quinta-feira, dezembro 25, 2008

Balanço final e previsão orçamentária

Gentemmm, não abandonei o lar, não!

Perdoem-me pelo sumiço, ando ocupada demais... Vivendo intensamente! E além disso adotei a filosofia de poupar mais a minha vida particular. Do mesmo jeito que tem quem torça por mim, mesmo de longe, mesmo sem me conhecer, infelizmente também tem sempre a galera que necessita de colírio diet, sabe como? Olhinhos obesos!!!

Bem, preciso arrumar minhas malas para bem merecidas férias com meu amor, então deixo vocês com um texto de fim de ano que escrevi para as pessoas especiais que participaram do meu ano de 2008!

"Esse meu ano de 2008, se não foi o mais heavy metal de todos, está pelo menos no top three dos mais difíceis.

Foram tantos os desafios vencidos que, ao mesmo tempo em que me tornei muito mais forte, é possível também que tenha me insensibilizado diante de determinadas situações, tornando-me menos tolerante com os dramas alheios. Aproveito a oportunidade para pedir que me perdoe se em algum momento eu não estive presente como deveria e como gostaria, se não fui compreensiva como você precisava ou divertida como você esperava.

Agradeço de todo coração a cada uma das pessoas que tornaram meus dias mais leves, as dificuldades superáveis, as tristezas mais brandas. Já faz muito tempo que aprendi que o que tenho de mais valor na vida são meus amigos. Carregando peso no dia da minha mudança, emprestando uma grana, dando uma carona, pagando um curso, cedendo uma casa pra eu morar com minha família, convidando pra sair quando estava à beira de um surto psicótico, me indicando para um emprego, fazendo companhia, me fazendo rir, me emocionando, telefonando no meio da tarde para saber como eu e a Nina Simone Fischer estamos passando, mandando mensagem com declaração de amor (de irmã), trocando mil e-mails, me ouvindo desabafar ou chorar, rindo das minhas piadas mesmo quando não são tão engraçadas, me acompanhando num porre quando tudo que eu precisava era mesmo enfiar o pé na jaca, e depois me acompanhando até o portão de casa quando eu não tinha condições de dirigir sozinha... Well, foram tantas as situações em que meus amigos me salvaram ou simplesmente me fizeram mais feliz, que não cabem num só e-mail.

Cabem apenas no meu coração, com a gratidão eterna por ter pessoas tão especiais na minha vida.

Passada a fase tensa e dramática, dissipada a nuvenzinha negra que insistia em me acompanhar por onde eu fosse, o céu se iluminou, o sol apareceu. E eis que encerro 2008 com um sentimento de felicidade e paz que já nem lembrava mais como era!

A família e os amigos com saúde e em harmonia, um emprego novo, boas perspectivas para o futuro e, claro: amor, muuuito amor. No fim das contas, 2008 foi um ano sensacional, acredita? Minha conta corrente pode até discordar, mas o meu saldo é positivo, com certeza.

Recebo 2009 de braços abertos, desejando pra mim e pra você, acima de tudo, que a gente saiba encarar tudo com força, tranqüilidade, leveza. Que nenhum problema seja assustador, porque a gente é maior que qualquer um deles. Que nos dias cinzentos a gente sempre lembre que o sol logo vem. Que nenhum engarrafamento acabe com nosso bom humor. Que os erros do passado não se repitam. Que os novos erros não sejam tão estúpidos. Que a gente se preocupe menos com a vida alheia.

Que a gente saiba dar às coisas, às situações e às pessoas o valor que cada uma merece, nem mais, nem menos. Que nenhuma palavra amarga afaste um amigo, que nenhum sentimento fique entalado na garganta, que nossos desejos não provoquem dor em ninguém (incluindo nós mesmos). Que não falte força e garra pra batalhar pelos nossos sonhos. Que saibamos defender nossos ideais sem desmerecer opiniões diferentes ou mesmo opostas.

Que a gente sempre encontre notas de R$ 50,00 esquecidas no bolso de uma calça. Que encontros mágicos aconteçam com mais freqüência. Que nossas festas sejam sempre as melhores. Que nossa saúde agüente nossas festas. Que a gente lembre de estender a mão pra quem precisa. Que os laços de amizade se estreitem e que novos amigos se agreguem. Que possamos nos superar, ser cada vez melhores, mais conscientes, mais autênticos.

Que, mesmo quando o mundo parecer conspirar contra, a gente dê sempre um jeitinho de ser e fazer feliz.

Um Natal maravilhoso pra você e sua família, pleno de paz, amor e alegria! E que 2009 seja simplesmente TUDO DE BOM!

Beijão,

Oki."

sábado, novembro 08, 2008

Razões...

Como eu já disse num outro texto, existem várias razões pra uma pessoa estar só. Uma das mais comuns é o medo, que pode se manifestar por diferentes causas. Há o medo mais óbvio, aquele clássico, do gato escaldado que não quer mais se machucar. Medo de se decepcionar, de ser vítima de traição ou de rejeição. E há também o medo do desconhecido, que acomete os desafortunados que jamais experimentaram as agruras e venturas de um relacionamento íntimo.


Cabe aqui uma breve explanação do conceito de intimidade que ora utilizo: ser íntimo de outra pessoa não se confunde, necessariamente, com conhecer suas partes íntimas. O “íntimo” pode ser definido como a constituição da essência de algo ou alguém. Vai, portanto, muito além da carne. Aliás, o tipo de “intimidade essencial” a que me refiro é o que de fato favorece o desenvolvimento da intimidade física, num nível bem pouco explorado por grande parte das pessoas.


Existem pessoas incapazes de se envolver, seja porque não se permitem a entrega, seja porque não sabem amar. Dizer que é preciso amar a si próprio antes de amar a outrem pode parecer clichê, mas, para mim, faz todo sentido. Mesmo para quem não considera sagradas as famosas escrituras, vale ainda como referência histórica/cultural: “Amai ao próximo como a ti mesmo”. Partindo dessa premissa, se você tratar a si mesmo como lixo, custa-me acreditar que dispensará tratamento mais gentil ao seu próximo. O que nos conduz a mais uma razão para a solidão: falta de amor próprio.


Algumas pessoas preferem ficar sozinhas porque sofreram um trauma psicológico num relacionamento pretérito. A intensidade e a duração do trauma variam de acordo com diversos fatores, incluindo a gravidade da causa e a capacidade de superação da vítima.


Há também os que sofrem de desânimo, cansaço, frustração. Os que não suportam mais os joguinhos, a falta de consideração, de respeito, de compromisso.


Infelizmente, não se pode ignorar a existência dos desesperados, aqueles que depositam em outra pessoa a sua própria chance de ser feliz. É evidente que isso não funciona. Mesmo quando existe amor, nenhuma pessoa tem um controle externo tão absoluto que possa assegurar a felicidade alheia. Buscar algo tão pessoal fora de si é caminho certo para a frustração. E é, ainda, mais uma possível causa da solidão, já que qualquer criatura em sã consciência foge da desmedida responsabilidade de tentar em vão tornar feliz um infeliz.


Outra triste conseqüência de não assumir o ônus pela própria felicidade é responsabilizar os outros, também, pela própria infelicidade. Pessoas desse tipo têm o hábito de magoar, trair, machucar e não sentir o peso da culpa, que sempre fazem questão de transferir ao restante do mundo. “Sim, eu traí, mas foi porque você não me deu atenção”. “Eu sei que machuco, mas é porque estou sofrendo”. Como se, subitamente, o livre arbítrio lhe tivesse sido tomado.


Os motivos para a solidão, porém, nem sempre são tão dramáticos. Algumas pessoas estão sozinhas porque preferem assim. Umas estão focadas em objetivos e projetos pessoais que, possivelmente, seriam tolhidos por um relacionamento afetivo. Outras querem apenas se divertir, sem se comprometer (e, com essa postura, talvez estejam traumatizando outros solitários, descritos anteriormente). Há aquelas que terminaram um relacionamento e só precisam de um tempo consigo mesmas, um período de luto por um amor que pereceu. Algumas estão à espera de alguém especial, que não encontraram ainda, e não querem firmar um compromisso sem paixão. Há ainda as que fixam critérios elevados demais para qualquer candidato, mas não estão dispostas a facilitar o processo seletivo. E, claro, não podemos nos esquecer dos que se recusam a se envolver com alguém, a fim de preservar sua liberdade irrestrita.


A verdade é que nem todo mundo se apavora com a idéia de ficar só. Ao contrário do que disse Tom Jobim, acredito que é possível ser feliz sozinho e, por incrível que pareça, ainda há quem acredite que é melhor estar só do que mal-acompanhado. Por fim, certamente existem pessoas que escolhem a solidão como modo de vida. Quem disse que todos os seres humanos foram talhados para viver aos pares?


Poderia discorrer sobre o assunto ao longo de muitas páginas. Talvez desse um livro.


Por ora, basta dizer que, para mim, existem infinitas razões para ficar sozinha, mas apenas uma para abandonar essa condição: ser arrebatada por um sentimento fatal, mais forte que eu mesma. Eu não o faria por menos. Não tolero companhia por conveniência, carência ou falta de opção. Sou do tipo que precisa da sensação reconfortante de poder olhar nos olhos de alguém e dizer, ainda que em silêncio: “eu sabia que você existia”. “Sabia que não devia me contentar com menos”.


Como eu gosto demais de estar comigo mesma, só abro mão da doce solidão por uma companhia absolutamente irresistível.


Desejar ardente e constantemente a presença de alguém e dedicar-lhe afeto exclusivo é, mais que qualquer tipo de convenção social, conseqüência natural do meu sentimento. É simplesmente impossível continuar só, ou mesmo querer outra pessoa além da que escolhi, cuja simples lembrança provoca sorrisos involuntários. Delícia. ;)


segunda-feira, novembro 03, 2008

Ex-tiqueta

Posso considerar que sempre tive sorte com meus ex-namorados. Não enquanto eles eram namorados, mas depois que se tornaram ex, mesmo. Tive os chorões, os arrependidos, os insistentes, os cafajestes que continuavam jurando amor eterno quando já flertavam em outras paragens. Alguns não desistem nunca. Juro que um ou outro, vez em quando, ainda faz tentativas lamentáveis de reaproximação. Seis, sete, oito anos depois do fim! Há apenas um de quem eu poderia ser amiga, mas nossos breves e raros encontros são sempre estranhos, meio desconfortáveis. Do restante, não guardo mágoa, e desejo que sejam felizes. Bem longe de mim. Em geral, todos foram muito gentis e, mais cedo ou mais tarde, fizeram por mim o melhor que um cara pode fazer por sua ex-namorada: desaparecer da vida dela.

Muita gente não tem essa sorte. Que o diga a pobre Eloá. É mesmo assustador pensar que a menina, por um tempo razoável, confiou naquele cara. Que ele conhecia a família, os amigos dela, e eles pensavam que o conheciam. E, de repente... Todo mundo descobre, do pior jeito possível, que ele é um psicótico. Há alguns anos, a jornalista Sandra Gomide também teve o mesmo fim trágico porque o ex não conseguiu se conformar com a rejeição.

Felizmente, eu jamais presenciei um caso tão patológico, mas vi (e ainda vejo) várias pessoas que conheço sofrerem com os desvarios de ex-namorados e ex-namoradas.

Não acho impossível existirem grandes amizades entre ex-namorados, mas considero pouco provável que nenhuma das partes confunda as coisas em algum momento. Ou mesmo que a "amizade" não passe de pretexto para a reaproximação. De qualquer forma, acredito que a regra básica a ser seguida seja a civilidade. Ninguém deve ser obrigado a saltar de alegria ao rever alguém que foi cirurgicamente removido de sua vida. Feito um tumorzinho. Mas hostilidades são desnecessárias na maior parte dos casos.

Tenho uma amiga que, ao longo do relacionamento, ouviu o namorado dizer que a amava apenas uma ou duas vezes. Depois que terminaram, ele passou a dizer diariamente. Descobriu, um pouco tarde, depois de fazê-la sofrer até a superação de todos os limites aceitáveis (e alguns inaceitáveis), que ela é a mulher da vida dele. É isso que ele anuncia, entre lágrimas e soluços, para todos os conhecidos do ex-casal. Por sorte, nesse tempo, ela descobriu que ele não é nem de longe o homem da vida dela.

Mais revoltante que o tipo "lerdo", é o caso do o ex-namorado covarde. Tenho uma amiga que várias vezes foi maltratada pelo ex, em público. O cara teve mil ataques de ciúmes, afastou-a de todos os amigos homens, fez com que ela perdesse desde baladas e encontros com as amigas até eventos importantes (formatura de amigos, por exemplo) porque ele não podia ir e não permitia que ela fosse sozinha. Irritava todo mundo com sua insuportável mania de tirar vantagem e querer se dar bem em todas as situações. Sem perceber, minha amiga, antes tão forte e decidida, começou a perder a personalidade por causa de um cara que - pasmem - ela nem sequer amava. Nada disso foi suficiente pra ela colocar um ponto final na história. Até que descobriu que estava rolando o maior clichê de todos os tempos. O exagero de desconfiança dele acontecia pelo motivo clássico: ele era infiel. Não satisfeito com a dor que causou, usou mais um clichê: colocou a culpa nela, que supostamente não o tratava com o carinho que ele merecia. Claro que ele não tinha alternativa, como, por exemplo... Ahmmm... Deixa eu pensar... TERMINAR COM ELA! Não, não, ele tinha que ser o maior idiota do mundo, envergonhá-la diante de todas as pessoas que ela conhece e ficar com uma baranga. E a culpa, claro, é da minha amiga. Não bastasse isso tudo, ele não se conforma com o fim (por certo que ainda não a magoou o suficiente).

O ex de uma outra amiga merece, no mínimo, um prêmio por sua infinita criatividade, não podemos deixar de reconhecer. Desde que o namoro acabou (porque ele fez tudo que podia pra isso acontecer), já tentou das formas mais variadas convencer minha amiga de que é o cara certo pra ela: abordagens românticas, violentas, inconvenientes, desagradáveis, racionais, sutis, exageradas, patéticas, dignas de pena, detestáveis. Sempre que a gente pensa que ele não tem mais o que inventar, ele nos surpreende. É incrível.

Não são raros os ex-namorados vingativos. Já vi vários que, após serem rejeitados, fizeram de tudo para reconquistar quem os desprezou somente para, em seguida, terminar o namoro. Um trabalhão desses por causa de orgulho ferido... Vai entender. Pior ainda são aqueles que infernizam, que não suportam a idéia de que o(a) ex possa ser feliz com outra pessoa. Ou mesmo sem outra pessoa.

Houve uma época em que todos os caras que eu conhecia estavam traumatizados com uma ex-namorada. O primeiro, depois de totalmente embriagado, disse-me que, com a ex, descobriu que existem dois tipos de mulheres no mundo, as vagabundas e as que voam. E convidou-me pra ir à casa dele. Claro, por que eu não iria, Príncipe Encantado??? Por incrível que pareça, preferi ir voando pra minha casa. Sozinha.

Depois conheci outro que, enquanto viajava a trabalho, a ex, por meio de recadinhos discretos escritos em cor-de-rosa no Orkut, ameaçava invadir o apartamento dele para pegar as coisas dela, e chamava de "putas barangas" todas as mulheres que deixavam recado pra ele.

O caso mais assustador foi uma que, conhecendo a senha do ex, acessou a conta do celular dele na internet, telefonou para todos os números mais discados, e aqueles em que uma voz feminina atendeu à ligação foram escolhidos para receberem mensagens ameaçadoras. Ela gostou tanto de mim que quase todas as manhãs telefonava para o meu celular e ficava quietinha, só pra ouvir minha voz. Chegou a criar uma conta no Messenger com o nome do ex para falar comigo. Medo.

Ah, sim, tenho uma amiga que precisou sumir da cidade por uns dias, quando o ex começou a publicar ameaças contra ela na internet. E outra, cujo ex faz referências jocosas ao fim do relacionamento em seu perfil no Orkut. Houve também um cara que, quando percebeu que a minha amiga não estava mais a fim dele, começou a persegui-la, observá-la escondido, ficar de tocaia em frente à casa dela. E quem consegue entender os caras que telefonam mil vezes, você não atende, e então eles ligam de um número desconhecido? Será tão difícil captar a mensagem?

Bem, podem não ser exatamente pshyco killers, talvez não cheguem a Lindembergs e Antonios Marcos Pimenta Neves, mas ninguém pode negar que essa gente é maluca. Porque só malucos aparecem sem ser convidados, pedindo outra chance quando já tiveram tantas, jurando arrependimento, com lágrimas de desespero e culpa, trazendo alianças (!), dizendo que querem casar (!), ignorando totalmente os créditos finais passando na tela. E às pessoas que cedem a chantagens emocionais, que se comovem com as lágrimas de crocodilo, que possuem um estoque infinito de chances adicionais (em desfavor do respeito próprio), um alerta: antes de se revelarem homicidas, os exemplos supracitados não passavam de ex-namorados rejeitados e inconformados como o seu. O limite entre uma coisa e outra pode ser uma linha tênue.


Não pode ser tão difícil entender, pode? Move on, people. Move on!

quinta-feira, outubro 09, 2008

E-mail para Ciça hoje pela manhã

Olha só, tô super chateada com você. Porque a gente estava viajando com a galera, e à noite todo mundo se reuniu numa clareira, e no centro tinha um monte de folhas (de árvores) tingidas de cores diferentes. Aí, a moça disse que era pra cada pessoa pegar uma e quem tivesse as folhas da mesma cor formava uma equipe.


Eu peguei várias folhas azuis para entregar pras pessoas que eu queria no meu time, mas você e a Lê preferiram ficar com as suas folhas roxas. Traidoras...

Daí eu entrei sozinha na casa mal-assombrada e duas moças mortas vieram falar comigo. No começo foi meio chato porque eu estava apavorada, mas depois descobri que elas eram gente boa. Ambas eram ex-esposas do Rei Henrique VIII, que tinha mandado matá-las. O problema foi quando o Rei chegou e me viu conversando com as duas fantasmas e resolveu mandar me matar também, mas eu consegui seduzi-lo e ele acabou resolvendo me deixar viva pra satisfazer sua lascívia. Ufa... [Detalhe: o Rei era aquele da série The Tudors, que passa no People and Arts, não aquele que aparece nos retratos pintados na época, ok?]


Quando todo mundo estava dormindo, eu saí pra procurar meu namorado, quando passei pela cozinha e resolvi ver o que tinha na geladeira, e ao abri-la descobri todo tipo de guloseimas de chocolate e acabei esquecendo meu namorado...

Viu só a confusão em que vc me meteu??? Custava ter ficado na minha equipe???

Hunf.

Resposta da Ciça: "Hahahahahahahahahahahahahahahahahaha
Mas a culpa não é só minha... Hunf... Briga com a Lê também!"

Minha resposta:

É, mas a Lê só foi pra equipe roxa por causa do Guico. Hunf.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Rapidinha

Oi, gentemmm... Já, já vem texto novo por aí (está pronto na minha cabeça). E é bom que você já tenha lido o anterior antes de vir clamar por novidades. Hunf.

Hoje quero apenas manifestar a minha satisfação por ter se encerrado o período eleitoral. Embora nenhum dos meus candidatos tenha sido eleito (pra variar... Tenho a impresão de estar sempre nadando contra a correnteza), graças às poderosas forças do Cosmos vai demorar mais um tempo pra eu ter que ouvir novamente os malditos jingles de campanha!

Eu ouço música constantemente, em quase todas as situações. Mas, olha, nunca meus fones de ouvido foram tão imprescindíveis! No curto intervalo entre uma música e outra eu já me desesperava ao ouvir um carro de som passando na rua com uma musiquinha indescritivelmente chata! Dezenas de hits sertanejos tiveram suas letras adaptadas, a dança do quadrado me irritou ao cubo, as piores melodias foram associadas às vozes mais irritantes cantando as letras mais estapafúrdias.

Ao verificar a lista dos vereadores eleitos na minha cidade, constato que os candidatos mais esdrúxulos do mundo, bem como os donos dos jingles mais insuportáveis do Universo, ÓBVIO, vão integrar a nossa Câmara Municipal.

Todos os dias, andando pelo calçadão da XV de Novembro, deixava o volume do meu MP3 Player no talo pra tentar não ouvir o memorável slogan da campanha de determinado candidato. Sim, eu reconheço que foi MUITO bem bolado, já que até agora eu simplesmente não consigo esquecer o número do cidadão, e ele foi o 6º mais votado da capital paranaense. Eu nem conheço o cara ou seus projetos, porque eu já tinha candidato (o 76º mais votado... no comments), mas juro que jamais votaria nele, só de raiva daquele jingle dos infernos.

Evidentemente, a minha opinião não conta nadica. E viva os eficientes publicitários!

Agora, de volta à programação normal. Mas só vou ficar feliz mesmo quando não tiver mais essa sujeirada espalhada pela cidade. No dia seguinte às votações, depois das promessas de intensa fiscalização pela Polícia Militar, o que se vê é um enorme tapete de diabinhos, digo, de santinhos (acho que não deveríamos mesmo chamar esse modelo de publicidade por esse nome), especialmente nas regiões em torno nos colégios eleitorais. Como aqui em Curitiba a chuva resolve cair quando menos se espera, o saldo pós-eleições é um prato cheio pra entupir os bueiros...

Ô, Sr. Prefeito reeleito, preservador do legado lernista e provável futuro governador do Estado: por gentileza, manda o pessoal da limpeza dar uma passada aqui no Bacacheri que a coisa tá feia!

Beeeijo, outro, tchau.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Novas cores e borboletas


No derradeiro post eu fiz um esboço do meu apreço pela simplicidade e do meu desprezo pelo simplismo. Conceitos bem diferentes, diga-se de passagem. Entremos um pouco mais fundo (ui) nesse assunto.


Teorias simplistas, respostas prontas em tamanho único que devem se encaixar em qualquer tipo de pergunta são, no mínimo, boring. Nada mais frustrante que ver uma idéia original ser reduzida a uma dessas fórmulas banais.


Movida por mudanças drásticas na minha rotina, algumas, inclusive, alheias à minha vontade, tive a chance de reestruturar alguns padrões de pensamento. Por mais diferentes que as coisas estejam (o horário de acordar, as decisões que finalmente consegui transformar em novos hábitos, a dieta, os planos etc.), é inegável que a maior transformação aconteceu na minha forma de ver, interpretar e valorar fatos, situações e pessoas.


Dia desses, empolgadíssima, comentei com minhas amigas acerca dessas mudanças. Tentei explicar como todas as alterações – das quase imperceptíveis às mais radicais – estavam interligadas. Minhas crenças religiosas e espirituais, minhas convicções políticas, meu modo de cuidar de mim mesma, meus planos para o futuro: uma coisa levava à outra de forma inevitável. O processo todo me conduziu à profunda modificação de alguns paradigmas. Inclusive comecei a perceber a existência de alguns homens aos quais eu não prestava a mínima atenção antes. Mesmo que eu não tivesse (até então) me sentido intensamente atraída por qualquer um deles, já era sinal de mudança o fato de eu cogitar a hipótese de corresponder ao seu interesse.


Parece que fui muito mal-sucedida ao tentar expressar o que se passava em minha mente, porque, por alguma razão, minhas ouvintes fixaram-se exclusivamente nessa última parte da minha explanação e compreenderam que eu estava à caça de um tipo diferente de homens.


Oh, my God.


E o primeiro comentário conclusivo que surgiu dentre elas foi: “Eu acho que a pessoa certa aparece quando você não está procurando”. Por alguns instantes eu tentei associar aquela idéia ao que eu tinha dito, mas não consegui mesmo ver relação.


Para aumentar minha perplexidade, as demais concordaram: “Ah, é verdade”, “Eu também acho, é só quando você menos espera que ele aparece”. Quis evitar uma discussão fervorosa sobre o quanto aquela idéia sempre me soou idiota. Busquei somente desviar o foco, explicando que não estava falando de encontrar a pessoa certa, e muito menos de procurar por ela, mas simplesmente de observar, perceber, notar pessoas diferentes. Tentei argumentar que não estava mesmo procurando alguém, e ouvi essa: “Mais ou menos... Você pensa que não tá procurando”.


Well, well, well. Minha frustração era grande demais pra continuar me explicando. A minha epifania havia sido brutalmente reduzida a uma filosofia barata, a uma idéia tão infantil que eu tenho quase certeza de tê-la lido alguma vez nas páginas da revista Capricho. Não restava opção, a não ser resignar e mudar de assunto.


Mas aqui entre nós, trata-se de um simplismo exagerado. É a redução de toda e qualquer situação a uma única fórmula básica e desprovida de fundamento lógico. A idéia diz que, se uma pessoa está sozinha, é porque está procurando o amor. Claro que nem se cogita a hipótese de ela estar sozinha porque prefere assim. Afinal, quem gostaria de estar só num tempo em que a regra geral conduz à conclusão de que estar mal-acompanhado é bem melhor que a solidão?


É óbvio que nem se imagina que alguém possa estar só pelo fato de não se contentar com qualquer coisa. Ou por ter outros objetivos em mente. Ou por não estar apaixonado. Ou por estar, mas não ser correspondido. É evidente que uma pessoa só pode estar sozinha porque não consegue parar de procurar pelo amor, de vislumbrá-lo em qualquer desconhecido.


Contra essa corrente de pensamento, nem sequer funciona argumentar: “Mas eu não estou procurando nem esperando nada, estou construindo minha vida, passo a passo, buscando meus objetivos, cuidando de mim”. Sempre haverá o infalível argumento do "inconsciente": “Você PENSA que não está procurando, mas, inconscientemente, você está”.


Também não adianta citar o exemplo contrário, de pessoas carentes e absolutamente incapazes de suportar ficar sozinhas. Gente que pula de um relacionamento para o outro, sem o mais breve período de luto entre eles. Bem, devemos concluir, na mesma linha de raciocínio, que essas pessoas NUNCA estão procurando amor. E você pode até dizer: “Mas a fulana já admitiu que não agüenta ficar sem namorado, que já termina com um pensando em arranjar outro”. A resposta deve ser mais ou menos assim: “Ela PENSA que vive procurando pelo amor, mas inconscientemente está focada em outras coisas”. Uhum.


E ainda, não consigo entender porque essa fórmula funciona exclusivamente para o amor. Ora, ninguém nunca me disse: “Está procurando emprego? Ah, mas assim você não vai trabalhar nunca! Se você quer um trabalho, pense em outras coisas, vá pra balada, aprenda a cozinhar, viaje. Quando você menos esperar, a empresa dos seus sonhos vai telefonar querendo contratá-la”.


Ou ainda: “O melhor jeito pra passar num concurso público é não estudar”. Ou: “Se você quer fazer novos amigos, o ideal é não conversar com as pessoas”. Inexplicavelmente, para encontrar o amor você não pode sequer pensar nele.


Quanto ao que eu disse às minhas amigas, minha intenção era só mostrar que meu campo de visão aumentou, que meus horizontes se ampliaram, que estou vendo as coisas de forma diferente.


É como se, até ontem, meus olhos não reconhecessem a cor azul. Hoje, ao acordar, pela primeira vez enxerguei a cor do céu.


Não quer dizer que, só por isso, azul virou minha cor preferida. Mas meu mundo ficou mais bonito. Deu pra entender agora?


E quanto a estar só, concordo com a Carrie: "Some people are settling down, some people are settling and some people refuse to settle for anything less than butterflies."


Simples, mas não simplista.


Beijos!

terça-feira, setembro 23, 2008

Simples

Uma novidade desagradável do pós-modernismo é o surgimento do Homo Complicatus.

Houve um tempo em que homens costumavam ser criaturas simples. Os provedores do lar. Mas ainda muito mais simples que isso possa parecer. Homens eram simples como peixinhos ornamentais: de acordo com seu tamanho, era determinada a dimensão do aquário em que ele deveria ser criado. Bastava, então, que você o alimentasse na proporção adequada para que ele mantivesse suas funções de acordo com o esperado e não virasse uma bola e morresse. Que você mantivesse a água aquecida o suficiente para que ele não congelasse – nem cozinhasse. E ele não teria nenhum tipo de desculpa na hora da reprodução. Nada de “estou cansado”, ou “desculpa, fiquei nervoso”, ou “isso nunca me aconteceu antes”. Coisa simples, sabe?

Agora não. Agora eles têm crises. Querem conhecer o oceano, trocar de ração, mudar a cor das pedrinhas decorativas, sentem-se angustiados com as bolhas de oxigênio, sufocados pelas algas, pedem vizinhos, mas também fazem questão de ficar sozinhos, exigem que você tire aquele mergulhador com escafandro de gesso porque ele está chamando atenção demais.

Até onde me lembro, complicação era característica de mulher. Mulheres e seus desequilíbrios hormonais; suas tensões pré, pós e durante as menstruações; suas neuroses; dietas loucas; pânico de celulites; inseguranças; enxaquecas; cólicas; efeito sanfona; carências; compulsões por compras e chocolates; bruscas mudanças de humor; a inexplicável (para um homem, claro) necessidade de ter pelo menos cinco pares de sapatos pretos.

Ser maluca era “natural” das mulheres.

E de outra parte existiam os homens. Com suas vozes graves, mãos grandes, desejo sexual constante, necessidade de posse sobre o controle remoto da TV, inabilidade para diálogos sensíveis e incapacidade de fazer duas coisas ao mesmo tempo. As coisas eram simples, eu lembro!

Hoje a gente dá de cara com criaturas estranhas. Parecem homens, falam como homens, andam como homens. Mas têm medo de filme de terror e não podem ver sangue (nem no bife, que deve ser muito bem-passado). São desorganizados e até meio porcos, típicos machões. Mas inventam de ter frescuras logo na cama! Não querem sexo porque o dia foi difícil, porque precisam acordar cedo ou porque comeram demais no jantar. A luz tem que estar apagada, a cortina fechada, o lençol esticado, o telefone fora da tomada, os astros no céu em perfeita conjunção, precisam beber um pouco pra relaxar, mas não demais! Se não, já era.

Além disso, nunca sabem o que querem. Não estão prontos, nem sabem pra quê. Não sabem explicar. Nem entender. Tudo é tão difícil, tão confuso. Oh, vida.

Ai, que chatice.

Se eu quisesse complicação assim, ficava com uma mulher (ao menos as conversas seriam mais divertidas e poderíamos compartilhar roupas). Carinho, respeito, reciprocidade e tesão. A receita é bem simples.

Existe beleza na complexidade, mas não na complicação. Não devemos ser simplistas, mas a simplicidade, na maior parte das vezes, é – simplesmente – a medida certa.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Num futuro não muito distante...

No dia em que ele for o Soberano Universal, exercendo sobre o conjunto de todas as antigas nações a raríssima combinação de virtude e poder, eu serei sua fiel e sábia conselheira. É evidente, pois, que mesmo o mais hábil e sensato dentre os homens não pode governar o mundo inteiro sem alguém que lhe oriente nos momentos de dúvida.


E quem melhor que eu, que ele reconhece como seu alter-ego feminino, para ocupar cargo de tamanha confiança?


Não serão poucos os que se insurgirão contra o despotismo instaurado. Bradarão por justiça, erigindo a flâmula da frágil democracia. Decidiremos juntos com que grau de crueldade silenciaremos os tolos, até que finalmente se dêem conta de que a novidade representa, de fato, o restabelecimento dos pilares da verdadeira justiça.


Sob o jugo do Soberano, será definitivamente extirpada do planeta a hipocrisia do "politicamente correto", da mesma forma que a banalização do humor será duramente punida (adeus, Zorra Total). O sarcasmo, a ironia, e todas as formas de humor inteligente serão considerados expressões artísticas, devidamente valorizados e subsidiados.


Nenhum ser humano será batizado com nomes esdrúxulos, vexatórios. Invencionices deselegantes, grafias toscas, confluências dos nomes dos genitores e estrangeirismos infundados não mais serão permitidos nas certidões de nascimento. Na prática, isso significa o fim dos Vandergleidsons, Analfabetsons, Maykons, Fabriângelas, Kamhillas e coisas do gênero. Será disponibilizada em todos os Cartórios a lista de nomes permitidos. Aqueles que desejarem alcunhar seu rebento com designação diversa daquelas pré-estabelecidas, deverão ingressar junto ao órgão competente com pedido administrativo justificando seu intento. Não caberá recurso da decisão que indeferir a solicitação.


Será instituído rígido sistema de vigilância e punição de infratores no trânsito. Não foram poucas as medidas criadas até hoje com o fito de coibir a direção ofensiva, motoristas embriagados, uso do celular enquanto se dirige. Porém, os malditos que simplesmente não sabem guiar permanecem ilesos, conduzindo seus veículos de forma temerária, a 30 km/h. Os desgraçados que percebem que você está dando sinal com o pisca, alertando que vai entrar na pista à direita, mas eles se recusam a dar a vez, como se fosse uma ofensa pessoal você querer mudar de pista na frente dele. O Soberano Universal tomará todas as providências cabíveis para que os néscios não mais tenham a chance de guiar um veículo automotor, garantindo às pessoas normais um pouco de tranqüilidade no trânsito.


Outra medida importante será ressuscitar o trema, e acabar com a raça dessa gente estúpida que pretende adaptar a Língua Portuguesa ao padrão ordinário da plebe sebenta, em vez de incutir no seio da sociedade um grau mais elevado de cultura.


Esses são apenas alguns exemplos de transformações que serão inseridas no contexto mundial quando o Soberano Universal tomar posse de suas atribuições.


Asseguro que não há razão para temer as mudanças. O mundo será um lugar bem melhor.


Enquanto esse dia não chega, contento-me em saber que faz parte da minha vida uma pessoa de raras virtudes. Um homem de caráter ilibado, que faz questão de conservar valores incomuns em meio à futilidade que domina a maior parte das relações humanas. Que não tem frescura com comida. Que não tem medo de dizer o que pensa, nem de assumir suas falhas. Que não hesita em erguer um "lóque" na bicuda ou estender a mão a um amigo que necessita.


Independentemente de chegarmos um dia ao Poder Universal, ele será sempre meu Ursinho. O cara em quem eu confio mesmo, por isso chamo de melhor amigo.


Vários cafés, almoços, jantares, cervejas. Muitos comentários maldosos e piadas cruéis. Incontáveis referências às suas recordações de músicas, filmes, desenhos animados, especialmente detalhes que ninguém mais lembra. Tantos momentos mágicos brincando de "bobinho" usando o sapato alheio. Cenas inolvidáveis, como você surrando Smeagol com um cabide no escritório. Amizade assim não é pra qualquer pessoa.


Sinho, parabéns pelo seu dia! Sou muito feliz por fazer parte da história de alguns desses seus trinta anos vividos, e mais feliz ainda pela certeza de que farei parte dos vindouros.


Beijos.

domingo, agosto 24, 2008

Coisas da vida

(... continuando)


A primeira coisa a esclarecer sobre o hábito de observar pessoas é que ele, na maior parte das vezes, não conduz o observador a conclusões inesperadas e/ou originais, mas à simples constatação do óbvio.


Por isso, a minha facilidade de prestar atenção ao que nem todo mundo percebe faz com que meus relatos provoquem reações que, geralmente, oscilam entre dois extremos.


É possível que você se sinta estranhamente confortável ao ver alguém expor obviedades. Eu conto coisas que você já sabia, mas nunca ouviu ninguém dizer. E muitas vezes você pensava: “será que todo mundo percebe isso que é tão óbvio pra mim?”, e como parecia tão óbvio, você tinha vergonha de perguntar. Você se liga: “ufa, eu sou normal”.


Mas é possível também que você duvide de mim. Você pode achar que não é possível que num único dia eu tenha visto tanta gente esquisita. Talvez seja mais fácil acreditar que meus relatos não passam de criação da minha imaginação fértil.


Nada me ofende mais que duvidarem de mim.


Porque eu não sou do tipo de pessoa que mente à toa, que inventa histórias só pra ter o que dizer. Não tolero a alcunha de Forrest Gump, sabe? Posso até mentir às vezes, mas apenas quando a mentira me é útil e necessária. Geralmente é pra tranqüilizar alguém. “Não, mãe, o amigo que me deu carona não tinha bebido nada”. “Calma, gatinho, só tinha mulher e meia dúzia de homens feios lá”. Mentirinhas inofensivas, que servem pra poupar o coração de quem me quer bem. Jamais uma bobagem inventada à toa.


Então, sua perplexidade diante das minhas “histórias”, muito provavelmente significa apenas que você anda distraído demais pra observar o óbvio.


Mudando de assunto, mentalmente (lembre-se de que todo esse texto é fruto de uma viagem - física também, porém, preponderantemente mental).


Muito tempo pra pensar na vida pode resultar em divagações inconclusivas acerca de questões fundamentais.


Como, por exemplo, o conflito entre necessidades e vontades, embora elas muitas vezes andem juntas.


Por exemplo: você está com vontade de comer algo. Se não suprir essa vontade por um longo período, ela vai virar uma necessidade, certo? Alimentar-se já não terá mais apenas o objetivo de satisfazer um desejo, mas de manter as funções do seu organismo em ordem e evitar que, eventualmente, você morra e tal.


E tem aquelas coisas que você quer muito, e fica tentando descobrir se “querer muito”, nesses casos, é o mesmo que “precisar”.


Você quer, por exemplo, alguém que fique com você até o último minuto, não porque você pediu ou pela delicadeza de não deixá-la sozinha, mas porque nem pensaria em deixar de aproveitar mais alguns instantes com você, certo?


Você quer alguém que a deseje de uma forma irresistível. Todos os dias e todas as noites. Especialmente de manhã, mas também nas tardes de domingo. Antes e depois do banho. Sempre que tiver uma chance. Ok, acho que deu pra captar a idéia.

Bem, você quer. Então é só uma vontade. Mas se você quer tanto, tanto, tanto, que o fato de não ter torna você uma pessoa menos apta a oferecer o que realmente tem de bom, talvez essa vontade seja uma necessidade. Dá pra entender?


É que você tem uma série de potencialidades, e você quer oferecer o que tem de melhor. Mas, pra isso, você precisa de algumas coisas. Algo um pouco além do básico. Algo além de um cara alfabetizado (ainda que cometa uns errinhos básicos e não saiba usar crase), que tenha todos os dentes na boca (ou pelo menos todos os da frente), e que não tenha nenhum tipo de disfunção erétil (e você nem imaginava que fosse tão difícil encontrar o super-básico).


Você já está acostumada a não ter sempre o que quer – o que é um saco, eu sei. Mas não ter o que você precisa é muito mais desagradável. Tem sempre o lance de que cada escolha implica uma renúncia. Escolher alguém pra ter um relacionamento afetivo, por exemplo, implica renunciar às outras possibilidades. A não ser naqueles casos esquisitos de open relationship, que, pra você, não serve, porque o seu negócio é contrato de exclusividade. Recíproca.

E às vezes você resiste às tentações externas, não porque aquele relacionamento (ou mesmo a promessa de um relacionamento) satisfaça plenamente às suas expectativas, mas porque você sente uma ânsia de se comprometer, de ser só de alguém, de oferecer o que você tem de melhor pra alguém. De ser fiel, fazer massagem, preparar o jantar, ficar linda e cheirosa, ter sempre a palavra certa a dizer, fazer cafuné até ele dormir, olhar com ternura, paixão, admiração ou tesão, dependendo do que o momento exigir, esbanjar confiança, andar de mãos dadas e sempre dizer sim quando ele quiser sexo, porque você sempre quer mais mesmo. Bem mais. Dizer "eu te amo", mesmo que não ame, porque parece ser tão bom dizer quando você ouve os outros.


E às vezes você cede às tentações externas, não porque elas sejam realmente irresistíveis, mas porque de repente constata que não há uma única razão que compense o fato de se privar de qualquer coisa, nem mesmo da mais vã dentre as emoções e sensações da carne.


Você pensa em tudo que oferece e ele nem parece ver. Talvez ele nem saiba o que fazer com tudo isso. Talvez ele até desconfie de que todas as vantagens desse pacote terão um preço, que ele não quer saber qual é, porque não está disposto a pagar. Prefere então não usufruir das vantagens, pra não ser cobrado na seqüência. Ou talvez ele não tenha mesmo nada a oferecer. Será?


E a essa altura da vida, você se repreende diante do espelho: “Yeah, honey, you really should know better”.


Já era tempo de você saber de antemão se aqueles três ou quatro míseros defeitos, que incomodam e desanimam só um pouquinho agora, poderão daqui a uns meses ser motivo pra você cogitar a possibilidade de asfixiá-lo com o travesseiro enquanto dorme. O que não dá certo na vida real, você já tentou com o ex, lembra? Basta o desgraçado respirar pela boca. Só funciona nos filmes.


Você sabe bem que os três ou quatro defeitinhos não seriam nada pra maior parte das mulheres do mundo, mas você sabe também que não é igual a elas.


Algo de instintivo indica que isso não vai dar mesmo certo, e não há sequer o impulso do prazer direcionando sua vontade rumo ao improvável, como já aconteceu outrora.


Mas você ainda insiste. Pensa nas tantas virtudes. Especialmente nas mais raras. Valores, princípios, caráter. Coisas que pra você pesam tanto. Mas... Sem a satisfação das tais vontades-necessidades, será possível equilibrar os pratos na balança?


Well, honey... Sinceramente: se você não sabe agora, será que um dia vai saber?


Boa sorte.


"Quando a lua apareceu ninguém sonhava mais do que eu
Já era tarde, mas a noite é uma criança distraída
Depois que eu envelhecer ninguém precisa mais me dizer
Como é estranho ser humano nessas horas de partida
É o fim da picada, depois da estrada começa uma grande avenida
No fim da avenida, existe uma chance, uma sorte, uma nova saída
São coisas da vida
E a gente se olha, e não sabe
Se vai ou se fica
Qual é a moral? Qual vai ser o final da história?
Eu não tenho nada pra dizer, por isso digo
Que eu não tenho muito o que perder, por isso jogo
Eu não tenho hora pra morrer, por isso sonho"

(Coisas da Vida, Rita Lee)

sexta-feira, agosto 15, 2008

Coisas da vida

Aviso desde já que esse texto vai ser uma viagem. Talvez porque seja resultado de pensamentos soltos que surgiram no meio de uma viagem (uma de verdade). Deveriam ter sido duas semanas de férias, mas acabaram sendo dois dias de folga apenas. Vida de advogada não é fácil.


Como as companhias aéreas andam muito elitistas e não querem saber de gente pobre fazendo turismo, curtindo a vida, visitando gatinhos e coisas do gênero, tive que encarar um busão mesmo.


E aí? Bom, aí que vinte e seis horas de viagem (contando a ida e a volta), ainda que eu tenha dormido durante várias delas, é tempo suficiente pra pensar em muita coisa. E ainda tive mais muitas horas de agradável e bem-vinda solidão para refletir sobre a vida, em dois dias que eu passei na praia tendo apenas a companhia dos muitos gringos desconhecidos e vendedores ambulantes em profusão, enquanto meu anfitrião tinha lá seus compromissos profissionais.


Já ouviu falar em observadores de pássaros? Pois é, os caras levam o negócio super a sério. Muitos atravessam continentes apenas para acompanhar as aves que migram nas estações do ano.


Ciente disso, não há razão para você demonstrar alguma estranheza diante dessa declaração: meu hobby é observar seres humanos.


Não se trata de voyeurismo. Não tenho nenhuma tara de obter satisfação sexual ao observar gente fazendo o que não quer (ou, às vezes, até quer) que seja visto.


Pra você entender melhor esse meu hábito – que no fundo é também uma capacidade – posso dar alguns exemplos. Graças à atenção que dedico às pessoas, sou capaz de descrever detalhes que talvez passassem despercebidos por outros sujeitos nas mesmas cenas.


Posso citar meu vizinho de banco durante a viagem de ida ao Rio. Gordinho, cerca de trinta anos de idade, camiseta cor-de-rosa meio curta e justa, esparramado, socando na bolsa vários copos de água mineral servidos aos passageiros do ônibus. Acendi a luz para ler meu livro, ele disse: “Pode acender as duas. Obrigado”. Pronunciando pausadamente cada sílaba. “Será que tenho cara de retardada?”, pensei. Bem, talvez ele fosse retardado. Apaguei a luz. “Pode apagar as duas. O-bri-ga-do”.


O gordinho não levantou uma única vez durante a viagem, em nenhuma das paradas, nem foi ao banheiro. Ônibus leito, eu no banco da janela, maior malabarismo pra saltar a poltrona do dorminhoco, dar uma saidinha pra lavar o rosto e comer um salgado suspeito. Só voltou a dar sinal de vida com o ônibus já próximo da rodoviária, quando exclamou para o nada: “De volta ao Rio!”.


Eu reparo nas pessoas. Não é nem pra botar defeito. Gosto de ver como são. Observo trejeitos no garçom, divirto-me com as entonações que os vendedores ambulantes dão aos estranhos slogans que criam para seus produtos.


Prefiro gastar meu tempo conversando com o Seu Baiano – vendedor de canga, cujo filho avisa quando tem promoção de vôo da Gol pra Salvador na internet – do que dar moral pra um idiota qualquer que se considera erudito. Seu Baiano mora no Rio há 25 anos, acha a cidade linda demais. E me conta que o Carnaval em Salvador “é encantado, todas as maiores bandas do mundo tocam lá”. Comprei dele duas cangas, cada uma R$ 1,00 mais cara do que as que um carioca me ofereceu na calçada em Copacabana. Decidi que a simpatia e bom humor que Seu Baiano esbanjava valiam os R$ 2,00 a mais. Velhinho, de aparência cansada, pele maltratada pelo sol, andando o dia todo na areia carregando um fardo de tecidos coloridos. Sempre sorrindo.


Seu Severino, o taxista, aponta o alto de um morro e me diz: “antigamente isso aqui era uma favela. Morei nela quando era criança. Se todo Governador tivesse feito como o Lacerda, hoje não tinha favela aqui. Não é que eu ache que pobre não pode morar na zona sul, mas é que aí virou essa festa dos traficantes”. Opinião anotada, Seu Severino.


Em Ipanema, fiquei os dois dias ao lado de um quiosque de um carioca malandro que tinha quase de tudo pra oferecer aos fregueses: cadeira, guarda-sol, cerveja, água mineral, refrigerante, água de coco, ducha e muito papo. Perguntou de onde eu era e até quando ficava no Rio. Perguntou-me o que seria da vida dele se eu fosse embora pra não voltar mais. Eu garanti que ele sobreviveria. A mulher dele chegou à praia, com o filho no colo, e nada mais de gracinhas pro meu lado. Não pude deixar de perceber que só ela usava aliança. Ganhei desconto na hora de fechar minha conta.


Voltando da praia pela Avenida Atlântica, um velho maluco me perseguiu por duas quadras, movendo os lábios como se dissesse algo que eu não podia escutar. Entrei no Bob’s, fiz um lanche, fiquei por lá uns 15 minutos. Quando saí, lá estava o velhote, parado e ainda me olhando. Continuou andando atrás de mim. Atravessei a rua com o sinal fechado para os pedestres, e parece que os cariocas têm o maior medo disso. O velho desistiu, resmungando para o semáforo.


Na volta pra casa, espero na fila enquanto o rapaz abre o porta-malas para guardar as bagagens. À minha frente, um jovem casal de namorados. Gente mediana, não feia demais, mas longe de ser bonita. Conversam sobre banalidades de mãos dadas, trocam beijos e abraços sem parar.


Ela se queixa do mau cheiro do lugar, ele explica, com ar de sabedoria, mas sem arrogância: “Rodoviária é assim, cheira a diesel, pneu queimado”, ela ri, mesmo sem ter graça. Ela pergunta se ele quer água, chamando-o de chuchu. Insípidos como um par de chuchus, os dois se beijam, felizes com a superficialidade de seus diálogos e a profundidade de seu afeto. Recíproco.


Eu não conseguia dormir, pensando nas coisas da vida, quando o rapaz acordou e ajeitou a coberta da namorada adormecida. Beijou-lhe a testa e voltou a dormir.


Naquele momento, decidi. Na próxima parada do ônibus, quando, às 5h da manhã, a garçonete me dissesse “bom dia, em que posso ajudar?”, eu pediria: “Por gentileza, me veja uma lobotomia e um namorado bobo, apaixonado e bem bonzinho. Obrigada”.


[continua...]

sexta-feira, julho 25, 2008

Um novo amor

Eu ainda nem sabia da sua existência quando decidi que precisava ter você. Algo em mim anunciava que minha vida seria muito mais feliz quando você chegasse.

Essa conquista não foi fácil. Empreendi árduos esforços e, ainda assim, tive que contar com o auxílio de alguém especial pra mim...


Enfim, agora que tenho você, devo admitir: nossa relação é meio cansativa às vezes. De verdade, você me dá o maior trabalhão. Estou sempre consertando os seus estragos. Preocupo-me constantemente com seu bem-estar, com sua saúde. Detesto deixar você sem companhia e sinto tantas saudades... Mas tudo isso é muito pouco se comparado à felicidade que você trouxe para os meus dias.


Poucas coisas são tão encantadoras quanto seus olhinhos doces e sua expressão meiga. Sua alegria cada vez que me vê. Seu jeitinho de se aconchegar e dormir, como um anjo, depois do meu cafuné.


Todo dia eu agradeço por você ter me apresentado a uma forma de amor que eu nem sabia que existia.


Amor pra cachorro, não é, neném?


Nina Simone Fischer, mamãe te ama muito.


quarta-feira, julho 02, 2008

Gato escaldado tem medo de água fria.

No mês de maio escrevi um texto direcionado a mulheres com mania de se apaixonar ("Sad, sad song"). Não falo daquela coisa saudável de se entregar a um sentimento correspondido, mas do hábito de enxergar em qualquer novo gatinho um príncipe em potencial, de se iludir, imaginar qualidades que não existem, e, quase invariavelmente, terminar decepcionada, frustrada, triste. Trata-se, como diria Fafá de Belém, de viver inventando paixões pra fugir da saudade. Mas, depois da cama, a realidade...


Não foi difícil encontrar matéria prima para o texto. Eu também já cansei de inventar paixões. Já faz muito tempo que eu tenho uma lista de critérios que considero essenciais num homem. E faz muito tempo, também, que ignoro essas características básicas pra tentar enquadrar nos meus sonhos alguém que simplesmente não cabe ali, dá pra ver de longe.

Vamos à listinha: ele deve ser inteligente, honesto, fiel, carinhoso, trabalhador, cheiroso. Não precisa ser lindo, mas tem que me despertar atração física e ser um pouquinho tarado. Na medida certa, sem jamais me faltar com o respeito. Precisa gostar de crianças e de animais, respeitar os velhinhos e amar a família. Deve adorar o jeito que eu escrevo e admirar minhas virtudes. Tem que dirigir bem. Do jeito que eu e minhas amigas sempre comentamos que um HOMEM deve dirigir. E tem que saber cuidar de mim.

Claro que existem tantas outras coisas que podem me encantar (barriga de tanquinho, braços fortes, tocar violão, cantar, saber dançar, vestir-se bem, cozinhar, escrever bem, whatever), mas isso é tudo supérfluo. São características que, quando existentes, agregam, mas sua falta é superável.

Exemplo: posso conviver com um cara que tenha um gosto musical duvidoso e use regata (desde que apenas em situações sociais que comportam essa vestimenta horrorosa – vide “Coisas que me irritam - (1ª parte)”). Mas não posso tolerar um homem sem caráter.

Construí essa imagem a partir de certos homens que eu conheço (meu tio, meu padrinho, pais de amigas minhas), já que eu nunca tive a sorte de uma figura paterna que me inspirasse admiração profunda. Sabe aquele cara que ama a família acima de tudo? Que, não importa o tamanho do problema, sempre dá um jeito na situação? Que jamais vai deixar os pais, a mulher e os filhos desamparados? É um cara assim que eu quero do meu lado.

Olhando assim, pode parecer muita coisa, mas... Será mesmo? Ou será que o egoísmo, a falta de consideração e de respeito já se tornaram tão comuns aos nossos olhos que começamos a considerar que o básico já é pedir demais (pergunta retórica, não precisa responder, tá?)?

Incontáveis vezes eu me deixei conduzir pelo imperativo da natureza, que se utiliza de hormônios, feromônios e outros artifícios sórdidos para garantir a perpetuação da espécie. Gostamos de acreditar que é amor, uma coisa mágica, extraordinária e, ainda, que é escolha nossa. Balela. Não passa de mero instinto. Mas não deve ser à toa que somos dotados da capacidade de raciocínio, que pode muito bem ser aliada às características herdadas de ancestrais primitivos, que talvez escolhessem seus parceiros exclusivamente pelo cheiro e pela quantidade de pêlos (indica testosterona abundante).

É embaraçoso admitir que, tantas vezes, eu me permiti apaixonar por indivíduos que não tinham quase nada a ver comigo. Tantas vezes eu adaptei aquela minha listinha de critérios básicos pra fingir que o cara servia. “Ok, ele não trabalha, mas é tããão eloqüente, né? Olha só como escreve bem!”. Ou “honestidade não é o forte dele, mas pelo menos ele é muito gato”. Ou “ele não tem o mínimo de respeito pela mãe, mas até hoje nunca tentou me agredir”. Ou ainda “ele não é muito afeito aos hábitos básicos de higiene, nunca foi fiel a mulher alguma, exige todo o carinho do mundo e não dá nem metade disso, nem sempre me respeita, nem pensa em cuidar de mim, mas... Pelo menos é bom de cama”. Ou “seu desempenho na cama é medíocre, ele nunca lê meus textos e não sabe me dar valor, mas... Mas...”. É... Às vezes fica difícil até pra uma mulher cega de paixão justificar as debilidades de um homem.

Claro que alguém pode achar que estou pedindo mais do que mereço, mas quem aí vai ter coragem de dizer que não sou inteligente (é óbvio que comentários nesse sentido jamais serão publicados, hehehe)? Eu trabalho, sou honesta, carinhosa e fiel mesmo antes de firmar um compromisso. Minha postura no mercado de ações é prudente, espero retorno das minhas aplicações, mas não gosto de diversificar meu portfólio de investimentos.

Mais: qualquer pessoa que dê uma fungada aqui no meu cangote sabe que também sou cheirosa. Posso não ser linda, mas atração física é algo muito subjetivo, certo? Tarada eu sou um pouquinho mesmo, admito. Adoro crianças e animais, respeito os velhinhos e amo muito minha família e meus amigos. Admiro, incentivo e ressalto as virtudes do homem que chamo de meu. E sempre cuido bem de quem eu gosto. Faço surpresinhas românticas, preparo uma comidinha trivial, que é o máximo que meus dotes culinários permitem, faço massagem, preocupo-me com a saúde, o bem estar, e tantas outras coisas.

Então não venha me dizer que eu devo me contentar com menos do que eu ofereço, ok?

Cansei, gente. Cheguei ao limite da exaustão, após tantas vezes tentar me convencer de que eu podia aturar as deficiências no caráter de alguém apenas porque eu estava apaixonada. Ou porque, no fundo, ele era um “bom menino”. O problema é esse mesmo: cansei de meninos! Pouca diferença faz se é um mau menino, merecedor de castigo, ou um bom menino, que ganha presente do velho Noel.

Já chega de cuidar de meninos e relevar suas falhas enxergando um enorme potencial que jamais é colocado em prática. Porque os meninos, hoje em dia, demoram tempo demais pra crescer, não é verdade?

E depois de tantas decepções, acredito que aprendi mesmo a conter meu impulso primário de me apaixonar, de me entregar sempre como se fosse a primeira vez. Como disse R., comentando aquele texto que citei lá no primeiro parágrafo, “passamos dos 20 e vamos nos tornando um bando de semi-adultos ranzinzas e medrosos, né? Nos vinte e meios, totalmente escaldados. Um tanto deprimente isso”.

Pois é. Difícil dizer qual imagem é mais deprimente: uma criatura desesperada por se apaixonar por qualquer pessoa, pra suprir o vazio que é a falta de uma companhia; ou alguém amedrontado por fracassos pretéritos, que deixa definitivamente de apostar no sucesso de uma nova relação.

Eu ainda insisto em crer no possível equilíbrio. Entregar-me, porém com algum cuidado. Acreditar que alguém pode, sim, ser diferente dos que me desapontaram. Que pode ser especial e capaz de se encaixar nos meus critérios como são, sem que eu que eu precise elastecê-los ao ponto de deformar meus próprios sonhos. Pode, sim, ter defeitos toleráveis, e tolerar os meus defeitos.

Eu acredito (em duendes).

Ops. Acredito que as coisas podem dar certo, que duas pessoas podem ser felizes juntas, nem que seja só por um tempo. Acredito que, se não der certo, ainda dá pra manter a amizade, a consideração e o respeito. Ainda acho mais fácil (e menos doloroso) crer nessa possibilidade do que me conformar com a idéia de que todas as pessoas estão na guerra com o objetivo exclusivo de tentar satisfazer seus desejos insaciáveis, sem jamais sequer pensar nos sentimentos alheios.

Só que a voz da experiência me incentiva a encarar o inédito com cautela.

Já não mergulho de cabeça, porque geralmente as águas são turvas e os lagos são rasos. A tendência é rachar o crânio nas pedras.

Mas vamos sem pressa, sentindo na pontinha do pé se a temperatura da água está confortável... Parece que sim.

Gato escaldado tem medo de água fria. Mas, peixinho que sou, um dia ainda volto a nadar.

Beijos.

quinta-feira, junho 12, 2008

30 anos...

Numa galáxia muito distante, num planetinha vermelho e dourado, havia um povo de compleição etérea. Seres constituídos de uma energia mais fina e mais leve que a luz.


Comunicavam-se telepaticamente numa freqüência muito elevada, trocando informações variadas num ritmo alucinante.


Dotados da capacidade de teletransporte e donos de uma curiosidade ímpar, visitavam planetas pelo universo afora, no ímpeto de saciar sua eterna sede de conhecimento.


Foi num desses passeios intergalácticos que uma das criaturas despencou na Terra, ignorando os alertas de seus semelhantes sobre os perigos do tal planeta. Estava entusiasmada com a idéia de conhecer os seres vivos que nele viviam, experimentar novas formas de conhecimento e de sensações.


Adotou a forma humana, para se ajustar às condições do novo meio que habitaria. Surgiu no seio de uma família tão esquisita e tão normal quanto a maioria das outras, e desenvolveu-se como uma criança qualquer. Mas, por mais que procurasse se adaptar e parecer comum, desde muito cedo transparecia algo de muito diferente.


Não conseguia se desfazer totalmente de sua maneira antiga de ser, conservando, por exemplo, o estranho hábito de tentar se mover mais rápido do que seu corpo físico permitia. Assim, quando pequena, lançava os bracinhos para o ar e saía em disparada, até que as perninhas se embaralhassem e a levassem de encontro ao chão. Não havia, porém, tempo para choradeira. Tanto do mundo permanecia inexplorado, e ela queria conhecer tudo.


Sua habilidade de comunicação e a capacidade impressionante de agregar pessoas, dos mais diferentes tipos, eram mais características que chamavam atenção por onde ela passasse. Seu segredo, porém, estava seguro. É que os humanos eram tolos e céticos demais para poderem sequer desconfiar que aqueles estranhos sinais remetessem, de fato, às suas surpreendentes origens.


As fases da vida humana foram se seguindo. Aquele estranho ser não perdeu a oportunidade, ao longo do tempo, de cumprir a missão que havia proposto a si mesmo: experimentar. Conhecer lugares, pessoas, formas de pensar, jeitos de agir. Adquirir habilidades, perceber, captar, compreender.


Por óbvio, ao interagir com as pessoas em busca do novo, acabou descobrindo também diversos meios de se doar, de fazer gente feliz, de transmitir conhecimento.


E, apesar de se decepcionar profundamente ao ver as mazelas do mundo que escolheu habitar, nele conheceu muitas coisas encantadoras: a paixão, a amizade, a música, a filosofia, o sorriso, a gargalhada, a dança, o amor... Por mais que, muitas vezes, não conseguisse compreender perfeitamente os espécimes humanos, eles sempre lhe despertaram alguma compaixão (com raras exceções).


Hoje faz exatamente 30 anos que essa estranha e magnífica forma de vida pousou por aqui. Transformou-se numa mulher linda, de todas as formas que a beleza consegue se manifestar numa pessoa. Uma personalidade única, admirável, de opiniões consistentes, caráter reto, olhar transparente, sorriso sincero e contagiante. Quadris descontrolados ao som de certas canções. Competência, organização e perseverança nos seus projetos de vida. E uma bondade no coração que ela nem sabe o quanto é rara.


Costumam chamá-la de Letícia, ou de Lê.


Eu chamo de melhor amiga. Irmã. Amor.


Espero que ela não se importe por eu ter revelado suas origens. É claro que a maior parte das pessoas jamais imaginaria, mas pra mim foi sempre evidente que alguém tão especial não poderia ser desse mundo.


Desejo com toda minha força que todos os seus sonhos se realizem, e que o meu planeta tenha a sorte de tê-la por aqui por muitas e muitas outras décadas.


Sis, a vida é mais feliz e o mundo é um lugar bem melhor porque você existe.


Muito obrigada por ter vindo (ao mundo). Amo você.


Clica que aumenta!

terça-feira, junho 03, 2008

Resoluções de meio de ano

Oi, zentsi, tudo bem-nhê?


Vocês se deram conta de que já estamos em junho? Segunda metade de 2008!

Momento ideal para dar aquela vasculhada na memória e verificar como andam as famosas resoluções de ano novo!


Claro que nem todo mundo faz uma listinha de metas, pula 7 ondinhas, usa determinadas cores na virada do ano e tal. Mas até mesmo os mais céticos costumam pensar em alguma coisa que pretendem realizar – um curso, uma viagem, organizar o armário, dar uma aquecida numa relação que anda morna, whatever. Não é necessariamente uma questão de crença, é cronograma mesmo! As empresas também não fazem balanços de tempos em tempos? Então.


Eu, particularmente, considero sensacional a invenção do tempo em fatias. Se tivesse que pensar no futuro como um único bloco compensado de opções em aberto, provavelmente a visão seria tão assustadora por sua própria magnitude que eu me recolheria quietinha no passado, com medo de fazer escolhas equivocadas.


Bem mais fácil e seguro pensar nas coisas a curto prazo: se os planos não derem certo, no próximo ano eu invento um jeito novo de ser eu mesma.


Já nem me lembro de todas as minhas resoluções de ano novo, mas sei que tive que deixar quase todas (se não todas) de lado, em razão de circunstâncias totalmente alheias à minha vontade.


Devo admitir, porém, que estou razoavelmente satisfeita com meu desempenho, já que eu consegui resolver e dar conta de todas as questões inesperadas que surgiram, que acabaram se mostrando bem mais urgentes e necessárias que as minhas metas originais.


Não digo que seja agradável receber um banho gelado de realidade, deixando submersos numa névoa densa os meus combalidos sonhos. Por muitas vezes eu me vi profundamente desanimada, longe de vislumbrar uma saída. Sabe quando todo mundo diz: “calma, é só uma fase”, mas você simplesmente não consegue enxergar um meio de fazer a tal “fase” passar?


Enfim. Não sei se dá pra qualificar como uma solução, mas encontrei uma maneira de tornar as coisas mais leves, mais suportáveis: trazer para bem mais perto o meu horizonte. Tentar enxergar ao longe e não avistar nada além da neblina é sempre um desalento. Por isso adoto o lema do Alcoólicos Anônimos (onde, inclusive, já pensei algumas vezes em buscar socorro, hehehe): “um dia de cada vez”. Ainda mais fácil do que “um ano de cada vez”.


Anyway, fazer o balanço do primeiro semestre do ano e concluir que, apesar dos percalços, meu desempenho foi muito positivo, reavivou minhas forças para voltar a pensar em mim. Claro que isso não significa que eu pretenda deixar de pensar nas pessoas que ainda dependem de mim. Por mais que a responsabilidade tenha me atingido feito um piano de cauda despencado de um andaime sobre meu desavisado crânio, reunidos os destroços de mim mesma, não é do meu feitio fugir do que me cabe.


O que importa é que eu decidi cuidar de mim, de algum jeito, com ou sem grana, independentemente de atitudes desonrosas de quem devia estar carregando esse peso no meu lugar. Alguns projetos já estão em andamento, outros prestes a serem executados, outros em fase de elaboração.


A cada dia supero uma série de dificuldades. Quando vou dormir, eu sei que a maior parte dos problemas ainda vai existir quando o despertador tocar, o que talvez faça com que o verbo “superar” pareça um tanto inadequado à situação. Mas eu sei que supero, pelo simples fato de ainda levantar pela manhã, e de não ser uma pessoa constantemente surtada e insuportável (só de vez em quando, néam?).


Claro que escolher realizar determinados projetos implica em renunciar a outras coisas. Por exemplo, para enfrentar a segunda metade do ano linda e gostosa com 4 cm a menos de cintura e 4 kg a menos, precisei renunciar aos meus hábitos alimentares de ogra e adotar uma p*rra de uma dieta saudável. Saco.


Sabendo que eu sou muito mais forte do que sequer imaginava, fica bem mais fácil acreditar na minha capacidade de realizar meus planos de dominar o mundo ser feliz. Muahahahaha (gargalhada maquiavélica, esfregando as mãozinhas)...


Beijos

segunda-feira, maio 19, 2008

Sad, sad song.

Se o texto a seguir fosse uma canção, e eu fosse o locutor de uma rádio brega, anunciaria agora, empostando a voz: “Essa vai especialmente para você, minha amiga, mulher... Você que já se apaixonou, que já se entregou de corpo e alma a alguém que não soube dar valor... Você que teve seu coração dilacerado por mais de uma vez, e que, apesar de toda a dor, nunca [pausa para um breve ar de suspense], nunca desiste de amar”.


Aos primeiros acordes tristes, a amiga ouvinte já estaria vertendo lágrimas, abraçada ao travesseiro, pensando naquele safado, ingrato... Depois de tudo que ela fez por ele! E todo amor que ainda havia guardado dentro dela, esperando só o momento certo de transbordar e tornar a vida dele uma coisa mística, mágica, inexplicável... O que fazer dele?


É, colega. Se você é mulher e tem mais de 12 anos de idade, existe uma probabilidade imensa de que já tenha descoberto essa verdade: estar apaixonada pode ser a melhor ou a pior sensação na vida de uma pessoa.


A pior, porque deixa na gente um vazio insuportável que parece que nada consegue preencher (por gentileza, sem pensar em sacanagem, é de outro tipo de vazio que estou falando). A capacidade dos pulmões parece pouca para a necessidade de ar. Viver é uma seqüência infinda de momentos de angústia. Será que ele vai ligar? Será que é só meu? Será que sente minha falta como eu sinto a dele?


Pobre criatura apaixonada... Dorme e acorda pensando naquele que, quiçá, será a realização de seus anseios românticos. Olha pra ele com uma doçura que esconde uma vontade desesperada de suplicar: “Por favor, não me magoe”.


Em 99% dos momentos, estar apaixonada é um suplício. Não é à toa, querida. Paixão é sinônimo de sofrimento, martírio (de Cristo), cólera, excesso, mágoa. Olha lá no dicionário. Não tem como esse troço não fazer sofrer. A razão pela qual a gente insiste está naquele 1% que resta.


Ah, que sensação maravilhosa quando ele corresponde. Quando ele também tem medo de perder. Quando ele também acorda pensando no seu nome. O sofrimento de um ameniza o do outro. A reciprocidade acalma. É uma coisa linda demais. Duas pessoas apaixonadas uma pela outra, ao mesmo tempo, no mesmo lugar? Não é tão fácil de acontecer. Claro que se vê todos os dias dezenas de casais de mãos dadas desfilando por aí, desafiando a solidão alheia.


Mas não se engane, cara leitora. Existem milhares de motivos para as pessoas estarem juntas, além da paixão e, que dizer então, do amor? O amor é raro. Casais se formam por carência, conveniência, afinidade, amizade. As pessoas cansam de ficar sozinhas e... tcharammm! Chamam qualquer coisiquinha marromenos de “amor”.


A ciência já comprovou que a paixão atua no cérebro como uma droga. E não faz todo sentido do mundo? Uma droga que causa sensações deliciosas, mas cujos efeitos colaterais nunca compensam. E pior: o negócio vicia.


Então, prezada leitora. É aqui que vai meu recado, especialmente do meu coração para o seu. Não se deixe levar por essa vontade louca de se apaixonar.


Quanto tempo da sua vida você dedicou àquele cara que apostava ser o homem da sua vida? E no fim descobriu que ele não era nada do que você imaginava, certo?


Explique-me, pois, com base em que critérios você pode acreditar que esse outro, que conhece há cerca de 3 semanas, e que até o presente momento não deu qualquer sinal de corresponder ao seu interesse, poderá eventualmente fazê-la feliz?


Não digo que o cara não tenha o material para isso, que ele não seja legal, uma boa pessoa. Mas boas pessoas também fazem sofrer, também magoam. Até sua mãe, que é uma senhora de comportamento ilibado, pode pisar na bola de vez em quando, não pode? E mesmo que o cara não faça nada pra magoá-la, mesmo que a respeite, se ele simplesmente não desejá-la com a mesma urgência com que você o deseja, isso já bastará pra fazê-la sofrer feito um cão sarnento.


Vamos com calma, honey. Relax, take it easy.


Não faz muito tempo que um cara legal assumiu o posto de maior decepção da minha vida. Aquele sujeito sorridente, com jeito de bom moço, adorado pelos amigos. Conseguiu a façanha de acabar com a minha inocência: graças a ele eu desconfio de todo mundo (até de você, lendo aí com cara de bobo. Você mesmo. Tão bonitinho).


E mais: as palavras têm poder. Não, não é discurso religioso nem esotérico. É muito sério. Quando eu estava com o pseudo bom moço supracitado, foram as palavras que me conduziram à ruína. É certo que eu estava morrendo de vontade de me apaixonar, mas eu tinha medo (e o medo é que salva a gente das enrascadas da vida). Porém, minhas amigas insistiam em dizer que eu estava apaixonada, até que eu terminei admitindo. E aí, colega, no momento em que você diz as palavras, já era.


O cérebro capta a mensagem rapidinho e sua vida está imediatamente voltada àquele sentimento que consome suas entranhas.


Aprendi uma lição que quero compartilhar com você: a gente só se entrega à paixão depois que o alvo prova que merece. Antes você se mantém num estado de iminência: “Olha só, honey, posso me apaixonar a qualquer instante, só depende de você”. Deve ser por isso que em inglês se diz "fall in love", porque a gente cai. Às vezes de cara, às vezes de quatro (hum), e muitas vezes se machuca. Mas, se eu estiver atenta, posso escolher entre cair feito uma trouxa na pegadinha do Malandro ou me jogar mesmo, porque percebi que o moço vale a pena.


Compreendi que não é só para os outros que as palavras não devem ser pronunciadas, mas pra mim mesma! Por mais que eu goste de um cara e tenha uma certa predisposição a me apaixonar por ele, continuo disponível no mercado. Afinal de contas, eu não assinei um contrato de exclusividade (leia-se: não estou namorando). O que existe apenas é uma relação de preferência. Entre ele e os outros, eu prefiro estar com ele. Se ficar com outro representar alguma forma de ameaça ao que eu tenho com o gatinho, prefiro deixar pra lá. A preferência fala mais alto.


Mas todo mundo sabe que quem não dá assistência perde a preferência (e viva a concorrência!). Se o cara souber cuidar de mim, ótemo. Ganha o direito de receber o que tenho de melhor: meu sentimento. Único, exclusivo, pessoal e intransferível.


Enquanto isso não acontece, ele é o cara que eu curto e que eu respeito. Não faço nada que não gostaria que ele fizesse comigo. Afinal, é um cara legal, até que haja prova em contrário. Provavelmente, apenas alguém com quem eu vou viver bons momentos enquanto o homem da minha vida não aparece (a gente precisa se divertir, também).


Para todos os efeitos, a única pessoa que eu realmente conheço nessa relação sou eu!


Eu sei o que tenho a oferecer, e às vezes dou umas amostras grátis, porque a gente também tem que saber fazer o marketing pessoal. Tudo dentro de certos limites, claro. Talvez não seja o caso de dizer "querido, pára e pensa: se assim eu já sou boa de cama, imagine só se eu te amasse". Talvez.


Sei também de quanto amor, carinho e cuidado eu preciso pra ser feliz. Eu conheço meus defeitos e minhas virtudes, e sei que adoro cuidar bem de quem eu gosto... Mas não posso deixar que meu desejo de amar me transforme numa ameba.


Claro que não é fácil! Uma vez que você se entrega ao sentimento, ouvir esse tipo de alerta é tão útil quanto aqueles e-mails sobre técnicas de penis enlargement que eu recebo. Mas nunca é tarde para tentar resistir! Vale a pena lutar contra esse desejo patético e infantil de transformar qualquer gatinho bom de cama num protótipo de príncipe encantado!


Por fim, eu sei que não tenho moral pra dar conselhos, já que eu também quebrei a fuça bem desse mesmo jeitinho aí. Mas dou mesmo assim (conseeelhos! Eita gente maldosa). E não arrisco dizer que estou completamente imunizada, porque o maldito vírus da paixão é mutante, sempre arranja uma forma de derrubar os incautos - especialmente os que se julgam mais fortes do que realmente são.


Não quero vê-la sofrer. Não quero também que você perca as oportunidades que brotam de todos os cantos porque está cega de paixão (efeito colateral). Não quero você ligando aqui na rádio pedindo pra tocar de novo aquela velha canção que faz você chorar. Vou tocar um funk e a gente dança até o chão, ok?


Besitos.

"This is the way you left me,
I'm not pretending,
No hope, no love, no glory,
No happy ending
This is the way that we love,
Like it's forever,
Then live the rest of our life,
But not together".
(
Happy Ending - Mika)