cachos, não ceder (como eu) aos avanços tecnológicos que podem tornar as madeixas de qualquer mulher lisas. "Meu cabelo é assim e pronto". Quem sabe um dia eu chego lá? Mas que nojo eu tenho daqueles cabelos entupidos de creme leave-in. A pessoa encosta em você e aquela coisa pegajosa deixa um rastro por onde passa. Ui... Eu entendo a dificuldade de domar a juba (já passei por isso) mas não acho que se transformar numa lesma seja a solução.

Epidemia de DJ. Onde é que eu tomo vacina? A cada dia que passa, mais gente que eu conheço vira DJ (tradução: mais pessoas aprendem a usar os botões “play”, “stop”, “fast forward” e “rewind”). Não obstante o fato de eu detestar música eletrônica, todo dia recebo um convite pra uma festa na chácara do tio de alguém, com o line-up: “DJ Marcinho, DJ Polaco, DJ Kiko, DJ Lina, DJ Negão, DJ Dedé, DJ Marcão, DJ Lalá, DJ Marcelinha...” Todo mundo é DJ.

Os verbos “arrasar” e “causar” usados por determinadas pessoas. Sinto verdadeiro asco ao ouvir coisas como: “vai lá e arraaaaasa!” ou “só saio de casa se for pra causar!” Causar o quê? Náuseas?

Shhhhh. Aborreço-me de forma indescritível quando alguém, buscando silenciar os presentes, emite esse som infeliz. Shhhh... Que porra é essa? Talvez funcione com gato, cachorro, boi, sei lá. Quando estava ainda na faculdade, sentia-me fortemente impelida a arremessar uma cadeira sobre quem pretendia acabar com a balbúrdia imitando uma bóia a esvaziar. Sempre me pareceu mais coerente apelar para o bom senso das pessoas (que às vezes, surpreendentemente, existe), dizendo algo como: “pessoal, por favor, vamos diminuir o barulho, está impossível acompanhar a aula!”. É que eu diria, se eu me importasse. Mas o tal “shhhh” além de não ser muito eficiente, é insuportavelmente enfadonho.

Dormir de meia. Ui, dá uma agonia.

Arquivos em "pps". Eu simplesmente deleto sem abrir o anexo. O formato em si já é irritante – o troço ocupa toda a tela do seu monitor, as letrinhas vão surgindo aos poucos, todo mundo do escritório saca que você está lendo uma porcaria inútil em vez de trabalhar, e um texto que podia ser lido em 30 segundos acaba demorando vários minutos – e também não contribui em nada o fato de o conteúdo geralmente ser de mensagens estereotipadas de incentivo e motivação, acompanhadas de canções melosas e/ou instrumentais, com aquelas mesmas imagens batidas de fundo: uma rosa, um pôr-do-sol, um bebê afundado em bolinhas coloridas. Tem gente que envia tantas dessas mensagens repugnantes que eu imagino quanto tempo devem levar para ler todas, emocionar-se e tomar a decisão de encaminhar pra toda a lista de contatos. Esse povo não faz mais nada da vida, certamente. I hate com todas as minhas forças.

terça-feira, outubro 16, 2007

Soninho...

Ai, zentsi, hoje estou assim... MORRENDO, sabe como? Não pode ser normal um sono desses. Devo ter sido atacada por uma mosquinha tsé-tsé. Enquanto eu dormia, claro.


O meu sono incontrolável já me colocou em situações mui desagradáveis. Na infância até que era tranqüilo. Mas desde a adolescência, acordar cedo se tornou uma verdadeira tortura pra mim.


Diariamente, eu ia me arrastando pro colégio, sempre chegava atrasada e dormia na carteira durante as duas primeiras aulas. Depois disso vinha o intervalo, quando eu comia um pão de batata recheado com catupiry e bebia um copo de mate Leão. Aí eu voltava para a sala super bem disposta para conversar e trocar bilhetes com minhas amigas até a manhã terminar, ou até o professor me mandar pra fora, o que acontecesse antes.


Lembro-me de uma vez em que estava fazendo uma prova de matemática, no segundo ano do ensino médio. Cada vez que eu tentava resolver aquela porcaria de matriz, acabava caindo no sono. Acordava com o lápis na mão, com aquele riscão atravessando a folha de prova de ponta a ponta.


Num dado momento, desisti. Deitei a cabeça na carteira e dormi gostoso. A professora me acordou e perguntou se eu tinha terminado a prova, respondi que sim e fui pra casa dormir. O problema é que eu só tinha resolvido a primeira questão, e tirei 2. Foi um pouco difícil recuperar essa nota, mas no fim deu tudo certo.


Claro que talvez isso não tivesse acontecido se naquela época eu não fosse tão maloqueira. Explico: na noite anterior eu havia saído com minhas amigas do grupo de teatro. Como éramos todas pobretonas sem carro – eu, no caso, uma adolescente de 16 anos cujas atividades se resumiam a estudar de manhã, dormir depois do almoço até começar Malhação, e fazer curso de teatro duas vezes por semana – costumávamos fazer uma vaquinha pra comprar um garrafão de 5 litros de vinho na lanchonete suja de um chinês. Pedíamos que o china nos desse uns copos de plástico, sentávamos na escadaria da Igreja do Largo da Ordem e lá ficávamos nos embriagando e rindo de bobagens.


Depois a gente ia a pé até a Rua 24 horas, comer pizza de muzzarela cortada em quadradinhos e esperar até umas 6h da manhã, quando os ônibus começavam a circular regularmente. Assim, naquele dia, cheguei em casa às 6h30min, tomei banho, vesti o uniforme do colégio e fui fazer a tal prova.


Não sei porque eu resolvi contar isso... Que vergonha!


Já na faculdade, eu estudava à noite. Massss, como eu trabalhava o dia todo, e dormir no trabalho é muito mais complicado (embora não menos tentador), a aula era meu momento do soninho. A maior parte dos professores não se incomodava. Só tinha um que levava um galo, daqueles de geladeira, e uma vez fez o bicho cantar na minha orelha no meio da aula. Nunca mais dormi na aula dele, mas era um sufoco ficar acordada.


Uma vez minha amiga me acordou porque eu estava respirando alto (roncando não!!!) e todo mundo estava reparando...


Às vezes eu dormia antes mesmo de a aula começar, quando todo mundo ainda estava conversando em volta. Impressionante que eu durmo no meio de qualquer algazarra, embora acorde com qualquer barulhinho. E não suporto os passarinhos malditos que cantam na frente da minha janela a noite toda.


Nunca consegui estudar pra uma prova em casa. Especialmente depois de entrar na faculdade. Não existe nada mais sonífero que livros de Direito.


Não é só durante aulas que o irresistível soninho me ataca, mas em qualquer situação monótona em que uma pessoa fala sozinha por mais de 15 minutos. Congressos foram as sonecas mais caras que tirei durante a faculdade. Palestras são um convite a me atirar nos braços de Morfeu. Reuniões no escritório me apavoram... Deus do céu, não posso dormir com meu chefe traçando estratégias e planos de ação bem na minha frente! Penso em outras coisas, rezo, faço promessa, imploro às minhas pálpebras que resistam bravamente... É um sofrimento atroz.


E quando fui fazer a prova da OAB? Já sabia que o drama de muitos bacharéis era, além da dificuldade das questões em si, administrar o pouco tempo pra resolver tanta coisa. Muito provavelmente a maior parte dos aspirantes a advogados não estava nem um pouco preocupada com a possibilidade de cochilar durante a prova, que é realizada no domingo à tarde, num clima de absoluta tensão.


Mas eu me conheço... Depois de ler umas 30 questões... Tcharam... Lá estava eu com a cabeça pendendo sobre a prova que definiria minha vida profissional. O jeito foi começar a comer o lanchinho que eu levei, já que não consigo dormir enquanto como. Só não podia mais parar de comer, porque comer dá sono. Então lá se foram umas 3 barrinhas de cereais, um pacote de maçãs desidratadas, dois chocolates, uma garrafa de água e uma de suco, bolachinhas... E passei.


Café, coca-cola, chá preto, energéticos à base de taurina... Ainda não conheci uma substância lícita que dê cabo do meu sono.


Já passei do meu ponto umas 5 vezes porque dormi no ônibus. Uma época, quando eu voltava sempre de ônibus da faculdade, já tinha até feito amizade com o cobrador e o motorista. Uma noite eu estava sonhando com alguma coisa, quando uma voz interferiu na trama do meu sonho. A voz dizia: “moça... moça... ô moça”. Era o cobrador me acordando, o motorista já havia parado o veículo na esquina em que eu descia e estava esperando eu despertar.


Na praia, já perdi as contas de quantas vezes eu capotei na areia e acordei com aquele belo torrão apenas num lado do corpo. Depois que o vermelhão passa, fico preta de um lado e branca do outro, feito um doce dois-amores. Coisa linda de se ver.


E teve também uma vez em que estava caindo de sono no escritório, cheia de trabalho pra fazer, e resolvi parar um pouco e escrever um texto pra tentar me distrair. Ah, isso foi hoje.


Costumava pensar que essa fosse uma característica minha até um tanto engraçada, mas enquanto escrevia esse texto resolvi dar uma pesquisada na Wikipedia, e fiquei um pouco preocupada:


“Narcolepsia é uma condição neurológica caracterizada por episódios irresistíveis de sono e em geral distúrbio do sono. É um tipo de dissonia.

O sintoma mais expressivo é a sonolência diurna excessiva, que deixa o paciente em perigo durante a realização de tarefas comuns, como dirigir, operar certos tipos de máquinas e outras ações que exigem concentração. Isso faz com que a pessoa passe a apresentar dificuldades no trabalho, na escola e, até mesmo, em casa.

Na maioria dos casos, o problema é seguido de incompreensão familiar, de amigos e patrões. A sonolência, geralmente, é confundida com uma situação normal, o que leva a uma dificuldade de diagnóstico. É comum portadores da narcolepsia passarem a vida inteira sem se darem conta que o seu quadro é motivado por uma doença, sendo tachados por todo esse tempo de preguiçosos e dorminhocos. No entanto, se o narcoléptico procurar ajuda especializada, vai descobrir que é vítima de um mal crônico, cujo tratamento é feito por meio de estimulantes e que pode se prolongar por toda a vida.

As manifestações da narcolepsia, principiando pela sonolência diurna excessiva, começam geralmente na adolescência, quando piora, leva à procura médica à medida que os sintomas se agravam. A narcolepsia é um dos distúrbios do sono que pode trazer conseqüências individuais, sociais e econômicas graves.”


Viram só? A vida toda tachada de dorminhoca e preguiçosa... Talvez eu não passe de uma narcoléptica incompreendida.


Beijos e bocejos pra vocês.

sexta-feira, outubro 05, 2007

SETE COISAS SOBRE MIM

Olha só, fiquei morrendo de vergonha porque a Carol me escolheu pra responder esse negócio, e todos os outros selecionados já responderam, só eu fiquei sem update no blog dela porque sou relapsa e antipática.
Enfim, vou tentar me redimir agora, cerca de 83 anos depois!
Então o babado é o seguinte:

AS SETE COISAS SOBRE MIM

Mas só sete? São tantas e tantas virtudes numa personalidade plena de estilo e modéstia, permeada por raros defeitos, sendo que até eles (os defeitos) têm seu charme! Tentarei escolher características marcantes e não muito comprometedoras... Vamos lá.

  1. Eu não divido comida

A primeira coisa que qualquer criatura tem que saber sobre mim é que eu, assim como o Joey Tribbiani, não divido comida! Joey doesn’t share food, lembram? “The one with the birth mother”, episódio clássico!!!
Se alguém me pedir uma mordida do que quer que eu esteja comendo, é possível que eu acabe mordendo a pessoa.
Pior ainda é pedir um naco de algum tipo de alimento servido em pequenas porções. Vale também para bebidas. Exemplos: não se pede uma mordida de Sonho de Valsa, porque Sonho de Valsa, por definição, já é só uma mordida! Não se pede um gole de Yakult, porque se eu der um gole, sobra praticamente só o frasco.
Sabe aquelas pessoas que pedem só uma salada, e ficam furtando as batatas fritas alheias? Eu sinto uma certa vontade de cravar o garfo em seus dedos! Sério, isso não se faz!

  1. Eu não consigo controlar meu sarcasmo, mas no fundo sou uma boa pessoa

Conviver comigo deve ser extremamente difícil para seres privados de capacidade de compreensão da ironia. Quem não saca meu humor me considera grosseira, amarga, insensível, impiedosa.
Na realidade eu tenho mesmo uma maldadezinha inerente, às vezes quase tento me livrar dela. Um desejo incontrolável de rir quando alguém leva um tombo, de fazer uma piadinha quando alguém expõe um ponto fraco sem querer, uma vontade forte de estrangular gente estúpida, que faz perguntas cujas respostas são evidentes...
Mas isso não quer dizer que eu não tenha sentimentos, e quem me conhece de verdade sabe que eu sou uma boa menina. Eu juro. Se a minha primeira característica citada era de Joey, esse é meu lado Chandler (o predominante, admito). Mas é aquela coisa de auto-defesa, sabe? Assim como o Chandler, que tem aqueles traumas de infância e tal... Só que o meu pai não é travesti em Las Vegas. Certamente, se fosse, meus traumas de infância seriam mais divertidos.

  1. Eu amo dormir

Difícil pra mim é decidir o que é melhor: comer ou dormir. Há quem diga que comer dá sono e dormir dá fome, mas eu não costumo acordar faminta. Enfim, isso não vem ao caso.
Acho que só acordaria cedo se minha vida dependesse disso. Ainda assim eu apertaria o botão soneca umas três vezes e antes de apertar a quarta eu pensaria se continuar vivendo com tamanho sono realmente vale a pena.
Importante ressaltar que, se for final de semana, eu considero 11 horas da manhã extremamente cedo, e detesto receber telefonemas que me acordem às 10 da madrugada!
Adoro poder acordar só quando não agüento mais dormir, e ainda assim ficar na cama um tempo só pra checar se o sono não volta...

  1. Eu sou maníaca por seriados

Não consigo entender como tem gente que não gosta! Pra mim não existe coisa melhor na televisão. As histórias me divertem, me emocionam, me empolgam... Sou capaz de passar horas vendo (ou revendo) episódios das minhas séries favoritas, especialmente Friends (caso alguém ainda não tenha percebido, hehehe).

Acho que uma pessoa que não goste de Friends não pode ser normal.

E temporadas em DVD (original, por favor) são um excelente presente pra mim, sabe? Pode me consultar pra saber quais eu já tenho... hehehe

  1. Eu consigo comer muito mais do que você imagina

Já cansei de ver garçons assustados com a quantidade de comida que eu ingiro num jantar. Especialmente em rodízios. Seja de carne, de massas, de pizzas ou de comida japonesa (I luv).
Detesto desperdiçar alimentos, nunca deixo comida no prato. Vejam bem que, de sete características minhas, duas são sobre comida... Isso deve dizer algo sobre mim.
Tenho horror de gente que tem frescura com comida, especialmente se for homem! Você nunca vai me ver rejeitar um prato que eu não tenha sequer experimentado antes de dizer que é ruim. A não ser, talvez, que me sirvam um prato de besouros africanos. Talvez...
Não deve ser à toa que mamãe sempre me chamou de draga...

  1. Eu ouço música o tempo todo

A vida sem trilha sonora é insuportável! Adoro música no carro, em casa, no computador. Até no trabalho tive que arranjar caixinhas de som e encher meu HD de mp3, hehehe... Acumulo as funções de advogada e DJ do calabouço (é o nome da minha sala). Separo músicas por categorias quase emocionais: música pra chorar, pra cultivar melancolia (acho lindo), música pra pensar na vida, música pra amar, música pra fazer sexo, música pra caminhar, música pros meus dias de revolta, música pra ser feliz...
Hoje, a propósito, meu humor está rock'n'roll.

  1. Eu amo dançar!

Música lembra dança, que é outra coisa que eu amo. Faço aulas de dança de salão e de dança do ventre, e não há uma festa em que role pagode, samba, hip hop, funk, sertanejo ou o que for em que eu não me destaque dançando na pista.
Ou na mesa, palco, cadeira, banco, balcão, lareira, pufe, ou qualquer tipo de móvel onde eu consiga ainda mais destaque... É um problema que eu tenho... Já tentei me tratar, mas é muito mais forte que eu.
Ah, e é claro que eu compartilho da opinião da maioria das mulheres, segundo a qual homens que dançam bem, mandam bem... Claro que a teoria é relativa, até porque o conceito de “mandar bem” também é relativo. Mas dançando geralmente dá pra ter uma noção da coordenação motora, da pegada, do ritmo... Chega desse assunto.
É isso, crianças. Sete das minhas incontáveis características. As sete primeiras que consegui lembrar! Não vou passar adiante esse negócio, porque se fosse pra colocar aqui uma 8ª coisa sobre mim, seria que eu detesto correntes e afins... hehehe
Beijos!


Na caixa:

" When I'm sad, she comes to me
with a thousand smiles
She gives to me free..."
(Jimi Hendrix - Little Wing)

quinta-feira, outubro 04, 2007

Calma, calma, já vai passar.

Ah, quer saber mesmo? Não, eu não estou bem. Não sei dizer bem o que é. Encosto, mau olhado, inveja, olho gordo? É bem possível. Tanto tempo que eu passei quebrando a cara e, de repente, coisas boas começam a acontecer na minha vida... Era de se esperar que o inesperado sucesso desequilibrasse o universo.

Não quero me permitir desmoronar, já sei onde vou buscar o que preciso pra me fortalecer. Restabelecer o equilíbrio. Só que agora, nesse exato momento, eu queria mesmo era me entregar à autocomiseração, chorar até desidratar, explicar pra minha chefe que não estou em condições de peticionar, ligar pro gatinho e dizer que quero colo... Confessar que é tudo mentira quando eu digo que não tenho sentimentos.

Mas eu continuo me esforçando pra cobrir meu coraçãozinho frágil com uma armadura de aço porque, ah, eu não quero me apaixonar! Não quero mais ofertar tudo que eu tenho de melhor pra um imbecil qualquer abalar minhas estruturas com um sorriso lindo a ocultar a habitual hipocrisia.

O problema dessa necessidade de isolamento que estou sentindo é que sobra tempo demais pra pensar. Ideal seria uma boa festa, dançar a noite inteira, o som num volume que impeça o raciocínio... E depois dormir de conchinha quase o dia inteiro.

Lágrimas sobre os documentos, tento focar nos Embargos de Declaração antes que alguém perceba.
OK. De volta ao trabalho.

Na caixa:
"I'm still here,
But it hasn't been easy,
I'm sure that you had your reasons,
I'm scared for this emotion,
For years I've been holding it down,

And I
Love to forgive and forget,
So I
Try to put all this behind us,
Just
Know that my arms are wide open,
The older I get, the more that I know...

Well, it's time to let this go".
(This Boy - James Morrison)

quarta-feira, setembro 12, 2007

Felicidade? É você?

Foi um momento. Um momento só de atenção. Uma estranha sensação invadiu os espaços vazios do meu coração, e por alguns instantes deixei de sentir medo, mágoa, raiva ou dor. Tomada de surpresa, compreendi: era a felicidade, em sua plenitude, fazendo-me uma breve visita, somente pra que eu acreditasse, enfim, na sua existência.

Por alguma razão, cruzou minha memória a lembrança daquela fórmula pronta de último capítulo de novela: casamento, filhos, festas, alguma mulher sempre tem que parir gêmeos, os maus são punidos, os bons são recompensados e vivem felizes para sempre. Subitamente percebi o quão frustrantes são finais felizes. Por que tudo tem que acabar logo que fica bom?

Os vilões passam todo o enredo se refestelando em suas maldades, fazendo escárnio das leis, motejando dos princípios e valores morais, e encontram punição somente num episódio final, em que a mortificação jamais parece suficiente para satisfazer o sadismo de quem esperou por tanto tempo que eles recebessem o castigo merecido.

Os cidadãos de respeito, por sua vez, desenvolvem toda a trama com suas dores, seus segredos, suas angústias, à espera de uma felicidade prometida apenas para o momento derradeiro. E quando, enfim, a tal felicidade chegar, o que é que se faz dela? O que acontece no dia seguinte ao do “final feliz”?

A Princesa cansa de cavalgar e exige que o Príncipe Encantado compre um automóvel? Os sete anões morrem de doenças provocadas pela inalação de poeira nas minas em que trabalhavam? A Bela Adormecida sofre de Síndrome do Pânico e só consegue sair do quarto sozinha depois de muita terapia e Prozac? Será que o mocinho da comédia romântica continua achando lindo o jeitinho atrapalhado da sua protagonista, ou começa a chamá-la de desajeitada insuportável enquanto pensa na secretária gostosa? Bridget Jones, mais uma vez desiludida, chega aos 230 kg e os bombeiros têm que quebrar as paredes do apartamento para remover seu cadáver da banheira, onde ficou entalado por dias antes que os vizinhos sentissem o aroma putrefato de suas carnes?

Por que será que é tão difícil acreditar na felicidade constante? Simples: porque ela não existe! Fomos todos ludibriados, levados a crer na felicidade como um prêmio que nós, gente boa, honesta e trabalhadora, devemos receber algum dia como recompensa por nossos esforços, por nosso valor. Por não termos sucumbido ao lado negro da força, por não termos desistido, surtado, largado os bets, chutado o balde, calçado definitivamente as pantufas de jaca e abandonado o tripé trabalho-família-religião pra viver como hippies promíscuos desinformados e hereges.

Mas e aí? Se esse prêmio quiçá nos for entregue, saberemos o que fazer com ele? Não obstante a imensa probabilidade de que essa tal recompensa seja um engodo sem tamanho, consideremos o que aconteceria se esse provável mito correspondesse à realidade.

Em primeiro lugar, é necessário considerar a falta de prática. A maior parte das pessoas leva toda uma vida à base de cacetadas, desilusões, decepções, momentos difíceis em que os nervos são exasperados e os limites da força e resistência humanas são testados e desrespeitosamente transpostos. As dificuldades e surpresas desagradáveis são incontáveis, permeados de poucas alegrias que estampam as fotografias.

Por que razão eu haveria de crer que, repentinamente, essas pessoas estariam habilitadas a viver de uma forma completamente avessa à que se habituaram? Imagine se desde a infância eu tivesse sido submetida a uma rotina em que tudo de lúdico fosse proibido, e só aos 48 anos de idade eu ganhasse de presente de Natal aquela bicicleta Ceci, azul, com rodinhas e cestinha. Como eu ia poder – e saber – brincar com aquilo?

É tolice pensar que a administração da felicidade não requer prática nem tampouco habilidade. Não depois de tanto tempo de incursão ao mundo do sofrimento, quando já temos muito mais facilidade em tolerar a dor do que o amor.

E é por isso que não faz sentido algum esperar pela felicidade, porque ela vem e volta tantas vezes sem que percebamos, imersos no manto da rotina. O constante contentamento, isento de capacidade de contestar, não é felicidade, é fluoxetina.

Ser feliz mesmo, acredito, é encontrar em mim um lugar de paz, um reservatório de uma substância mágica que me faz regenerar cada pedaço mutilado de coração, que me faz voltar à vida toda vez que morro no meu travesseiro, que me faz, apesar de tudo, sorrir de novo.

Não é todo o tempo, nem está pra chegar, num futuro longínquo, como um presente dos céus. Mas talvez eu possa aprender a administrar meu quinhão de felicidade. Ser feliz, talvez, seja questão de hábito. Quem sabe até eu possa fazer crescer, gerar frutos, durar... Pra sempre.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Olho gordo


Fala sério, quem foi que botou olho gordo?
Era o meu pratinho preferido...
Estou bem triste e não direi mais nada a respeito.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Como é chato ser adulta


Penso em quantas vezes os adultos me omitiram fatos tristes ou feios demais para caberem no mundo colorido em que eu vivia durante a infância.

Tantas verdades que descobri ao longo da vida...

Talvez seja por isso que me sinto tão adulta ao esconder uma verdade feia de uma criança que eu amo.

E depois choro escondida, porque gente grande não ganha colo.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Aquele do cara que perdeu porque quis jogar na categoria errada


Já não é novidade que eu sou uma seriado-maníaca. Em razão dessa minha predileção assumida por tal categoria de programas televisivos, é muito comum associar acontecimentos da minha rotina a episódios de seriados (minha amiga Ciça tem o mesmo hábito, e vivemos nos reconhecendo em cenas tragicômicas da Sony, Warner, Universal etc.).

Recentemente sofri uma grande decepção. Chega a ser surpreendente que eu ainda me decepcione com homens, porque o fato de me decepcionar significa que ainda deposito no gênero masculino algum tipo de expectativa. O que se traduz, simplesmente, em burrice da minha parte.

Desde criancinha, já me acostumei a esperar deles o que há de pior. Pai n.º 1, pai n.º 2, o primeiro que beijei, o primeiro por quem me apaixonei, o primeiro que namorei, enfim, todos os primeiros alguma coisa e todos os que vieram na seqüência, sem exceção, TODOS decepcionaram de alguma forma: magoando, desapontando, esquecendo uma data importante, prometendo e não cumprindo, traindo, mentindo, passando dias sem tomar banho, ficando desempregados por meses, não aprendendo a dirigir por falta de vontade, brigando por coisas idiotas e se recusando a discutir o que realmente interessava, agredindo com palavras cruéis, dizendo que me amavam enquanto já namoravam outra, ou, pior, casando com outra. Esse é só um pequeno excerto da enorme lista de pequenas e grandes decepções.

Eu acredito quando cientistas dizem que homens são mais inteligentes do que mulheres. Pelo menos os heterossexuais, cuja inteligência se equipara à das mulheres homossexuais. Sim, porque é muito evidente que gostar de homem é sinal de uma capacidade limitada de raciocínio.

Mulheres são mais bonitas, em suas formas físicas. É raro alguém pendurar na sala de visitas uma pintura de um homem nu, com todos aqueles pêlos, e, especialmente o órgão sexual em evidência, que é difícil escolher se fica mais feio em estado de alerta ou adormecido. Já um quadro de nu feminino pode ser sensual, porém sutil, delicado.

As mulheres também costumam ser mais cheirosas, mais bem cuidadas. Não vamos considerar as naturebas que têm bigode e não usam desodorante. Nem tampouco os homens metrossexuais. Em termos gerais, são as mulheres que fazem depilação, manicuro, pedicuro, usam cremes hidratantes, óleo de banho, cuidam das madeixas, enfim. Homem, em geral, não se incomoda se viajou no fim de semana e esqueceu a escova de dentes em casa. Compra chicletes. E ainda não conheci um que não reutilizasse meias sujas.

Além de todo o aspecto físico, mulheres são mais abnegadas, tendentes a renunciar em favor de quem amam, talvez por conta do instinto maternal. Conseguimos fazer várias coisas ao mesmo tempo, todas bem-feitas, planejando as tarefas a serem realizadas depois, e tudo isso sem deixar de pensar nas outras pessoas. E as conversas femininas são tão mais divertidas!

Droga, por que eu não me apaixono por uma mulher?

Enfim, apesar de todas as vantagens, e embora racionalmente eu compreenda que os homens são muito inferiores em termos do que oferecem num relacionamento, estúpida que sou, continuo gostando dos peludos, ingratos e insensíveis homens.

A natureza dos homens não é difícil de ser compreendida. Nós, mulheres, é que somos complexas. Nós temos fases, como a lua, mas somos também imprevisíveis como tantos fenômenos da natureza. Homens são simples. Se não tiver nenhum defeito no aparelho, qualquer modelo liga e desliga do mesmo jeito. Quando dizem que “não é nada”, é porque não é nada mesmo. E ainda que tantas vezes fantasiemos milhares de hipóteses explicativas para um silêncio de 2 minutos, na maior parte das vezes, eles não têm o que dizer mesmo. Ao contrário das mulheres, homens não sentem necessidade de preencher todos os silêncios e, quando tentam, as frases nunca são tão boas como as dos diálogos que imaginamos. Talvez eles devessem assistir a mais seriados e comédias românticas.

Enfim, quando não estou muito disposta a fantasiar e alimentar falsas esperanças de que um deles seja especial, eu consigo enxergar com clareza como eles funcionam. E, justamente por isso, estabeleço meus critérios de seleção de forma a tentar privilegiar os bons meninos e me afastar dos canalhas.

E não existe decepção maior do que descobrir, num suposto bom menino, uma tentativa frustrada (por incompetência, mas não por falta de vontade) de canalhice.

Sabe como é? Você encontra uma caixa repleta de filhotes disponíveis para “adoção”, e você não escolhe o mais bonito, nem o mais esperto, nem o que faz os melhores truques. Você escolhe aquele mais quietinho, meio gorducho, que adora um colo e que tem cara de que não vai trocar o seu colo por nenhum outro. De repente, o filho de uma cadela vai lá, mija no seu tapete, destrói seus sapatos, tenta fugir e ainda morde suas visitas. Aí você fica revoltada, pensando que, se fosse mesmo pra se ferrar, devia ter escolhido um que tivesse pedigree e matasse suas amigas de inveja.

Voltando ao assunto lá do primeiro parágrafo, na 3ª temporada de Friends, no episódio “Aquele com a manhã seguinte (The one with the morning after)”, depois que Ross e Rachel tinham decidido dar um tempo, o safado do Ross acorda ao lado de Chloe, a menina do xerox.

Quando a Rachel descobre, ela fica extremamente triste, e por mais que ainda o ame, ela diz: "Não. Eu não posso, você é uma pessoa completamente diferente pra mim agora. Sempre pensei em você como alguém que nunca, nunca fosse me magoar, nunca. (No. I can’t, you’re a totally different person to me now. I used to think of you as somebody that would never, ever hurt me, ever)”.

Salvas as devidas proporções, não estou falando de alguém que eu amo, e muito menos que eu imaginasse incapaz de me magoar. Mas é alguém que eu tinha escolhido, dentre alguns candidatos, simplesmente por ser bom menino.

Ele não é lindo (eu o acho bonito, mas além da mãe dele, não acredito que muitas mulheres compartilhem dessa opinião), é gordinho (o que, pra mim, não é problema, mas, em geral, é uma desvantagem competitiva), está longe de ser burro, mas também não é o cara mais inteligente que eu conheço.

O que ele tinha de especial era o suposto bom coração, o sorriso aparentemente sincero, era o fato de ele ser o cara que não fazia comentários podres com relação às mulheres, que sempre respeitou, sempre foi amigo, que sabia falar sobre outros assuntos além de futebol, mulher e sexo. O cara que dá pra apresentar pras suas amigas, porque não olha pra bunda delas e as trata bem. O cara que não dispensa um programa porque você o avisa que não vai rolar sexo. Enfim, um bom menino.

E, de repente, parece que me enganei. Já não consigo mais visualizar uma diferença muito grande entre ele e todos os imbecis que vieram antes dele. Já não é mais especial. Suas mensagens no meu celular, cada dia mais freqüentes, já não me fazem mais sorrir. Não gosto mais daquela música que ele diz que faz lembrar de mim, porque a letra agora faz sentido de um jeito que eu não gosto mais.

É simplesmente um cara que, competindo na categoria “bom menino”, tinha grandes chances, porque existem muito poucos bons meninos por aí. Mas, como canalha, ele se sai muito mal, porque o mercado de canalhas é extremamente vasto e oferece opções muito "melhores" do que ele. Se for pra ficar com um canalha, que pelo menos ele seja lindo, gostoso, sensacional na cama, e não prometa que vai ligar no dia seguinte. Melhor: que nem peça meu telefone! Sim, o tipo de cafa sincero, que eu sei que existe porque eu já peguei alguns deles. Mais de uma vez.

Um menino bobo com sonhos de ser cafa, que não percebe que não tem nenhum talento pra isso. Não se dá conta de que, pra adquirir a experiência e a habilidade sexual que um canalha de verdade deve ostentar em seu currículo, no ritmo dele, considerando o tempo que leva pra pegar uma mulher, presumo que vai levar uns 15 anos pra ficar razoável.

Em qualquer jogo, você tem que saber em qual categoria pode competir. Se você é junior, não se meta a desafiar profissionais.

quinta-feira, julho 26, 2007

TRÊS ANOS!!!

Em julho de 2004, já não sei mais dizer por que razão, resolvi criar um blog.

Não entendia bem como funcionava nem pra que servia (mais ou menos como quando aceitei o convite para o orkut). Pesquisei no Google, velho companheiro que me salva sempre do abismo da ignorância, e encontrei alguns tutoriais explicando passo-a-passo como eu devia proceder aquela empreitada.

A primeira tarefa era escolher o sistema que hospedaria o meu blog. Depois de algumas tentativas, escolhi o UOL, que achei o mais fácil de entender como funcionava.

Escolhi um template básico, e a questão seguinte era: o que escrever?

Meus primeiros textos foram ridículos. Basicamente, eu relatava acontecimentos rotineiros, pequenas peripécias sem maior importância, no gênero "meu querido diário".

Com o passar do tempo, o blog ganhou identidade, e os textos, geralmente escritos num tom carregado de sarcasmo e ironia que marca o meu estilo, conquistaram alguns fãs.

Tempos depois, resolvi mudar de casa, vindo de mala e cuia para o Blogger. O Cafa criou o template que usei até poucos dias, quando senti que era hora de mudar.

Ah! Um momento de grande relevância foi o da escolha do nome. Aposto que muitos dos meus fiéis leitores não sabem, ou já não lembram a razão pela qual esse espaço de exposição de idéias leva o título de "Quem no Cosmos?".

Pois bem. Antes mesmo de criar o blog, e sem saber se um dia eu seguiria uma temática específica, já tinha certeza de que, inevitavelmente, acabaria escrevendo sobre as coisas que acontecem na minha vida e me fazem ajoelhar no chão, erguer as mãos e, com os olhos voltados para o infinito, gritar: "POR QUE EU? POR QUÊ? POR QUÊ?".

Quando essas incríveis desventuras ocorrem, costumo me questionar: quem no mundo inteiro merece uma coisa dessas? E mais: quem em todo o Cosmos merece uma coisa assim?

Daí surgiu o nome do blog, da eterna questão "Quem no Cosmos?", cuja resposta é sempre a mesma: eu. Eu mereço.

Tudo funciona em perfeita harmonia de acordo com as leis universais (ação e reação, inércia, Murphy etc.), e por isso prefiro não pensar muito na razão pela qual os infortúnios perseguem uma pessoa de coração tão puro (eu, gente). Não faz sentido, faz?

Enfim, o importante é saber transformar qualquer calamidade em uma boa história, e essa é uma arte que eu domino!

Não devo me queixar, de fato. Pois se possuo substrato pra converter desgraça em graça, o combustível que me move é a alegria! Pra ser justa com o universo (como ele tem sido comigo), admito que tenho encontrado bem menos tristeza do que felicidade no meu caminho!

Hoje faz três anos que eu despretensiosamente pari esse blog. Por mais que às vezes eu sofra de crises de falta de inspiração, a verdade é que eu amo isso aqui. Escrever sempre foi minha paixão, e é ainda mais sensacional redigir um texto que será lido e, com sorte, até comentado por alguém.

Além disso, foi graças à vida na blogosfera que conheci outros tantos universos, tantos viajantes do Cosmos relatando seus dramas e suas vitórias. Gente que eu nem conheço, mas que acompanho de longe, por quem eu torço, pra quem eu desejo o bem. E também gente que eu tive a oportunidade de encontrar no mundo físico, muito além do MSN e do orkut.

É muito bom celebrar esse terceiro ano de blog. Imaginei uma festa virtual no MSN, todo mundo comemorando, na mesma caixa de diálogo, cantando parabéns e exibindo emoticons felizes...

Fulana diz:
Menina, essa festa tá muito boa, mas tenho que ir...
Oksana diz:
Ah, mas tão cedo? Que pena...
Fulana diz:
Pois é, meu irmão quer usar o PC!
Oksana diz:
Ah... Então tá, né? Valeu por ter vindo!!!
Fulana diz:
Imagina, eu que agradeço por ter me convidado! Bjoooooo
Oksana diz:
Beijoooooooo
(Fulana está offline)

Prezados leitores, agradeço a todos pela presença! Voltem sempre!

Beijoooooooooooooo

quarta-feira, julho 18, 2007

Porque eu gosto dos gordinhos

Sim, existe uma explicação, e ela tem muito mais a ver com aspectos comportamentais do que físicos.

Em primeiro lugar, é importante esclarecer que NÃO, eu não tenho nenhuma tara por obesidade mórbida, não me sinto atraída por dobras de Sharpei e nem tampouco sonho ser esmagada por um corpanzil no estilo bigorna. Ocorre que, de fato, não me incomodo com uma barriguinha moderada, um par de coxas roliças, ou uma borda extra de catupiry (aquela gordurinha na cintura, sabe?)...

O primeiro passo pra eu me interessar por um homem é que exista atração física, o que não significa, necessariamente, que ele tenha de ser bonito. Vários caras se encaixam no conceito “sexy ugly” (quem já viu o filme “Beijando Jessica Stein” sabe do que se trata, e caras como Steven Tyler, Jack Nicholson e Mick Jagger são grandes exemplos), mas não é disso que o texto se trata. De qualquer forma, eu acho que todos os gordinhos pelos quais eu já me interessei são bonitos, e essa opinião já foi muitas vezes confirmada até por amigas que preferem os sequinhos.

O que importa mesmo é que não me ligo em beleza pronta, de capa de revista. Nunca gostei de homens muito musculosos, especialmente quando passam do limite e ficam desproporcionais, com ombros e braços enormes que fazem a cabeça parecer minúscula. Especialmente quando converso com um deles e concluo que o cérebro também é minúsculo. Ainda mais quando imagino (ou constato) que toda a obsessão em manter a barriga de tanquinho provavelmente é uma forma de tentar compensar um pênis minúsculo.

De qualquer jeito, meu nível de atração por homens pelos quais eu efetivamente me apaixonei nunca foi superficial, de modo que sempre houve uma série de qualidades levadas em maior consideração do que a forma física.

Até os detalhes que me prendem a atenção, fisicamente falando, que são olhos, boca e braços, têm uma razão subjetiva para me atrair. Gosto de olhos doces, que me observem com carinho. Gosto da boca pelo jeito de sorrir e, óbvio, de beijar. E dos braços pela forma como me sinto neles.

De acordo com estudiosos do comportamento humano, mulheres excessivamente preocupadas com a própria imagem acabam se tornando superficiais, ao passo que homens acometidos pela mesma inquietação tornam-se narcisistas.

Representando a sabedoria popular, amigos meus que já foram pra cama com mulheres muito perfeitinhas dizem que elas mandam mal porque não conseguem relaxar, têm medo de suar, de bagunçar o cabelo, de ficar numa posição que de alguma forma desvalorize seus pontos fortes, de aparecer uma celulite ou uma estria contra a luz.

Já o problema do sexo com homens que se acham perfeitos acontece quando a mulher representa um papel coadjuvante na relação. Ou seja, o cara só não trepa consigo mesmo por impossibilidade concreta: duro não dobra e mole não chega. A maior parte das mulheres normais (excluídas, portanto, as masoquistas e, por conseqüência, as tolas apaixonadas por imbecis) se sente muito melhor quando tem não somente o corpo, mas também o ego acariciado por um homem que sabe fazê-la se sentir a mulher mais linda do mundo. Sim, por incrível que pareça, isso é bem mais gostoso do que uma maratona com um cara vaidoso, apaixonado por si mesmo, querendo provar que é um atleta sexual, e que mantém a luz acesa não pra poder ver a parceira, mas pra que ela possa vê-lo.

Do mesmo jeito que a Síndrome do Patinho Feio fez de mim uma mulher espetacular, porque me obriguei a desenvolver virtudes que me destacassem além do físico, homens que não têm na própria aparência a garantia de sucesso no mercado geralmente têm algo mais a oferecer, algo que acaba sendo muito mais interessante.

Se eu não acho que seja possível a combinação entre estética e inteligência? Eu sei que é. Mas todo mundo tem defeitos, e aqueles que insistem em aparentar perfeição (e fazem uso de subterfúgios diversos para ocultar dos outros o que não toleram em si mesmos) costumam ser insuportavelmente chatos. Já imaginou um homem que não permite que a namorada toque em seus cabelos por causa do gel? Cafuné proibido? Que desgraça!

Dia desses, eu estava num bar, ficando com um cara que me olha de um jeito que adoro, tem um beijo delicioso, e em cujos braços eu me sinto muito, muito bem, e avisei: “Ih, baguncei todo seu cabelo e não sei mais arrumar”, e ele respondeu, com os olhos doces e o sorriso lindo de sempre: “Não faz mal”. E nem sequer fez menção de ajeitar as madeixas, ou correr em direção a um espelho. Preferiu continuar me beijando. Eu achei lindo demais! Macho demais! Claro que também ajuda o fato de ele ter cabelo bom e não precisar de gel.

Além disso, podem me chamar de preconceituosa, mas, em minha opinião, certas características masculinas não devem ser abandonadas. Eu sei que o mundo está virado, que as coisas estão a cada dia mais estranhas, mas de repente você se apaixona por um metrossexual e, quando se dá conta, está dividindo com o moço até o esmalte de unha.

Agora repare no comportamento dos gordinhos: se não cozinham, pelo menos sabem fazer churrasco; detonam alimentos pouco ou nada saudáveis servidos em porções de boteco pra acompanhar a cervejinha, e não têm frescura com comida. Pra mim, uma das coisas mais broxantes num homem é vê-lo separar coisas no prato, “ui, cebola não, ervilha não, cenoura não”. E cara que tem problema com cores? “Não como nada que seja verde”... Ah, mas é uma moça! E a fobia de açúcar? “Oh, céus, isso não tem sabor de aspartame... Argh, será açúcar? Nããão!!!”. Contar calorias é coisa pra gorda neurótica, homem que é homem não sabe a diferença entre light e diet.

Resumindo: eu acho que os gordos são mais másculos.

Os gordinhos são, além de tudo, mais divertidos. Claro que existem exceções, mas eles costumam ser do tipo de gente que não se leva tão a sério, que sabe rir de si mesma, que não se preocupa se vai sair bem na foto. Não ficam fazendo pose. Não têm vergonha de tirar a roupa na sua frente porque engordaram 500 gramas. Você nunca se sente na obrigação de encolher a barriga na frente deles. Eles não condenam uma mulher pelo tamanho do prato dela. Quando praticam exercícios físicos, o fazem com o objetivo de ter mais saúde, não pela estética pura e simples.

É óbvio que também devem existir magrinhos machos de verdade, sem frescura, divertidos, desencanados da própria aparência, e, ainda assim, bonitos.

Mas o abraço de um gordinho é sempre muito mais gostoso.

terça-feira, julho 10, 2007

Sha-lalalala, essa não, ele não tenta não...

E vai perder a moça...

Em razão de problemas técnicos, não quero falar sobre gordinhos (muito menos sob qualquer um deles). Sinto muito, gente, a programação mudou, mas o show continua.

Hoje despertei com meu peito razoavelmente tomado de uma fúria assassina. Provavelmente porque fui obrigada a conter meus desejos. E meus insanos desejos, quando contidos, transformam-se num monstro temível.

Até o fim do dia, sei que já estarei bem, mas neste exato momento sinto-me fortemente tentada a arremessar o grampeador em direção à cabeça do estagiário aqui ao lado. Não só por causa de seus comentários sempre pertinentes, mas, especialmente, porque ele É HOMEM. Eu acho... Ou é a estagiária mais feia que eu já vi.

Praticamente todo mundo que freqüenta essa birosca de blog já deve ter percebido que eu sou do signo de Peixes, até porque está escrito ali do lado. Abre parênteses revoltadinhos: SE VOCÊ NÃO GOSTA, OU NÃO ACREDITA EM ASTROLOGIA, E ACHA QUE ISSO É MOTIVO PRA CONSIDERAR O MEU TEXTO DE HOJE UMA BOBAGEM, PEGA O SEU MOUSE, SENTA NELE E NÃO ME ENCHE O SACO. Fecha parênteses revoltadinhos.

Então, quem leu meu perfil ali no cantinho do site ao menos uma vez na vida deve ter reparado que, além do signo, tenho também o ascendente em Peixes. Isso quer dizer que não só a personalidade é de pisciana, mas o comportamento também. Não tenho como escapar dessa sina.

Mas isso está longe de significar monotonia. Ora, vejamos. O símbolo do signo de Peixes são dois peixinhos (oh, quem diria?), um que vai pra cima e outro pra baixo. Em algumas representações os dois safados parecem estar fazendo um 69, é verdade. Entretanto, os astrólogos afirmam que o símbolo se refere à dualidade do signo de Peixes.

A Astróloga Jomara Araújo afirma que o signo é representado por dois peixes “que tentam nadar em direções opostas, apesar de presos por um cordão de ouro”, e que esse símbolo “propõe a mais característica das questões piscianas, a dualidade”.

Essa dualidade é a fonte dos problemas do pisciano. O símbolo apresenta um peixinho afundando no lodo, e o outro subindo para as alturas. É “o dilema pisciano da luta entre o individual e o cósmico”, diz Jomara.

Bem, quanto a mim, pisciana com ascendente em Peixes, devo ser representada por 4 peixinhos, um nadando em direção à luz, outro chafurdando na lama, outro indo pra esquerda encontrar a peixarada, outro pra direita procurando o peixe-príncipe encantado...

Visando facilitar a compreensão do que se passa comigo às vezes, vou simular o diálogo entre apenas duas das minhas personalidades conflitantes:

Peixe A: Mal-humorada hoje, é? Que foi que o Peixe-Gato aprontou?

Peixe B: Só porque eu não acordei feliz hoje você já vem achando que o problema é com macho. Pô, se liga, tenho outros problemas.

Peixe A: Aham, aham. Contaê. Que que foi?

Peixe B: Ah, sinceramente? Quero mais é que ele tome no olho da barbatana anal dele. Cansei! Não caga nem desocupa a alga! Eu é que não vou ficar aqui bancando a Sereia Adormecida! Tem um cardume inteiro interessado em mim e eu devo continuar aqui com essa cara de peixe morto?

Peixe A: Ih, já vi que hoje o mar não tá pra peixe...

Peixe B: Fica quieta, engraçadona, olha o Tubarão vindo aí, vou jogar um charme.

Peixe A: TÁ MALUCA??? O Tu só quer te comer!!!

Peixe B: Alguém nesse oceano tinha que querer, né? E pelo menos ele sabe o que quer!

Peixe A: Calma, calma, relaxa... Você não tá raciocinando direito...

Peixe B: Olha aqui, Dóri, você não me azucrina, não! Eu estou nas mais perfeitas faculdades mentais! Acontece que esse peixinho infeliz é mais liso que bagre ensaboado! Quando eu penso em sumir, ele vem nadando atrás. Aí quando eu fico doce, ele escapa, amedrontado como se eu fosse um anzol. Já tô sem paciência pra esse joguinho.

Peixe A: Mas... Mas você não gosta dele?

Peixe B: Claro que gosto! Mas isso não é razão pra ele ficar pensando que eu quero que ele seja o pai dos meus peixinhos! Verdade que gosto mais dele que dos outros... Já até dispensei a companhia do jovem Peixe-Espada, do Baiacu apaixonado e do Cachalote malandrão por causa do meu Peixe-Gato. E o que acontece? O mané fica se achando a última gota de shoyu do meu sashimi! Será tão difícil entender que eu nem sequer tenho braços pra poder prendê-lo? Será que não deu pra sacar que eu queria só um poquito de diversão? Hunf... Mas se ele não sente a minha falta ou prefere se divertir com qualquer Piranha por aí, não quero mais nem saber desse Traíra.

Peixe A: É... Acho que você tem razão... E, pensando bem, eu não ia mesmo alcançar a iluminação espiritual num dia só.

Peixe B: Quer dizer que...

Peixe A: Aham!!! Isso mesmo, parceira! TÔ INDO PRA LAMA COM VOCÊ! UHUUUUUUU!!! Peixitos, aí vou eu!

Peixe B: AEEEEEEEE!!!

É, de algum jeito a harmonia volta a reinar nos domínios de Poseidon. Ainda que seja no lodo.