quinta-feira, julho 26, 2007

TRÊS ANOS!!!

Em julho de 2004, já não sei mais dizer por que razão, resolvi criar um blog.

Não entendia bem como funcionava nem pra que servia (mais ou menos como quando aceitei o convite para o orkut). Pesquisei no Google, velho companheiro que me salva sempre do abismo da ignorância, e encontrei alguns tutoriais explicando passo-a-passo como eu devia proceder aquela empreitada.

A primeira tarefa era escolher o sistema que hospedaria o meu blog. Depois de algumas tentativas, escolhi o UOL, que achei o mais fácil de entender como funcionava.

Escolhi um template básico, e a questão seguinte era: o que escrever?

Meus primeiros textos foram ridículos. Basicamente, eu relatava acontecimentos rotineiros, pequenas peripécias sem maior importância, no gênero "meu querido diário".

Com o passar do tempo, o blog ganhou identidade, e os textos, geralmente escritos num tom carregado de sarcasmo e ironia que marca o meu estilo, conquistaram alguns fãs.

Tempos depois, resolvi mudar de casa, vindo de mala e cuia para o Blogger. O Cafa criou o template que usei até poucos dias, quando senti que era hora de mudar.

Ah! Um momento de grande relevância foi o da escolha do nome. Aposto que muitos dos meus fiéis leitores não sabem, ou já não lembram a razão pela qual esse espaço de exposição de idéias leva o título de "Quem no Cosmos?".

Pois bem. Antes mesmo de criar o blog, e sem saber se um dia eu seguiria uma temática específica, já tinha certeza de que, inevitavelmente, acabaria escrevendo sobre as coisas que acontecem na minha vida e me fazem ajoelhar no chão, erguer as mãos e, com os olhos voltados para o infinito, gritar: "POR QUE EU? POR QUÊ? POR QUÊ?".

Quando essas incríveis desventuras ocorrem, costumo me questionar: quem no mundo inteiro merece uma coisa dessas? E mais: quem em todo o Cosmos merece uma coisa assim?

Daí surgiu o nome do blog, da eterna questão "Quem no Cosmos?", cuja resposta é sempre a mesma: eu. Eu mereço.

Tudo funciona em perfeita harmonia de acordo com as leis universais (ação e reação, inércia, Murphy etc.), e por isso prefiro não pensar muito na razão pela qual os infortúnios perseguem uma pessoa de coração tão puro (eu, gente). Não faz sentido, faz?

Enfim, o importante é saber transformar qualquer calamidade em uma boa história, e essa é uma arte que eu domino!

Não devo me queixar, de fato. Pois se possuo substrato pra converter desgraça em graça, o combustível que me move é a alegria! Pra ser justa com o universo (como ele tem sido comigo), admito que tenho encontrado bem menos tristeza do que felicidade no meu caminho!

Hoje faz três anos que eu despretensiosamente pari esse blog. Por mais que às vezes eu sofra de crises de falta de inspiração, a verdade é que eu amo isso aqui. Escrever sempre foi minha paixão, e é ainda mais sensacional redigir um texto que será lido e, com sorte, até comentado por alguém.

Além disso, foi graças à vida na blogosfera que conheci outros tantos universos, tantos viajantes do Cosmos relatando seus dramas e suas vitórias. Gente que eu nem conheço, mas que acompanho de longe, por quem eu torço, pra quem eu desejo o bem. E também gente que eu tive a oportunidade de encontrar no mundo físico, muito além do MSN e do orkut.

É muito bom celebrar esse terceiro ano de blog. Imaginei uma festa virtual no MSN, todo mundo comemorando, na mesma caixa de diálogo, cantando parabéns e exibindo emoticons felizes...

Fulana diz:
Menina, essa festa tá muito boa, mas tenho que ir...
Oksana diz:
Ah, mas tão cedo? Que pena...
Fulana diz:
Pois é, meu irmão quer usar o PC!
Oksana diz:
Ah... Então tá, né? Valeu por ter vindo!!!
Fulana diz:
Imagina, eu que agradeço por ter me convidado! Bjoooooo
Oksana diz:
Beijoooooooo
(Fulana está offline)

Prezados leitores, agradeço a todos pela presença! Voltem sempre!

Beijoooooooooooooo

quarta-feira, julho 18, 2007

Porque eu gosto dos gordinhos

Sim, existe uma explicação, e ela tem muito mais a ver com aspectos comportamentais do que físicos.

Em primeiro lugar, é importante esclarecer que NÃO, eu não tenho nenhuma tara por obesidade mórbida, não me sinto atraída por dobras de Sharpei e nem tampouco sonho ser esmagada por um corpanzil no estilo bigorna. Ocorre que, de fato, não me incomodo com uma barriguinha moderada, um par de coxas roliças, ou uma borda extra de catupiry (aquela gordurinha na cintura, sabe?)...

O primeiro passo pra eu me interessar por um homem é que exista atração física, o que não significa, necessariamente, que ele tenha de ser bonito. Vários caras se encaixam no conceito “sexy ugly” (quem já viu o filme “Beijando Jessica Stein” sabe do que se trata, e caras como Steven Tyler, Jack Nicholson e Mick Jagger são grandes exemplos), mas não é disso que o texto se trata. De qualquer forma, eu acho que todos os gordinhos pelos quais eu já me interessei são bonitos, e essa opinião já foi muitas vezes confirmada até por amigas que preferem os sequinhos.

O que importa mesmo é que não me ligo em beleza pronta, de capa de revista. Nunca gostei de homens muito musculosos, especialmente quando passam do limite e ficam desproporcionais, com ombros e braços enormes que fazem a cabeça parecer minúscula. Especialmente quando converso com um deles e concluo que o cérebro também é minúsculo. Ainda mais quando imagino (ou constato) que toda a obsessão em manter a barriga de tanquinho provavelmente é uma forma de tentar compensar um pênis minúsculo.

De qualquer jeito, meu nível de atração por homens pelos quais eu efetivamente me apaixonei nunca foi superficial, de modo que sempre houve uma série de qualidades levadas em maior consideração do que a forma física.

Até os detalhes que me prendem a atenção, fisicamente falando, que são olhos, boca e braços, têm uma razão subjetiva para me atrair. Gosto de olhos doces, que me observem com carinho. Gosto da boca pelo jeito de sorrir e, óbvio, de beijar. E dos braços pela forma como me sinto neles.

De acordo com estudiosos do comportamento humano, mulheres excessivamente preocupadas com a própria imagem acabam se tornando superficiais, ao passo que homens acometidos pela mesma inquietação tornam-se narcisistas.

Representando a sabedoria popular, amigos meus que já foram pra cama com mulheres muito perfeitinhas dizem que elas mandam mal porque não conseguem relaxar, têm medo de suar, de bagunçar o cabelo, de ficar numa posição que de alguma forma desvalorize seus pontos fortes, de aparecer uma celulite ou uma estria contra a luz.

Já o problema do sexo com homens que se acham perfeitos acontece quando a mulher representa um papel coadjuvante na relação. Ou seja, o cara só não trepa consigo mesmo por impossibilidade concreta: duro não dobra e mole não chega. A maior parte das mulheres normais (excluídas, portanto, as masoquistas e, por conseqüência, as tolas apaixonadas por imbecis) se sente muito melhor quando tem não somente o corpo, mas também o ego acariciado por um homem que sabe fazê-la se sentir a mulher mais linda do mundo. Sim, por incrível que pareça, isso é bem mais gostoso do que uma maratona com um cara vaidoso, apaixonado por si mesmo, querendo provar que é um atleta sexual, e que mantém a luz acesa não pra poder ver a parceira, mas pra que ela possa vê-lo.

Do mesmo jeito que a Síndrome do Patinho Feio fez de mim uma mulher espetacular, porque me obriguei a desenvolver virtudes que me destacassem além do físico, homens que não têm na própria aparência a garantia de sucesso no mercado geralmente têm algo mais a oferecer, algo que acaba sendo muito mais interessante.

Se eu não acho que seja possível a combinação entre estética e inteligência? Eu sei que é. Mas todo mundo tem defeitos, e aqueles que insistem em aparentar perfeição (e fazem uso de subterfúgios diversos para ocultar dos outros o que não toleram em si mesmos) costumam ser insuportavelmente chatos. Já imaginou um homem que não permite que a namorada toque em seus cabelos por causa do gel? Cafuné proibido? Que desgraça!

Dia desses, eu estava num bar, ficando com um cara que me olha de um jeito que adoro, tem um beijo delicioso, e em cujos braços eu me sinto muito, muito bem, e avisei: “Ih, baguncei todo seu cabelo e não sei mais arrumar”, e ele respondeu, com os olhos doces e o sorriso lindo de sempre: “Não faz mal”. E nem sequer fez menção de ajeitar as madeixas, ou correr em direção a um espelho. Preferiu continuar me beijando. Eu achei lindo demais! Macho demais! Claro que também ajuda o fato de ele ter cabelo bom e não precisar de gel.

Além disso, podem me chamar de preconceituosa, mas, em minha opinião, certas características masculinas não devem ser abandonadas. Eu sei que o mundo está virado, que as coisas estão a cada dia mais estranhas, mas de repente você se apaixona por um metrossexual e, quando se dá conta, está dividindo com o moço até o esmalte de unha.

Agora repare no comportamento dos gordinhos: se não cozinham, pelo menos sabem fazer churrasco; detonam alimentos pouco ou nada saudáveis servidos em porções de boteco pra acompanhar a cervejinha, e não têm frescura com comida. Pra mim, uma das coisas mais broxantes num homem é vê-lo separar coisas no prato, “ui, cebola não, ervilha não, cenoura não”. E cara que tem problema com cores? “Não como nada que seja verde”... Ah, mas é uma moça! E a fobia de açúcar? “Oh, céus, isso não tem sabor de aspartame... Argh, será açúcar? Nããão!!!”. Contar calorias é coisa pra gorda neurótica, homem que é homem não sabe a diferença entre light e diet.

Resumindo: eu acho que os gordos são mais másculos.

Os gordinhos são, além de tudo, mais divertidos. Claro que existem exceções, mas eles costumam ser do tipo de gente que não se leva tão a sério, que sabe rir de si mesma, que não se preocupa se vai sair bem na foto. Não ficam fazendo pose. Não têm vergonha de tirar a roupa na sua frente porque engordaram 500 gramas. Você nunca se sente na obrigação de encolher a barriga na frente deles. Eles não condenam uma mulher pelo tamanho do prato dela. Quando praticam exercícios físicos, o fazem com o objetivo de ter mais saúde, não pela estética pura e simples.

É óbvio que também devem existir magrinhos machos de verdade, sem frescura, divertidos, desencanados da própria aparência, e, ainda assim, bonitos.

Mas o abraço de um gordinho é sempre muito mais gostoso.

terça-feira, julho 10, 2007

Sha-lalalala, essa não, ele não tenta não...

E vai perder a moça...

Em razão de problemas técnicos, não quero falar sobre gordinhos (muito menos sob qualquer um deles). Sinto muito, gente, a programação mudou, mas o show continua.

Hoje despertei com meu peito razoavelmente tomado de uma fúria assassina. Provavelmente porque fui obrigada a conter meus desejos. E meus insanos desejos, quando contidos, transformam-se num monstro temível.

Até o fim do dia, sei que já estarei bem, mas neste exato momento sinto-me fortemente tentada a arremessar o grampeador em direção à cabeça do estagiário aqui ao lado. Não só por causa de seus comentários sempre pertinentes, mas, especialmente, porque ele É HOMEM. Eu acho... Ou é a estagiária mais feia que eu já vi.

Praticamente todo mundo que freqüenta essa birosca de blog já deve ter percebido que eu sou do signo de Peixes, até porque está escrito ali do lado. Abre parênteses revoltadinhos: SE VOCÊ NÃO GOSTA, OU NÃO ACREDITA EM ASTROLOGIA, E ACHA QUE ISSO É MOTIVO PRA CONSIDERAR O MEU TEXTO DE HOJE UMA BOBAGEM, PEGA O SEU MOUSE, SENTA NELE E NÃO ME ENCHE O SACO. Fecha parênteses revoltadinhos.

Então, quem leu meu perfil ali no cantinho do site ao menos uma vez na vida deve ter reparado que, além do signo, tenho também o ascendente em Peixes. Isso quer dizer que não só a personalidade é de pisciana, mas o comportamento também. Não tenho como escapar dessa sina.

Mas isso está longe de significar monotonia. Ora, vejamos. O símbolo do signo de Peixes são dois peixinhos (oh, quem diria?), um que vai pra cima e outro pra baixo. Em algumas representações os dois safados parecem estar fazendo um 69, é verdade. Entretanto, os astrólogos afirmam que o símbolo se refere à dualidade do signo de Peixes.

A Astróloga Jomara Araújo afirma que o signo é representado por dois peixes “que tentam nadar em direções opostas, apesar de presos por um cordão de ouro”, e que esse símbolo “propõe a mais característica das questões piscianas, a dualidade”.

Essa dualidade é a fonte dos problemas do pisciano. O símbolo apresenta um peixinho afundando no lodo, e o outro subindo para as alturas. É “o dilema pisciano da luta entre o individual e o cósmico”, diz Jomara.

Bem, quanto a mim, pisciana com ascendente em Peixes, devo ser representada por 4 peixinhos, um nadando em direção à luz, outro chafurdando na lama, outro indo pra esquerda encontrar a peixarada, outro pra direita procurando o peixe-príncipe encantado...

Visando facilitar a compreensão do que se passa comigo às vezes, vou simular o diálogo entre apenas duas das minhas personalidades conflitantes:

Peixe A: Mal-humorada hoje, é? Que foi que o Peixe-Gato aprontou?

Peixe B: Só porque eu não acordei feliz hoje você já vem achando que o problema é com macho. Pô, se liga, tenho outros problemas.

Peixe A: Aham, aham. Contaê. Que que foi?

Peixe B: Ah, sinceramente? Quero mais é que ele tome no olho da barbatana anal dele. Cansei! Não caga nem desocupa a alga! Eu é que não vou ficar aqui bancando a Sereia Adormecida! Tem um cardume inteiro interessado em mim e eu devo continuar aqui com essa cara de peixe morto?

Peixe A: Ih, já vi que hoje o mar não tá pra peixe...

Peixe B: Fica quieta, engraçadona, olha o Tubarão vindo aí, vou jogar um charme.

Peixe A: TÁ MALUCA??? O Tu só quer te comer!!!

Peixe B: Alguém nesse oceano tinha que querer, né? E pelo menos ele sabe o que quer!

Peixe A: Calma, calma, relaxa... Você não tá raciocinando direito...

Peixe B: Olha aqui, Dóri, você não me azucrina, não! Eu estou nas mais perfeitas faculdades mentais! Acontece que esse peixinho infeliz é mais liso que bagre ensaboado! Quando eu penso em sumir, ele vem nadando atrás. Aí quando eu fico doce, ele escapa, amedrontado como se eu fosse um anzol. Já tô sem paciência pra esse joguinho.

Peixe A: Mas... Mas você não gosta dele?

Peixe B: Claro que gosto! Mas isso não é razão pra ele ficar pensando que eu quero que ele seja o pai dos meus peixinhos! Verdade que gosto mais dele que dos outros... Já até dispensei a companhia do jovem Peixe-Espada, do Baiacu apaixonado e do Cachalote malandrão por causa do meu Peixe-Gato. E o que acontece? O mané fica se achando a última gota de shoyu do meu sashimi! Será tão difícil entender que eu nem sequer tenho braços pra poder prendê-lo? Será que não deu pra sacar que eu queria só um poquito de diversão? Hunf... Mas se ele não sente a minha falta ou prefere se divertir com qualquer Piranha por aí, não quero mais nem saber desse Traíra.

Peixe A: É... Acho que você tem razão... E, pensando bem, eu não ia mesmo alcançar a iluminação espiritual num dia só.

Peixe B: Quer dizer que...

Peixe A: Aham!!! Isso mesmo, parceira! TÔ INDO PRA LAMA COM VOCÊ! UHUUUUUUU!!! Peixitos, aí vou eu!

Peixe B: AEEEEEEEE!!!

É, de algum jeito a harmonia volta a reinar nos domínios de Poseidon. Ainda que seja no lodo.

sexta-feira, julho 06, 2007

Resultado da votação

Agradeço aos queridos leitores pela participação. Ao todo foram 42 votos, e não me importa se foram 42 pessoas ou se a Bruna usou 3 computadores diferentes pra votar num texto que perdeu.

Aos dois que votaram pedindo para eu parar de escrever (ou seria o único que renovou o IP pra votar novamente?), coincidentemente logo após o webstats ter identificado o acesso de um cliente da Net Vírtua, morador de São Paulo, SP, usuário de Windows XP e Mozilla Firefox 2x, obrigada pela visita!

Os gordinhos largaram na frente, mas o desejo de conhecer outros episódios vexatórios da minha vida fez com que 16 pessoas cruéis votassem no texto a seguir. Espero que gostem. Se não, semana que vem eu publico o dos gordinhos, ok? hehehe

Série “Coisas que só acontecem comigo” – 2º capítulo

Tolos são os que crêem que raios não caem duas vezes no mesmo lugar.

De acordo com informações publicadas no site da Defesa Civil da Prefeitura do Rio de Janeiro (o primeiro que apareceu na minha pesquisa no Google), “não importa qual seja o local, ele pode ser atingido repetidas vezes, durante uma tempestade”. Ainda conforme o texto citado, “o guarda florestal norte-americano Roy Sullivan foi atingido sete vezes durante sua vida. Sofreu pequenas queimaduras, contusões, tombos e roupas rasgadas. Hoje, aposentado, Roy mora numa casa reboque com um pára-raios em cada quina”.

Mas eu não precisava fazer essa breve pesquisa com o objetivo de encontrar subsídio para o que sou capaz de afirmar a partir de minha experiência de vida. Se houve quem ficasse impressionado com os acontecimentos relatados no 1º capítulo da série “Coisas que só acontecem comigo”, provo agora que, uma vez que a sua cabeça seja escolhida como “alvo” pelas misteriosas forças do Cosmos, a tendência é ter os miolos chamuscados muitas e muitas vezes.

Feito esse pequeno intróito esclarecedor, vamos à história. O episódio se passa numa feliz tarde de domingo em que resolvi ir ao cinema com duas amigas. Uma delas passou em casa pra me dar carona, e a outra nos encontraria lá.

Logo que chegamos ao piso do cinema no shopping, eu e minha amiga avistamos, praticamente ao mesmo tempo, um carinha com quem ela teve um breve affair. Detalhe: ele estava de mãos dadas com outra. Imediatamente, e sem que fosse necessária nenhuma palavra, nós duas viramos de costas, de modo sincronizado, e andamos na direção oposta ao casal.

Poucos minutos depois, quando já havíamos encontrado a outra amiga, voltamos ao andar superior e nos dirigimos à fila dos caixas. Ali, enquanto comentávamos o ocorrido e nos perguntávamos se ele teria nos visto ou não, outro casal comprava suas entradas no caixa ao lado.

Qual não foi minha (desagradável) surpresa, quando percebi que o rapazote era justamente aquele com quem eu havia ido ao cinema algumas semanas antes... E claro que ele estava de mãos dadas com outra.

Não tive tempo de disfarçar, de fugir, de me esconder, nem de cavar um buraco, mas como ele fingiu que não me viu, eu fiz o mesmo.

Adquiridos os ingressos, as meninas resolveram comprar pipoca. Implorei com todas as fibras de meu maltratado ser para que resistissem à gula e fôssemos direto para a sala do cinema, afinal o casalzinho estava na fila da pipoca. A essas alturas o ex-affair da minha amiga tinha desaparecido com sua nova menina, e eu era a única ali que podia continuar sendo exposta a um incessante constrangimento.

Preciso dizer que elas não me deram ouvidos e que, quando desisti de reclamar, já estávamos paradas na fila da pipoca fingindo ignorar a presença do casal na fila ao lado?

Uma das duas traidoras que eu ainda insisto em chamar de “amigas” notou que a acompanhante do garoto parecia o rascunho do mapa do inferno, com as pontas queimadas. Resolvi dar uma conferida. Nussa, realmente, a criatura parecia estar do lado avesso, e justamente no momento em que eu ia dizer que já estava me sentindo melhor... Meus olhos se arregalaram, virei de costas imediatamente e proferi algumas obscenidades, amaldiçoando o destino que insiste em me torturar.

As meninas tentavam entender o que se passava comigo. Afinal, o que poderia ser pior do que dar de cara com o menino que tinha me levado ao cinema semanas antes quando ele levava sua nova vítima ao mesmo lugar?

Sim, é claro que havia uma coisa pior. Logo atrás do já referido casal, havia um cara com quem eu também já fiquei. E, CLARO, ele também estava de mãos dadas com outra.

AH, FALA SÉRIO, MEU!!! QUE É ISSO? QUE PERSEGUIÇÃO!!!

Dois no mesmo dia? No mesmo cinema? No mesmo horário?

Creio que seja desnecessário comentar que - OBVIAMENTE - os dois casais haviam comprado ingressos para o MESMO filme que eu, e que um deles sentou-se duas filas à minha frente, e o outro, na fila de trás.

Dava pra ouvi-los mastigar a pipoca.

Juro que eu não sou promíscua, a culpa é dessa maldita cidade-província onde todo mundo se conhece e faz o mesmo tipo de programas!

Ainda bem que era uma comédia (bem como minha vida social), caso contrário eu teria chorado.

Enfim, assim como Joseph Climber jamais desanima diante das vicissitudes, ciente de que “a vida é uma caixinha de surpresas”, eu também não deixo de persistir nos tortuosos caminhos que conduzem a situações tragicômicas como essa.

É certo que traumatiza um pouco, mas não serei como o guarda Roy! Se minha cabeça virou pára-raios, fazer o quê? Afinal, quem está na tempestade é pra se tostar!




















Beijos