quinta-feira, agosto 16, 2007

Como é chato ser adulta


Penso em quantas vezes os adultos me omitiram fatos tristes ou feios demais para caberem no mundo colorido em que eu vivia durante a infância.

Tantas verdades que descobri ao longo da vida...

Talvez seja por isso que me sinto tão adulta ao esconder uma verdade feia de uma criança que eu amo.

E depois choro escondida, porque gente grande não ganha colo.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Aquele do cara que perdeu porque quis jogar na categoria errada


Já não é novidade que eu sou uma seriado-maníaca. Em razão dessa minha predileção assumida por tal categoria de programas televisivos, é muito comum associar acontecimentos da minha rotina a episódios de seriados (minha amiga Ciça tem o mesmo hábito, e vivemos nos reconhecendo em cenas tragicômicas da Sony, Warner, Universal etc.).

Recentemente sofri uma grande decepção. Chega a ser surpreendente que eu ainda me decepcione com homens, porque o fato de me decepcionar significa que ainda deposito no gênero masculino algum tipo de expectativa. O que se traduz, simplesmente, em burrice da minha parte.

Desde criancinha, já me acostumei a esperar deles o que há de pior. Pai n.º 1, pai n.º 2, o primeiro que beijei, o primeiro por quem me apaixonei, o primeiro que namorei, enfim, todos os primeiros alguma coisa e todos os que vieram na seqüência, sem exceção, TODOS decepcionaram de alguma forma: magoando, desapontando, esquecendo uma data importante, prometendo e não cumprindo, traindo, mentindo, passando dias sem tomar banho, ficando desempregados por meses, não aprendendo a dirigir por falta de vontade, brigando por coisas idiotas e se recusando a discutir o que realmente interessava, agredindo com palavras cruéis, dizendo que me amavam enquanto já namoravam outra, ou, pior, casando com outra. Esse é só um pequeno excerto da enorme lista de pequenas e grandes decepções.

Eu acredito quando cientistas dizem que homens são mais inteligentes do que mulheres. Pelo menos os heterossexuais, cuja inteligência se equipara à das mulheres homossexuais. Sim, porque é muito evidente que gostar de homem é sinal de uma capacidade limitada de raciocínio.

Mulheres são mais bonitas, em suas formas físicas. É raro alguém pendurar na sala de visitas uma pintura de um homem nu, com todos aqueles pêlos, e, especialmente o órgão sexual em evidência, que é difícil escolher se fica mais feio em estado de alerta ou adormecido. Já um quadro de nu feminino pode ser sensual, porém sutil, delicado.

As mulheres também costumam ser mais cheirosas, mais bem cuidadas. Não vamos considerar as naturebas que têm bigode e não usam desodorante. Nem tampouco os homens metrossexuais. Em termos gerais, são as mulheres que fazem depilação, manicuro, pedicuro, usam cremes hidratantes, óleo de banho, cuidam das madeixas, enfim. Homem, em geral, não se incomoda se viajou no fim de semana e esqueceu a escova de dentes em casa. Compra chicletes. E ainda não conheci um que não reutilizasse meias sujas.

Além de todo o aspecto físico, mulheres são mais abnegadas, tendentes a renunciar em favor de quem amam, talvez por conta do instinto maternal. Conseguimos fazer várias coisas ao mesmo tempo, todas bem-feitas, planejando as tarefas a serem realizadas depois, e tudo isso sem deixar de pensar nas outras pessoas. E as conversas femininas são tão mais divertidas!

Droga, por que eu não me apaixono por uma mulher?

Enfim, apesar de todas as vantagens, e embora racionalmente eu compreenda que os homens são muito inferiores em termos do que oferecem num relacionamento, estúpida que sou, continuo gostando dos peludos, ingratos e insensíveis homens.

A natureza dos homens não é difícil de ser compreendida. Nós, mulheres, é que somos complexas. Nós temos fases, como a lua, mas somos também imprevisíveis como tantos fenômenos da natureza. Homens são simples. Se não tiver nenhum defeito no aparelho, qualquer modelo liga e desliga do mesmo jeito. Quando dizem que “não é nada”, é porque não é nada mesmo. E ainda que tantas vezes fantasiemos milhares de hipóteses explicativas para um silêncio de 2 minutos, na maior parte das vezes, eles não têm o que dizer mesmo. Ao contrário das mulheres, homens não sentem necessidade de preencher todos os silêncios e, quando tentam, as frases nunca são tão boas como as dos diálogos que imaginamos. Talvez eles devessem assistir a mais seriados e comédias românticas.

Enfim, quando não estou muito disposta a fantasiar e alimentar falsas esperanças de que um deles seja especial, eu consigo enxergar com clareza como eles funcionam. E, justamente por isso, estabeleço meus critérios de seleção de forma a tentar privilegiar os bons meninos e me afastar dos canalhas.

E não existe decepção maior do que descobrir, num suposto bom menino, uma tentativa frustrada (por incompetência, mas não por falta de vontade) de canalhice.

Sabe como é? Você encontra uma caixa repleta de filhotes disponíveis para “adoção”, e você não escolhe o mais bonito, nem o mais esperto, nem o que faz os melhores truques. Você escolhe aquele mais quietinho, meio gorducho, que adora um colo e que tem cara de que não vai trocar o seu colo por nenhum outro. De repente, o filho de uma cadela vai lá, mija no seu tapete, destrói seus sapatos, tenta fugir e ainda morde suas visitas. Aí você fica revoltada, pensando que, se fosse mesmo pra se ferrar, devia ter escolhido um que tivesse pedigree e matasse suas amigas de inveja.

Voltando ao assunto lá do primeiro parágrafo, na 3ª temporada de Friends, no episódio “Aquele com a manhã seguinte (The one with the morning after)”, depois que Ross e Rachel tinham decidido dar um tempo, o safado do Ross acorda ao lado de Chloe, a menina do xerox.

Quando a Rachel descobre, ela fica extremamente triste, e por mais que ainda o ame, ela diz: "Não. Eu não posso, você é uma pessoa completamente diferente pra mim agora. Sempre pensei em você como alguém que nunca, nunca fosse me magoar, nunca. (No. I can’t, you’re a totally different person to me now. I used to think of you as somebody that would never, ever hurt me, ever)”.

Salvas as devidas proporções, não estou falando de alguém que eu amo, e muito menos que eu imaginasse incapaz de me magoar. Mas é alguém que eu tinha escolhido, dentre alguns candidatos, simplesmente por ser bom menino.

Ele não é lindo (eu o acho bonito, mas além da mãe dele, não acredito que muitas mulheres compartilhem dessa opinião), é gordinho (o que, pra mim, não é problema, mas, em geral, é uma desvantagem competitiva), está longe de ser burro, mas também não é o cara mais inteligente que eu conheço.

O que ele tinha de especial era o suposto bom coração, o sorriso aparentemente sincero, era o fato de ele ser o cara que não fazia comentários podres com relação às mulheres, que sempre respeitou, sempre foi amigo, que sabia falar sobre outros assuntos além de futebol, mulher e sexo. O cara que dá pra apresentar pras suas amigas, porque não olha pra bunda delas e as trata bem. O cara que não dispensa um programa porque você o avisa que não vai rolar sexo. Enfim, um bom menino.

E, de repente, parece que me enganei. Já não consigo mais visualizar uma diferença muito grande entre ele e todos os imbecis que vieram antes dele. Já não é mais especial. Suas mensagens no meu celular, cada dia mais freqüentes, já não me fazem mais sorrir. Não gosto mais daquela música que ele diz que faz lembrar de mim, porque a letra agora faz sentido de um jeito que eu não gosto mais.

É simplesmente um cara que, competindo na categoria “bom menino”, tinha grandes chances, porque existem muito poucos bons meninos por aí. Mas, como canalha, ele se sai muito mal, porque o mercado de canalhas é extremamente vasto e oferece opções muito "melhores" do que ele. Se for pra ficar com um canalha, que pelo menos ele seja lindo, gostoso, sensacional na cama, e não prometa que vai ligar no dia seguinte. Melhor: que nem peça meu telefone! Sim, o tipo de cafa sincero, que eu sei que existe porque eu já peguei alguns deles. Mais de uma vez.

Um menino bobo com sonhos de ser cafa, que não percebe que não tem nenhum talento pra isso. Não se dá conta de que, pra adquirir a experiência e a habilidade sexual que um canalha de verdade deve ostentar em seu currículo, no ritmo dele, considerando o tempo que leva pra pegar uma mulher, presumo que vai levar uns 15 anos pra ficar razoável.

Em qualquer jogo, você tem que saber em qual categoria pode competir. Se você é junior, não se meta a desafiar profissionais.