quinta-feira, outubro 09, 2008

E-mail para Ciça hoje pela manhã

Olha só, tô super chateada com você. Porque a gente estava viajando com a galera, e à noite todo mundo se reuniu numa clareira, e no centro tinha um monte de folhas (de árvores) tingidas de cores diferentes. Aí, a moça disse que era pra cada pessoa pegar uma e quem tivesse as folhas da mesma cor formava uma equipe.


Eu peguei várias folhas azuis para entregar pras pessoas que eu queria no meu time, mas você e a Lê preferiram ficar com as suas folhas roxas. Traidoras...

Daí eu entrei sozinha na casa mal-assombrada e duas moças mortas vieram falar comigo. No começo foi meio chato porque eu estava apavorada, mas depois descobri que elas eram gente boa. Ambas eram ex-esposas do Rei Henrique VIII, que tinha mandado matá-las. O problema foi quando o Rei chegou e me viu conversando com as duas fantasmas e resolveu mandar me matar também, mas eu consegui seduzi-lo e ele acabou resolvendo me deixar viva pra satisfazer sua lascívia. Ufa... [Detalhe: o Rei era aquele da série The Tudors, que passa no People and Arts, não aquele que aparece nos retratos pintados na época, ok?]


Quando todo mundo estava dormindo, eu saí pra procurar meu namorado, quando passei pela cozinha e resolvi ver o que tinha na geladeira, e ao abri-la descobri todo tipo de guloseimas de chocolate e acabei esquecendo meu namorado...

Viu só a confusão em que vc me meteu??? Custava ter ficado na minha equipe???

Hunf.

Resposta da Ciça: "Hahahahahahahahahahahahahahahahahaha
Mas a culpa não é só minha... Hunf... Briga com a Lê também!"

Minha resposta:

É, mas a Lê só foi pra equipe roxa por causa do Guico. Hunf.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Rapidinha

Oi, gentemmm... Já, já vem texto novo por aí (está pronto na minha cabeça). E é bom que você já tenha lido o anterior antes de vir clamar por novidades. Hunf.

Hoje quero apenas manifestar a minha satisfação por ter se encerrado o período eleitoral. Embora nenhum dos meus candidatos tenha sido eleito (pra variar... Tenho a impresão de estar sempre nadando contra a correnteza), graças às poderosas forças do Cosmos vai demorar mais um tempo pra eu ter que ouvir novamente os malditos jingles de campanha!

Eu ouço música constantemente, em quase todas as situações. Mas, olha, nunca meus fones de ouvido foram tão imprescindíveis! No curto intervalo entre uma música e outra eu já me desesperava ao ouvir um carro de som passando na rua com uma musiquinha indescritivelmente chata! Dezenas de hits sertanejos tiveram suas letras adaptadas, a dança do quadrado me irritou ao cubo, as piores melodias foram associadas às vozes mais irritantes cantando as letras mais estapafúrdias.

Ao verificar a lista dos vereadores eleitos na minha cidade, constato que os candidatos mais esdrúxulos do mundo, bem como os donos dos jingles mais insuportáveis do Universo, ÓBVIO, vão integrar a nossa Câmara Municipal.

Todos os dias, andando pelo calçadão da XV de Novembro, deixava o volume do meu MP3 Player no talo pra tentar não ouvir o memorável slogan da campanha de determinado candidato. Sim, eu reconheço que foi MUITO bem bolado, já que até agora eu simplesmente não consigo esquecer o número do cidadão, e ele foi o 6º mais votado da capital paranaense. Eu nem conheço o cara ou seus projetos, porque eu já tinha candidato (o 76º mais votado... no comments), mas juro que jamais votaria nele, só de raiva daquele jingle dos infernos.

Evidentemente, a minha opinião não conta nadica. E viva os eficientes publicitários!

Agora, de volta à programação normal. Mas só vou ficar feliz mesmo quando não tiver mais essa sujeirada espalhada pela cidade. No dia seguinte às votações, depois das promessas de intensa fiscalização pela Polícia Militar, o que se vê é um enorme tapete de diabinhos, digo, de santinhos (acho que não deveríamos mesmo chamar esse modelo de publicidade por esse nome), especialmente nas regiões em torno nos colégios eleitorais. Como aqui em Curitiba a chuva resolve cair quando menos se espera, o saldo pós-eleições é um prato cheio pra entupir os bueiros...

Ô, Sr. Prefeito reeleito, preservador do legado lernista e provável futuro governador do Estado: por gentileza, manda o pessoal da limpeza dar uma passada aqui no Bacacheri que a coisa tá feia!

Beeeijo, outro, tchau.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Novas cores e borboletas


No derradeiro post eu fiz um esboço do meu apreço pela simplicidade e do meu desprezo pelo simplismo. Conceitos bem diferentes, diga-se de passagem. Entremos um pouco mais fundo (ui) nesse assunto.


Teorias simplistas, respostas prontas em tamanho único que devem se encaixar em qualquer tipo de pergunta são, no mínimo, boring. Nada mais frustrante que ver uma idéia original ser reduzida a uma dessas fórmulas banais.


Movida por mudanças drásticas na minha rotina, algumas, inclusive, alheias à minha vontade, tive a chance de reestruturar alguns padrões de pensamento. Por mais diferentes que as coisas estejam (o horário de acordar, as decisões que finalmente consegui transformar em novos hábitos, a dieta, os planos etc.), é inegável que a maior transformação aconteceu na minha forma de ver, interpretar e valorar fatos, situações e pessoas.


Dia desses, empolgadíssima, comentei com minhas amigas acerca dessas mudanças. Tentei explicar como todas as alterações – das quase imperceptíveis às mais radicais – estavam interligadas. Minhas crenças religiosas e espirituais, minhas convicções políticas, meu modo de cuidar de mim mesma, meus planos para o futuro: uma coisa levava à outra de forma inevitável. O processo todo me conduziu à profunda modificação de alguns paradigmas. Inclusive comecei a perceber a existência de alguns homens aos quais eu não prestava a mínima atenção antes. Mesmo que eu não tivesse (até então) me sentido intensamente atraída por qualquer um deles, já era sinal de mudança o fato de eu cogitar a hipótese de corresponder ao seu interesse.


Parece que fui muito mal-sucedida ao tentar expressar o que se passava em minha mente, porque, por alguma razão, minhas ouvintes fixaram-se exclusivamente nessa última parte da minha explanação e compreenderam que eu estava à caça de um tipo diferente de homens.


Oh, my God.


E o primeiro comentário conclusivo que surgiu dentre elas foi: “Eu acho que a pessoa certa aparece quando você não está procurando”. Por alguns instantes eu tentei associar aquela idéia ao que eu tinha dito, mas não consegui mesmo ver relação.


Para aumentar minha perplexidade, as demais concordaram: “Ah, é verdade”, “Eu também acho, é só quando você menos espera que ele aparece”. Quis evitar uma discussão fervorosa sobre o quanto aquela idéia sempre me soou idiota. Busquei somente desviar o foco, explicando que não estava falando de encontrar a pessoa certa, e muito menos de procurar por ela, mas simplesmente de observar, perceber, notar pessoas diferentes. Tentei argumentar que não estava mesmo procurando alguém, e ouvi essa: “Mais ou menos... Você pensa que não tá procurando”.


Well, well, well. Minha frustração era grande demais pra continuar me explicando. A minha epifania havia sido brutalmente reduzida a uma filosofia barata, a uma idéia tão infantil que eu tenho quase certeza de tê-la lido alguma vez nas páginas da revista Capricho. Não restava opção, a não ser resignar e mudar de assunto.


Mas aqui entre nós, trata-se de um simplismo exagerado. É a redução de toda e qualquer situação a uma única fórmula básica e desprovida de fundamento lógico. A idéia diz que, se uma pessoa está sozinha, é porque está procurando o amor. Claro que nem se cogita a hipótese de ela estar sozinha porque prefere assim. Afinal, quem gostaria de estar só num tempo em que a regra geral conduz à conclusão de que estar mal-acompanhado é bem melhor que a solidão?


É óbvio que nem se imagina que alguém possa estar só pelo fato de não se contentar com qualquer coisa. Ou por ter outros objetivos em mente. Ou por não estar apaixonado. Ou por estar, mas não ser correspondido. É evidente que uma pessoa só pode estar sozinha porque não consegue parar de procurar pelo amor, de vislumbrá-lo em qualquer desconhecido.


Contra essa corrente de pensamento, nem sequer funciona argumentar: “Mas eu não estou procurando nem esperando nada, estou construindo minha vida, passo a passo, buscando meus objetivos, cuidando de mim”. Sempre haverá o infalível argumento do "inconsciente": “Você PENSA que não está procurando, mas, inconscientemente, você está”.


Também não adianta citar o exemplo contrário, de pessoas carentes e absolutamente incapazes de suportar ficar sozinhas. Gente que pula de um relacionamento para o outro, sem o mais breve período de luto entre eles. Bem, devemos concluir, na mesma linha de raciocínio, que essas pessoas NUNCA estão procurando amor. E você pode até dizer: “Mas a fulana já admitiu que não agüenta ficar sem namorado, que já termina com um pensando em arranjar outro”. A resposta deve ser mais ou menos assim: “Ela PENSA que vive procurando pelo amor, mas inconscientemente está focada em outras coisas”. Uhum.


E ainda, não consigo entender porque essa fórmula funciona exclusivamente para o amor. Ora, ninguém nunca me disse: “Está procurando emprego? Ah, mas assim você não vai trabalhar nunca! Se você quer um trabalho, pense em outras coisas, vá pra balada, aprenda a cozinhar, viaje. Quando você menos esperar, a empresa dos seus sonhos vai telefonar querendo contratá-la”.


Ou ainda: “O melhor jeito pra passar num concurso público é não estudar”. Ou: “Se você quer fazer novos amigos, o ideal é não conversar com as pessoas”. Inexplicavelmente, para encontrar o amor você não pode sequer pensar nele.


Quanto ao que eu disse às minhas amigas, minha intenção era só mostrar que meu campo de visão aumentou, que meus horizontes se ampliaram, que estou vendo as coisas de forma diferente.


É como se, até ontem, meus olhos não reconhecessem a cor azul. Hoje, ao acordar, pela primeira vez enxerguei a cor do céu.


Não quer dizer que, só por isso, azul virou minha cor preferida. Mas meu mundo ficou mais bonito. Deu pra entender agora?


E quanto a estar só, concordo com a Carrie: "Some people are settling down, some people are settling and some people refuse to settle for anything less than butterflies."


Simples, mas não simplista.


Beijos!