sexta-feira, setembro 18, 2009

Inventando

Porque tem momentos em que mudar é inevitável. E se as coisas não mudam, é sempre possível mudar o ponto de vista de quem olha.

inspira-ação

Chega mais.

Beijos

sexta-feira, agosto 14, 2009

Descoberta

Em meio a incontáveis hipóteses e muitas teorias da conspiração, especialistas parecem ter finalmente desvendado a origem da temível gripe suína:


Sempre tem um sem vergonha, né?

quarta-feira, agosto 12, 2009

A importância de saber pedir

Quem leu o meu post anterior viu que eu fiz uma modesta sugestão às forças do Cosmos que, infelizmente, não foi atendida.

Como vocês sabem - ou devem saber - em datas e ocasiões especiais o Google costuma alterar o seu logotipo. E eis que hoje pela manhã, ao abrir o Google - minha página inicial no Firefox - visualizei a seguinte imagem:


O link conduzia a uma busca sobre as Perseídeas. Um dos sites que apareceram no resultado da pesquisa explica:

"Hoje você poderá ver uma das mais populares e conhecidas chuvas de meteoros da Terra. Ela é conhecida como Perseidas, PERSEÍDEAS ou Perséiades e se forma graças ao cometa Swift-Tuttle. Esta chuva de meteoros também conhecida como chuva de estrelas cadentes acontece todos os anos porque o planeta Terra atravessa um rasto de meteoros deixado pela passagem do cometa Swift-Tuttle. O nome deste rastro específico é nuvem Perseida e se forma ao longo de órbita do cometa".

Pra mim parece evidente que a falha foi minha, ao fazer o pedido sem especificar data e local. Não é sempre que eu solicito uma chuva de meteoros e ela, de fato, acontece, ainda que com 5 dias de atraso. Pena.

Que sirva de lição, não é mesmo?

Até poderia pedir pra que um dos meteoros caia no prédio do Senado Federal ainda hoje, mas seria inútil. É evidente que a essa hora (18h25) não tem mais ninguém lá dentro. :(

sexta-feira, agosto 07, 2009

Grande oportunidade


Oh, Senhor do Universo, Todo Poderoso!

Eis a chance de lançar aquele meteorito especial bem no meio do palco!

Fica a dica!

Beijinhos

segunda-feira, junho 29, 2009

Maior sacanagem



Ai, gente... Tô muito chateada com uma coisa desagradável que me aconteceu há uns dias. Sei lá, sabe... Nesses momentos a gente vê todo mundo por aí se preocupando com bobagens e ninguém é capaz de ver o meu sofrimento e me oferecer algum conforto. Injustiça...

Tá, vou contar.

Foi assim: na quarta-feira passada, dia 24/06/2009, às 17h56, recebi um telefonema. O identificador de chamadas acusava um número estranho: *033. Logo pensei que, se não fosse cobrança, devia ser alguma promoção. Atendi.

Era uma gravação. A voz feminina, em tom de grande empolgação, anunciava: "A CLARO TE LEVA PARA O SHOW DO MICHAEL JACKSON!".

Até então eu realmente não estava pensando em ir para Londres assistir ao rei do pop, mas sabendo que a Claro me levaria, confesso que fiquei feliz. Tipo assim, de graça até ônibus errado, né? Imagina então uma viagem pra Londres, com direito a show do incrível homem de cera sem nariz que já foi tão bonitinho um dia?

Então eu pergunto: e agora, como é que fica?

...

Só porque o cara morreu, a Claro não me leva mais? É isso?

Pô. Sacanagem, viu?

E o povo aí se preocupando em saber se Michael descoloriu de vitiligo ou com água sanitária, se ele era ou não nascido no planeta Terra, se era viciado em morfina ou em purpurina e se Peter Pan traçou ou não traçou os garotinhos na Terra do Nunca.

Triste mesmo é que eu perdi minha viagem. Hunf.





E mais triste ainda é saber que pais pelo mundo todo perderam a grande ameaça de cunho disciplinar: "se você não se comportar, vai passar o final de semana com o Michael Jackson!". Muito medo.

sexta-feira, junho 19, 2009

Amor da minha vida

Nessa semana fui atingida violentamente por uma série de eventos inesperados e desagradáveis, do tipo que provoca a sensação de estar nadando em meio a uma tempestade em alto mar: cada vez que consigo emergir em busca de um pouco de ar, uma nova onda me embola e me afunda mais uma vez.

Não preciso que ninguém me diga que "tudo é experiência", que "o que não mata, fortalece", que "no fim tudo fica bem" e que "existe uma energia de renovação na mudança". Blá blá blá, já conheço o discurso de cor.

Nos momentos de dificuldade a gente sempre se depara com pessoas que nos dizem: "qualquer coisa tô aqui". Como se a gente tivesse cabeça, tempo e liberdade pra ligar e pedir qualquer coisa a qualquer hora. Na maior parte dos casos, isso não é verdade.

É fácil perceber quando uma pessoa está de fato disposta a estender a mão, porque ela simplesmente estende. Não fica ameaçando "olha que eu te ajudo, hein?".

Tem um tipo de pessoa que é sempre bom de ter por perto, que não tem medo dos problemas, que encara de frente, que assume a batalha. Eu tenho a imensa sorte de ter ao meu lado um homem assim.

Para ele, não preciso pedir. O apoio é constante, a sintonia é fina.

A minha maior felicidade é o nosso amor. É saber que a cada dia estamos mais fortes e que tudo na vida nos une.

Ele merece o texto mais lindo do mundo - porque é o homem mais lindo do mundo. Mas amanhã, no dia de seu aniversário, terei um caminhão de mudança parado aqui em frente, e muuuito trabalho, de modo que vai ser difícil sentar diante do PC e declarar meu amor eterno como eu gostaria.

Diante disso, escrevo agora, um pouquinho adiantada, só pra dizer o que ele já sabe muito bem: que ele é o amor da minha vida, que eu o amo mais do que tudo, e que já faz tempo que decidi fazer dele o homem mais feliz de todo o Cosmos. Seu sorriso lindo me diz que tenho tido sucesso nessa missão. =)

Feliz aniversário, Dé!

Da sempre sua,

Oki

sexta-feira, junho 05, 2009

P*ta frio da p*rra


Alguém, por favor, pode dar uma ajustada do termostato curitibano? Em tese, o inverno deveria chegar somente no dia 21 de junho, certo? Portanto agora, no outono, deveríamos estar presenciando dias mais curtos e frescos (eu disse frescos, não siberianos), folhas secas coloridas pelo chão, grandes colheitas. Né não?


Em vez disso, o que vejo da minha janela são pessoas encolhidas, formando corcundas, cobertas de cachecóis, gorros, luvas, casacos, tudo com aquele delicioso cheirinho de mofo. Dá um certo ódio das pessoas que dizem com ar de aristocratas: "ah, eu gosto do inverno porque as pessoas ficam mais elegantes"... Elegância my ass!!! Quero mais é meu nariz desentupido!


Bem de verdade, hoje o dia está uma delícia. O sol apareceu logo cedo, e alcançamos ainda pela manhã a invejável marca dos 17º C. Pra quem passou por madrugadas de -2º C, conseguir trocar de roupa pela manhã sem precisar ligar o aquecedor já é uma vitória!


Bom mesmo é você depender de um chuveiro elétrico muito do mequetrefe para o seu banho relaxante antes de dormir. Lá em casa não rola instalar um chuveiro mais potente, porque a instalação elétrica da casa, antiquíssima, não resiste e o disjuntor despenca. Aí o banho exige todo um ritual: primeiro, ligo o aquecedor uma hora antes do banho começar. Depois faço uma oração, pedindo às forças do Cosmos que permitam que eu sobreviva a essa mania chata de higiene. Então respiro fundo e meto-me debaixo daquela gota central de água morna que escorre do chuveiro. O banho necessariamente acontece por partes, porque não há volume de água suficiente para molhar mais do que 5 cm2 de pele de cada vez. O cabelo, já decidi: só volto a lavar em setembro. Tem jeito não.


Após alguns minutos de suplício, batendo o queixo, com os lábios azuis, as unhas dos pés roxas, os dedos da mão duros, o nariz vermelho, os olhos lacrimejantes, os músculos doloridos de tensão, saio feliz, contente e cheirosa, pronta para o próximo ritual: vestir-me para dormir.


Ah, sim... As curitibanas no inverno (mesmo esse inverno antecipado) são pura sensualidade. Dá pra comparar a uma massa folhada, tamanha a quantidade de camadas sobrepostas no corpinho. Um strip-tease duraria cerca de uma hora e 45 minutos até tirar tudo. Casaco, cachecol, luvas (eu gosto daquelas de pedinte, que deixam os dedinhos livres pra digitar). Blusa de gola alta, outra blusa, mais uma blusinha fina por baixo, de ribana ou qualquer outra coisa tão sexy quanto. Calça, botas, ceroula ou meia calça fio 80, perneira, meia, outra meia. Outra meia. Mais uma. Opa, mais uma. Já tô quase chegando no pezinho, hein? Mais uma meia. Cada uma de uma cor diferente. Um show de erotismo colorido. Eventualmente um gorrinho, uma boina, algo que aqueça as orelhinhas. A gente é muito guerreira pra fazer sexo num clima desses. Claro que depois de alguns instantes a coisa – literalmente – esquenta, mas até lá, é um tal de se assustar com o pé gelado, a boca ressecada (pausa pra uma manteiga de cacau?), arrepio mais de frio do que qualquer outra coisa, ao toque da mãozinha de defunto no meio das costas nuas.


Além disso, a gente demora mais pra engrenar em qualquer atividade. Sair da cama, pra começar, já é um ato heróico. Depois de levar horas pra criar coragem de esticar as pernas, todo um esforço pra respirar debaixo de meia tonelada de cobertas e aquecer todo o espaço ocupado pelo corpão, a gente tem que se aventurar no mundo gélido novamente. Muito injusto.


Numa dessas manhãs, vi que um dos botões do casaco que eu queria usar tinha caído. (morto de frio, provavelmente). Perguntei pra mommy onde tinha linha preta, e ela, muito solícita, ofereceu-se para pregar o botão. Depois de alguns minutos tentando colocar a linha na agulha, resmungou: “não consigo acertar essa buraca”... Caí na gargalhada. Respondi: “No consegue acerta a buraca do agulha? Ah, essa buraca muito pequena mesmo! Deixa que o filha ajuda!”


Mommy sugeriu que talvez o frio tivesse congelado seu cérebro. Eu disse a ela que não se sentisse só: na manhã do dia anterior eu havia tentado abrir o cadeado do portão com o controle remoto da trava elétrica do carro. E pior que o safado não abriu. Só pode ter congelado, né?


Beijinhos glaciais.

quarta-feira, maio 20, 2009

Verdades inconvenientes sobre o amor

Depois de 14 séculos sem dar sinais de vida, aqui estou, erguendo-me das profundezas de minha catacumba, com o objetivo exclusivo de trazer um pouco de alegria para vossos dias, abandonadíssimos caríssimos leitores.

Muito tem me perturbado a falta de idéia sobre o que escrever. Não quero falar de crise, de falta de dinheiro, dos infortúnios diários de uma jovem advogada mal-remunerada. Vontade zero de discorrer sobre as chatices da vida.


Tenho tentado escapar desse desejo intenso que toma conta do meu ser, mas não tem jeito mesmo. Vou ter que falar de amor. Mas, calma. Não vou lançar aqui um belíssimo texto que, acompanhado de umas imagens bem clichê (um botão de rosa, um pôr-do-sol, uma criança sorrindo, a lua cheia) e uma música da Celine Dion, daria um belo de um arquivo .pps de uns 2 Mb.


Não, amigos. O que vocês vão presenciar dentro de instantes são verdades sobre o amor que não se costumam bradar por aí. Coisas que quem ama sabe, mas tem vergonha de dizer.


Verdades inconvenientes sobre o amor.


  • 1ª: O AMOR É BREGA.


Simples assim. Um dia eu contei isso para um amigo e ele ficou extasiado, com a maior cara de quem havia sido agraciado com uma epifania. Gente, o amor é brega!


Olha só, quando a gente ama, faz todas aquelas coisas ri-dí-cu-las que antes costumava criticar, que embrulhavam o estômago, davam ânsia de vômito. Exemplos? Aquele abraço na escada rolante, o beijo prolongado no semáforo que faz o motorista do carro de trás buzinar loucamente, o beijo de esquimó no cinema, no meio do filme. Ir ao parque zoológico no domingo à tarde, tirar fotos em tudo quanto é ponto turístico da cidade em que mora (aqueles lugares jacus que a gente não agüentava mais nem ouvir falar). Por mais que a gente ache tosco, patético, o fim do mundo, de vez em quando escapa uma frase com voz de criança, é difícil evitar. A gente faz manha.


E o quão comuns são aqueles apelidinhos detestáveis? Mas tudo que é dito na voz melosa do ser amado soa como música aos nossos ouvidos. E o sinal mais evidente e incontestável de que o amor é a coisa mais brega de todo o universo, mais brega do que um filho do Amado Batista com a Kátia Cega, são justamente as músicas românticas. Fala sério, ninguém sabe falar de amor melhor do que os cantores bregas!


Não é à toa que a Maria Bethania regravou “É o amor”, de Zezé de Camargo e Luciano. Qualquer pessoa que já amou nessa vida (não precisa nem ser amor romântico, pode ser por um filho, pela mãe, pelo cachorro) sente em algum momento que faltam palavras pra expressar um sentimento tão perfeito... E quem foi, justamente, que imortalizou essa sensação de “o gato comeu minha língua”, se não o Rei Roberto? Ah, fala sério, se você não concorda com isso, é porque não tem amor no seu coração: “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer... Como é grande o meu amor por você!”...


E não pense que só o romântico brasileiro tem essa tendência à pieguice. Pegue as mais lindas músicas estrangeiras que falem de amor e traduza a letra para o português... Pense em “Love me tender” (Elvis) cantada em português...


"Me ame com ternura,
Me ame com doçura,
Nunca me deixe partir.
Você tornou minha vida completa,
E eu te amo tanto".


Fala se não é perfeita pra ser cantada pelo Fábio Junior? E que tal “Everybody loves somebody” (Dean Martin)?


"Todo mundo ama alguém de vez em quando
Todos se apaixonam de alguma maneira
Algo em seu beijo me disse
Que meu 'de vez em quando' é agora"


Podia até virar sucesso na voz do cantor Belo (um grande dum falsário, haja vista que não é nem uma coisa nem outra).


Lembre-se das medonhas versões tupiniquins de sucessos internacionais (no momento, a velhota aqui só consegue lembrar de canções dos anos 80), como “Mordida de Amor” (Yahoo), versão de “Love Bites” (Def Leppard), “Anjo” (também do tal Yahoo, que desapareceu com a mesma rapidez com que surgiu no cenário musical da década de 80), versão tosca de “Angel” (Aerosmith), ou ainda a famosíssima “O amor e o poder”, da Rosana (quem não se lembra do refrão: “Como uma deusaaaaaaaaaaaaaaa você me mantém”?), versão de “The power of love” (nem sei quem é o autor da desgraça em seu idioma original). Tem também umas abominações cometidas versões gravadas por Sandy e Junior, Pepê e Neném, Leonardo e outros de que, no momento (GRAÇAS A DEUS) não me lembro.


O fato é que as letras podem soar ridiculamente melosas; a música, os arranjos, e o intérprete, na maior parte das vezes, também não ajudam. Mas não dá pra negar que, no momento em que nos apaixonamos ficamos mesmo levemente retardados e aquela breguice toda faz o maior sentido. Ai, ai, o amor é lindo brega!


  • 2ª: O AMOR É EMBARAÇOSO.


Bom, eu não sei como é que rola aí no seu cafofo, mas aqui no meu pedaço, amor não existe sem intimidade. Amor necessariamente abrange o elo que une duas pessoas, que as torna mais que amantes: cúmplices, parceiras, companheiras, amigas, sabe como?


É aí que o amor se torna algo altamente constrangedor. Quando, por exemplo, seu namorado liiiiiiiindo de tudo, que sempre levanta mais cedo que você, aparece no quarto todo cheirosinho, carregando uma bandeja com o seu café da manhã. Sim, queridos, aqui em casa o serviço é VIP. Nesse momento, você reza pra ser verdade o que dizem sobre o amor ser cego... Afinal de contas, às 11 da manhã de domingo, com a cara inchada de tanto dormir, a franja arrepiada dando um ar de cacatua, as pálpebras superiores coladas nas de baixo, você meio japonesa sorri discretamente, agradece e diz “eu te amo” assim, meio de lado, porque dá pra imaginar que o bafon não será vencido apenas com alguns goles de Ades. Bem, a essas alturas, você reza para o amor não ser apenas cego, mas também pra que ele não tenha olfato. Altamente embaraçoso.


Mas há ainda outros momentos em que o amor, com toda sua aura de inconveniência, muito delicadamente derruba a gente do nosso pedestal de perfeição e espatifa nossa face outrora tão bem maquiada. Assim, mais cedo ou mais tarde, seja em casa, num motel ou numa viagem, vai acontecer de um dos dois entrar no banheiro logo após o outro ter saído e deixado no ar aquele aroma distinto do da casa do Pedrinho. Sim, sim, a intimidade nos força à desagradável realidade: apaixonamo-nos por alguém que tem – oh, não, tudo menos isso! – INTESTINOS!!! Péssimo. Não dava pra passar a vida ignorando esse detalhe desagradável?


Bem, a maior parte dos homens não encana tanto com isso não (é da natureza masculina ver as funções fisiológicas como uma coisa... natural! Que despautério, imagina só!). Mas é claro que o gênero feminino, muito mais sujeito a todo tipo de surto psicótico e alienação mental, sofre demasiadamente tentando convencer o companheiro de que ele está se relacionando com uma espécie de organismo cibernético não acometido por necessidades fisiológicas. Não importa o quanto ela coma, aquilo tudo é processado de um modo extraordinário e eliminado em forma de um perfume adocicado que ela exala pelos poros. Aquela feijoada toda de sábado à tarde é um mistério da natureza: simplesmente se desintegra no estômago da linda donzela, sem restar qualquer espécie de resíduo. Sim, querido, não se incomode com os sons assombrosos que você ouve ao encostar a cabeça no ventre da amada, enquanto assistem à TV. Isso é só o amor que corre pelas entranhas dela. Ai, cara, o amor é super embaraçoso.


  • 3ª: O AMOR É SUPERLATIVO


O amor não aceita moderação. Não enxerga tons sóbrios, não compreende temperança. Não dá pra escrever um texto comedido sobre o amor. Em algum momento a euforia arrebatadora toma conta do autor, que lança mão de seguidas exclamações no intento de expressar a magnitude de seu sentimento!!! Ah, lá, falei! Mas não é só isso. Acontece que a gente sofre daquele mal descrito pelo Roberto, ai de mim, que me faltam palavras!


O amor é um crescente e, portanto, assim o são suas manifestações. Primeiro é aquele arrepio só de encostar, as borboletas ensandecidas no estômago, a boca seca, o pavor de não ser correspondida. A paixão. Numa tarde qualquer, você ouve da boca dele, pela primeira vez, a palavra “namorada”, pertinho do seu nome. “Essa é a minha namorada”. Uma palavra simples, que você já ouviu tantas vezes antes, mas nunca havia causado esse efeito tão impressionante. Você finge naturalidade, talvez até bem o suficiente para que as outras pessoas não consigam enxergar a festa que está rolando dentro de você. Seus pés podem até estar fixos no chão, mas você sente como se estivesse saltitando.


Numa outra tarde dessas em que a gente nem imagina tudo de bom que a vida pode oferecer, ele vira pra você, no meio do filme, deitado na cama, os olhos doces vidrados nos seus e diz pela primeira vez: “ei, sabia que eu te amo?”. Aí você, que nem é fã de Carnaval e nunca esteve num sambódromo, subitamente tem a certeza de que está rolando todo um desfile dentro do seu peito, carros alegóricos, baiana rodando, bateria explodindo, coração parece que vai escapar pela boca de tanto que pula. Sua voz sai toda tremida, embora você esteja dizendo aquela frase com uma certeza nunca dantes sentida: “e eu amo você!”.


O tempo vai passando e você nunca se cansa de ouvi-lo dizer qualquer uma das frases lindas, intensas e plenas de sentido que só ele diz pra você. Cada vez que ele diz que você é a mulher da vida dele, que ele a ama mais que tudo, que vai amar você pra sempre, o resultado em você é um misto de alegria, plenitude e emoção que embarga a voz. Vez por outra uma lagrimazinha até brota, marota, enquanto em silêncio você agradece por ser tão feliz. E você quer então retribuir aquele sentimento.


Só dizer “eu te amo” não satisfaz a sua ânsia desenfreada de fazer o seu amor se sentir amado. Você quer mais: quer que ele acorde todos os dias com a certeza plena de que é o cara mais amado do mundo. Aí pronto, abre-se a porta para o superlativo e não há mais como escapar dele. O meu amor não é só lindo, ele é o MAIS LINDO DO MUNDO. E eu não apenas o amo, eu o AMO MAIS QUE TUDO. E não o amo somente hoje, mas PARA TODO O SEMPRE. E só palavras não bastam, são também os gestos que ficam cada vez maiores, mais intensos, mais carregados de significado. É a presença cada vez mais constante, mesmo quando não posso estar junto com ele. É que eu não apenas sou dele: sou todinha só dele e de mais ninguém. Não porque eu faço muito por ele, mas porque eu faço tudo! Qualquer coisa pra vê-lo feliz! Porque é ele quem me faz a mulher mais feliz e apaixonada de todo o Cosmos. E porque quando eu já tenho certeza de que o meu amor é o maior que pode existir, tcharam, adivinha? Não é que aumenta mais ainda? E sabe o que mais? É tudinho verdade, sem um pingo de exagero.


  • 4ª: O AMOR É PERIGOSO


Consideremos que você seja um cidadão consciente, responsável, que nunca tenha sido condenado criminalmente, que seja uma pessoa coerente, do tipo que calcula os riscos e não se mete em enrascadas. Que você se cuide, não dirija embriagado, use preservativos, evite fumar, tenha uma alimentação saudável, não use drogas nem abuse do álcool, pratique exercícios. Que você não se meta em brigas, seja um pacifista, ecologista e não tenha inimigos.


Mesmo que você não some todas essas características, mas seja possuidor de somente algumas delas, é preciso admitir que o amor pode virar seu mundo de cabeça para baixo. Sim, é preciso ter coragem para se arriscar na seara de um sentimento que torna você capaz de absolutamente tudo em favor da pessoa amada. Antes do amor, você é uma pessoa prudente, você pensa muito bem antes de cometer uma bobagem. Depois do amor, você simplesmente não pensa. Pelo menos quando o que está em jogo é o amor da sua vida... O único jeito de se manter em segurança é amar alguém que também seja coerente, responsável, que não se meta em enrascadas nem exija de você sacrifícios extremos.


Nem mesmo isso serve de garantia, mas pelo menos diminui o risco de você se tornar um delinqüente apaixonado, ou de seu nome ir parar nos cadastros dos serviços de proteção ao crédito, só porque sua gatinha fez beicinho e pediu pra fazer o financiamento de uma X5 no seu nome, já que ela não tinha limite de crédito, ou de acabar no hospital após tirar satisfações com um cara com o dobro do seu tamanho porque ele olhou pra sua namorada, ou qualquer outra burrice do estilo.


  • 5ª: O AMOR É IRRESISTÍVEL


É provável que essa seja a característica mais temível do amor. Assim que temos uma mínima amostra do que esse sentimento nos reserva, estamos imediatamente dispostos a correr todos os riscos inerentes a ele.


Nada obsta o sentimento. Posso pagar mico, perder a noção, ter minhas faculdades mentais comprometidas e não saber mais me portar socialmente. Posso falar bobagem, cantarolar em momentos inapropriados, suspirar diante de um retrato, rir à toa lembrando de uma conversa. Posso fazer uma série de renúncias – sorrindo. Posso enfrentar perigos, encarar desafios, vencer dificuldades. Posso superar cada vez mais a minha própria criatividade e encontrar novos meios de amar, de demonstrar afeto, de fazer meu amor se sentir amado como eu me sinto. Posso escolher qualquer lugar, mas nenhum será tão bom quanto aquele em que ele está.


Só não posso mesmo deixar de amar, porque o amor é assim, sabe? Absolutamente irresistível.

quarta-feira, março 18, 2009

Oksana e a natureza: uma história de amor

O e-mail da agência de turismo prometia um final de semana "em contato com a natureza”. Recomendava que os aventureiros levassem roupas confortáveis, dois pares de tênis (um para o uso normal e outro para molhar), mochilas pequenas, porque o espaço na Van é reduzido, em relação a um ônibus.

Ao fim de uma semana foda pra caralho levemente cansativa, na noite de sexta-feira, tratei de responder todos os scraps de aniversário de forma individualizada, tomar banho, comer, descansar, mandar um e-mail para a professora elogiando a aula de Atualidades no meu curso, resolver palavras cruzadas, enfim, fazer todo o possível para protelar ao máximo a divertidíssima tarefa de organizar mentalmente a lista de itens imprescindíveis e, mais legal ainda: localizá-los no mundo físico e transpô-los para o interior da mala.


Isso tudo terminou por volta das duas horas da manhã. Preparei-me, então, para maravilhosas 3 horas de sono, que quase nem chegaram a ser perturbadas pelo pessoal animado que ia ou voltava da Woods, com o som ligado no último: “Eu vou fazer um leilão... Quem dá mais pelo meu coração?”. Ah, desgraça, se eu tivesse a chance, cravaria uma estaca no peito dessa besta e ela não teria mais o bem a ser leiloado. O trem (cujos trilhos passam a uma quadra de minha residência) também me proporcionou momentos de súbita agitação, com sua discreta buzina soando e ensurdecendo a população num raio de 10 km. Para concluir, um simpático pernilongo me elegeu como refeição da noite. Formidável.


Com o habitual bom humor matinal realçado pelas experiências tão agradáveis da noite, saltei da cama às 5 horas da madrugada, cantarolando e dando bom dia ao sol. Ou melhor, à lua, já que o sol ainda nem tinha aparecido.


Já no confortável veículo que nos conduziria ao nosso fatídico destino, eu e meu namorado descobrimos, cheios de alegria, que os bancos em que nos sentamos, os últimos da Van, além de terem um espaço diminuto para as pernas, eram os únicos que não reclinavam. E o ângulo formado entre o assento e o encosto deixava nossos narizes mais próximos dos nossos joelhos do que gostaríamos. Mas, antes que pudéssemos saltitar de emoção, os amigos sentados à nossa frente reclinaram seus bancos e esmagaram nossas patelas. Algo me dizia que aquela viagem de 215 km seria, de certo modo, a mais longa da minha vida.


Quando já havíamos perdido a fé na humanidade e as esperanças de sair dali com a capacidade de locomoção intacta, eis que surgiram pessoas com um resquício de bondade em seus corações que, quando paramos na beira da estrada para um lanche, propuseram-se a trocar de lugar conosco pelo que restava da viagem. Desconfio, porém, que aquele ato de generosidade não teria acontecido se não fosse o desconhecimento, a ingenuidade daquelas pessoas. É que elas não imaginavam o quanto os tais bancos se assemelhavam a instrumentos de tortura medievais, e pensavam que nossas feições de agonia tinham um quê de exagero. Bem, agora elas já sabem...


Chegamos, enfim, ao Parque Estadual do Guartelá. Segundo informação obtida num site de ecoturismo, “existem duas opções de trekking pelo parque: uma trilha que leva ao mirante, e outra que visita as inscrições rupestres. Esta última precisa ser agendada com antecedência no Centro de Visitantes, pois é uma trilha longa, com algumas restrições”. Adivinha qual nós fizemos? As duas.


As paisagens são realmente incríveis (sem ironia). Não cheguei a examinar minuciosamente as tais inscrições rupestres. Digamos que meu interesse pelos rabiscos ficou um tanto reduzido quando soube que deveria subir numa enorme rocha desprendida do chão e à beira de um precipício para vê-los de perto. Mesmo de longe, deu pra ver que o pessoal pré-histórico por aquelas bandas não tinha vocação alguma para a arte. A gente esperando um desenho do Piteco abatendo um Pterossauro, fazendo uma fogueira e tal. Maior decepção. Por outro lado, a inscrição na pedra de um nome feminino (Silvia, Priscila, sei lá), demonstra que até hoje ainda circulam pela região criaturas bastante primitivas.


Enquanto caminhávamos por horas a fio em meio a tanta pedra e mato, lembrei-me do e-mail da agência e fiquei me perguntando quanto tempo poderia demorar ainda para chegar à natureza prometida. Cheguei a perguntar para uma das moças que trabalham no parque se estávamos no caminho certo, pois já estava começando a duvidar de que nosso guia sabia para onde estava nos levando. Não é possível que a natureza seja tão longe, pensava. A moça pareceu não me compreender. Realmente esse pessoal é muito despreparado.


Agora entendo porque muito mais pessoas vão ao shopping do que à natureza: é mais perto, não tem insetos e ainda há escadas e esteiras rolantes, além de que a praça de alimentação oferece opções mais ricas em sabor e gordura trans do que a provisão de frutas, barrinhas de cereais, biscoitos e misto frio fornecida pela agência.


A grande armadilha dessas trilhas ecológicas é que você acaba se distraindo com as lindas paisagens, o canyon imponente, a flora exuberante, a fauna extraordinária (um grupo de punks tatuados da cabeça aos pés se banhava alegremente nas águas geladas), e, quando menos percebe, é hora de voltar, encarando uma subida de 1.251.364.897.654.321.259.000 km até chegar à entrada do parque. É nítida a sensação de que tem um filho de uma quenga adicionando mais uma reta à estrada depois de cada curva vencida.


Já nesse ponto, garganta seca como se tivesse tomado um balde de areia, pulmão virando do avesso, pernas bambas, eu amaldiçoava o momento em que tive a idéia de comentar, tanto com minha melhor amiga, quanto com meu namorado, que achava que seria super legal sair da rotina e encarar um final de semana de intensas aventuras, que eu só não iria mesmo por falta de grana. Ao que os dois se mancomunaram e resolveram o problema, dando-me a viagem de presente. de aniversário Bem, agora preciso esperar até o ano que vem para comentar com eles que seria super legal fazer uma série de sessões de fisioterapia para conseguir voltar a caminhar, pra ver se eles me dão de presente, hehehe.


Mas, calma, pessoal. Devagar com o andor. A essa altura os músculos das minhas pernas, virilha, quadril, pés, costas já estavam praticamente inutilizados. Enfim, grupos musculares que eu nem sabia que existiam haviam despertado numa dor aguda. Massss... Meus braços ainda estavam bem. O que significa, é claro, que era chegada a hora do rafting.


O rio era bastante tranqüilo, com poucas corredeiras. Traduzindo: remamos pra caramba.


Depois de tudo isso, rodamos por algum tempo, com nossas roupas encharcadas, dentro da Van com o ar condicionado ligado na temperatura Sibéria, o que colaborou bastante para assolar a resistência do meu pobre organismo maltratado e surrado.


Na chácara onde ficava a nossa pousada, deparamo-nos, após um banho quente, com aquele céu estrelado que só existe no interiorzão (shopping 1 x natureza 1). Aí rolou aquele jantarzinho básico: arroz, feijão, farofa, carne, salada, tudo com o incomparável tempero de panelas de ferro, fogão à lenha, aquela coisa rural, sabe? Bem light. E o pratinho delicado que se assemelha à refeição de um estivador, claro.


Depois, Andrea, a italiana que fazia parte de nossa excursão – simpaticíssima e que, morando no Brasil há apenas dois meses, já fala português melhor do que muitos brasileiros que conheço – nos ensinou um jogo de baralho chamado Buongiorno Signor. Segundo suas palavras: “fica mais divertido quando tem álcool”. Não seja por isso. Servimos os copos com a pinga curtida dentro de vasilhames com frutas e começamos o jogo. A pessoa que perdia, em cada rodada, tinha que tomar um gole da cachaça. O pessoal começou a me acusar de perder de propósito, mas eu juro que os reflexos lentos eram fruto do cansaço.


Como era de se esperar, formou-se uma rodinha em torno de um violão. Fugi quando alguém sugeriu Eduardo e Mônica (hoje, quatro dias depois, devem estar chegando perto da última estrofe, quando Eduardo fica careca, Mônica fica gorda, os dois vão pra pqp, têm 12 filhos, e param de encher o saco).


Alguns aventureiros saíram ainda à noite para ver a cachoeira, que dizem ser uma visão belíssima à luz da lua. Preferi acreditar na opinião alheia e curtir o visual do meu travesseiro, abraçada ao meu gatinho, coisa linda demais.


No domingo, cedinho, meu amor me acorda feliz e sorridente, todo carinhoso. Ainda bem que ele tem bom humor que basta para os dois. Enquanto isso, arrastei-me para fora da cama e segui para o café da manhã, sorumbática.


Não deu nem tempo de digerir o queijo branco e o bolo, já estávamos encarando uma trilha tenebrosa morro acima. O único jeito para erguer uma das pernas para alcançar o alto de mais uma pedra era alçá-la com o auxílio das duas mãos. E assim, consegui chegar, chorando, ao alto da cachoeira do Puxa Nervos, para fazer o cascading (rapel na cachoeira). De pronto, todos os integrantes da excursão compreenderam o conteúdo psicológico daquela trilha: era tão sofrido subir por ali que qualquer pessoa concluía, de imediato, ser mais fácil encarar o medo e se atirar lá de cima amarrada a uma corda do que se estropiar morro abaixo.


Os guias, então, mostraram as diversas cordas, mosquetões, equipamentos e procedimentos de segurança que tornavam o esporte mais seguro do que jogar xadrez com uma velhinha. Dadas todas as instruções, a idéia era nos convencer de todas as formas possíveis que a única forma de algo dar errado é, basicamente, se acontecer um terremoto ou se a pessoa for atingida por um raio durante a descida. Ainda assim, olhar lá de cima e visualizar, 45 metros abaixo, as formações rochosas pontiagudas, é algo que faz todo mundo repensar. Será que eu preciso mesmo fazer isso? O que eu estou querendo provar, afinal? Onde fica a saída de emergência? Enfim, essas coisas.


Tínhamos direito a descer duas vezes, mas todo mundo, ao chegar lá em cima, decidiu que abriria mão da segunda descida. Chegado o grande momento, lá fomos eu e meu delícia, conduzidos pelo guia que nos pareceu mais confiável. Depois que ele contou que resgatou uma moça de 130 kg que desmaiou no meio de uma cachoeira de 85 m, desceu com ela e nadou até a margem, concluí que se ele deu conta da gorda, não seria eu um problema pra ele. Olhei para o resto do pessoal e pensei: podem ir com o rapaz ali que ele parece ser bem confiável, mas eu só desço com o Rambo aqui.


Depois dos primeiros passos desajeitados, o resto é só alegria, o visual é maravilhoso, a sensação é incrível. Chegando lá embaixo, imediatamente decidimos (assim como todo o resto do pessoal) que iríamos de novo. Nessa segunda vez rolou até beijo na boca debaixo da cachoeira, nas alturas, em meio aos vários arco-íris que se formavam à nossa volta.


Voltamos à pousada para mais uma refeição básica – o pessoal perguntou se eu tinha trazido o equipamento necessário para escalar meu prato.


Em seguida, a última atividade do final de semana, preparada especialmente para destruir os únicos músculos que ainda permaneciam intactos: a cavalgada.


O pessoal foi montando nos bichinhos, e eu ali, esperando algum moço me ajudar a subir em algum animal. Claro que eu devia ter desconfiado que havia algo errado com a Palusa, a última égua que sobrou, com um ar cansado e o olhar perdido no horizonte. Já pra começar, explicaram-me que ela não atendia aos comandos do mesmo jeito que os outros eqüinos, tinha uma manha pra ela entender o esquema das curvas e tal.


Bem, lá fomos nós. Aos poucos o pessoal foi se afastando, lá na frente. E eu tentando entrar num entendimento com a Palusa. Não queria partir para a agressão, como sugeria o guia, então tentei de todas as formas chegar a uma composição amigável. Mas a Palusa ia se arrastando, coitadinha. Até que simplesmente parou. Cheguei a cogitar a hipótese de terem me enganado e entregue uma mula, agora empacada. Mas o mistério logo se desfez, quando eu ouvi um “ploft” lá na traseira. Conversei com a Palusa: “Ah, entendi o problema. Comeu demais no almoço, né? Tudo bem, eu te entendo. Mas agora que você se livrou desse peso extra, vamos andar, ok?”


Ok nada. A Palusa continuava naquela indisposição. O guia acabou confessando que a Palusa estava com as patas sensíveis, por ter andado num tipo de solo ao qual não estava habituada, mas que o problema dela era mesmo preguiça, e eu devia chibatá-la com a corda pra que ela andasse. Ah, tá, olha a minha cara de pessoa que fica maltratando um pobre animal ferido! A essas alturas fiquei tão comovida que pensei em descer e levar a Palusa nas costas, coitadinha.


O consolo é que a guia da excursão, Claudinha, estava num desacordo maior ainda com seu cavalo Vassoura. Indignada, reclamava que o Vassoura era um tarado e só queria cheirar o traseiro dos outros animais em vez de andar. A Regina, montando o voluntarioso Rochinha, só faltava andar para trás. Assim, eu não fiquei totalmente abandonada com a Palusa.


Chegamos, então, a outra cachoeira localizada dentro dos limites da chácara. Claro que algumas pessoas não resistiram e arrancaram as roupas para se atirar naquela água deliciosa – um grau centígrado a menos e passaria ao estado sólido. Eu preferi ficar do lado de fora sendo atacada por insetos mutantes que se alimentam, inclusive, de repelente.


Na volta, troquei de veículo com a Aline, parceira de excursão que estava um pouco apavorada com a desenvoltura da égua que montava. Disse adeus à Palusa, recomendei que se cuidasse e não pisasse onde não devia. Voltei com a Lupita, égua cheia de vida e de gases. Cada passo era um flato. Imagina o que era o animal trotando? Praticamente uma metralhadora.


Enfim, despedimo-nos das paisagens bucólicas, do aroma do campo (longe da Lupita, por favor), do céu claro de estrelas e retornamos à civilização.


Na segunda-feira pela manhã, levantei da cama perguntando se alguém havia anotado a placa do caminhão que me atropelara. Isso antes de levar o maior susto do mundo com a cara da criatura que surgiu no meu espelho, pálida, descabelada, com olheiras mais profundas do que nunca (Será um panda? Um guaxinim? A Gretchen?).


O couro cabeludo ardendo, torrado do sol, lindas marquinhas de um bronzeado uniforme (marquinha de top, de blusa, de short), nariz descascando, marcas de picadas de insetos – parecendo rodelas de pepperoni –, o pescoço, os ombros, todas as vértebras, o quadril, as pernas, os glúteos, os pés, os braços e – por fim – a cabeça extremamente doloridos, as roupas que um dia foram brancas, agora marrons. A pergunta ecoava na cabeça: “por quê? Por quê?”. E o pior de tudo, o mais inexplicável, o mais absurdo de toda a situação, é a animação diante do novo e-mail da agência, prometendo um final de semana ainda mais radical... I must be out of my mind.

sexta-feira, março 13, 2009

Ufa, passou.

Mais um ano de vida, então, se passou. É impressão minha ou fazer aniversário vai ficando cada vez mais sem graça (pra dizer o mínimo)?

O meu aniversário foi o mais depressivo dos últimos dias, ganhou até do Natal. Impressionante. Nessa sexta-feira, 13, saí de casa feliz e sorridente, cantando alto no carro e até me maquiei. Ontem eu simplesmente não conseguia parar de chorar, sem qualquer razão aparente, e precisei mentir pra todo mundo que estava passando por uma crise de rinite. Vai entender.


Talvez o motivo seja a expectativa de que o “meu” dia seja especial, do começo ao fim, e de repente não passa de un jueves cualquiera, de trabajo y aburrimiento (estou estudando espanhol, agora agüenta).


Para ser totalmente sincera, o dia até que começou bem. Não, não houve entrega de flores nem telefonemas carinhosos logo cedo, mas minha amada mãezinha e meu já não tão pequeno irmão semiletrado adentraram meus aposentos com um apetitoso bolo de mousse de chocolate, com sete velinhas acesas (mãe, obrigada por me poupar das outras 20 e do risco de um incêndio no meu quarto). Super fofos, cantaram parabéns, e o semi aproximou o bolo de meus olhos semicerrados para que eu apagasse as velinhas. Assoprei com toda a força de meu bafo ânimo matinal, apaguei três. Com a voz cavernosa, grunhi um “ajudaê”, e meu irmão apagou as demais.


Ao levantar, encontrei a mesa repleta de guloseimas que mamãe, muito sagaz, havia comprado no dia anterior e cuidadosamente ocultado de minhas vistas. Doces, salgados, pãezinhos, capuccino, tanta coisa que nem dava para experimentar tudo numa única refeição.


Em seguida, fomos para a aula de espanhol (mamãe é minha colega). Ao final, a professora cantou cumpleaños feliz para mim, hahaha.


Já no escritório, apenas as castas menos favorecidas, assim como os intocáveis (estagiários), lembraram-se de me felicitar. A classe dominante apenas me dirigiu a palavra para estabelecer tarefas (desconto para o chefinho que estava viajando).


Esperava um almoço especial, com a presença de várias pessoas queridas. Mas as pessoas queridas têm compromissos, precisam fechar negócios, atender clientes, fazer audiências, e os malditos chefes belgas não têm noção de fuso horário, enfim. Mas o Sinho, a Ci e a Paulinha conseguiram se juntar a mim para a comilança.


Algumas pessoas más esqueceram da data, em compensação, outras que eu nem esperava lembraram. Mas também não dá pra reclamar, porque já fiz a festa no domingo, dia 09, e um monte de gente me deu parabéns adiantados.


À noite, depois que os (dois) colegas mais chegados no meu curso me parabenizaram, fiquei ouvindo o super desenvolto professor de Direito Empresarial discorrer sobre títulos de crédito. Tentei cortar os pulsos com uma caneta rosa, sem sucesso. Mandei uma mensagem para meu príncipe encantado, que logo veio em meu socorro, não num cavalo branco, mas num carro prata (ufa, bem mais rápido).


Na presença dele, a tristeza se dissipou, dando lugar a momentos deliciosos como sempre. Dirigindo pra casa, porém, voltou o nó na garganta e as lágrimas vertiam inexplicável e incessantemente.


Ao chegar em casa, aquela melancolia aguda foi amenizada pelos vários recadinhos no orkut, alguns meigos, outros discretos, e uns hilários que me arrancaram gargalhadas. Concluí que se eu tivesse acesso ao orkut no escritório minha vida seria mais feliz. Além disso, perderia menos tempo procurando proxys de acesso (que não funcionam, droga).


Ainda antes de dormir, à meia-noite, minha colega Shudra telefonou-me de São Paulo e ficou matraqueando por quase 30 minutos até que eu adormeci com o aparelho celular colado à orelha. Ufa, acabou o aniversário.


Quando a gente é criança, nossa família faz questão de incentivar nosso egocentrismo nato, fazendo-nos crer que o dia de nosso aniversário é o mais especial do ano. Não é à toa que criança sempre faz questão de assoprar as velinhas, até na festa dos outros. A gente fica mal acostumada.


Aí crescemos e tentamos nos habituar à realidade insossa de que é só mais um dia, igual a todos os outros, e o mundo está ocupado demais pra se dar conta da nossa carência.


É possível também que o motivo de tanta aflição seja justamente a idade, o fato de restar tão pouco de meus vinte e poucos, de ser gente grande, pagar até pelo meu próprio bolo e não ter colo pra correr quando dá esse nó na garganta... :’(


Ou talvez a culpa seja toda da minha mãe, que, 27 anos depois do meu nascimento, ainda faz questão de fazer o dia começar como se fosse realmente só meu. Obrigada, mãezinha...


Hoje, sexta-feira, 13, além da amiga monstra ter telefonado logo cedo tentando um perdão pelo esquecimento (estou examinando ainda), rolou toda uma comoção aqui no escritório porque a colega Shudra denunciou a falta de consideração das pessoas ao meu chefinho. Daqui a pouco vai rolar um bolo. Pago por mim, claro.


E amanhã cedinho parto de Curitola rumo a um final de semana adventure que ganhei de presente de meus amores – Lê e Dé. Com certeza vai ser bom esse contato íntimo com a natureza pra recarregar as baterias. Só fiquei meio chateada com o aviso de que não poderei usar bijoux, acessórios e trajes decentes. Em vez disso, cara limpa, roupas confortáveis e tênis.


Em primeiro lugar, “roupa confortável” é um conceito muito relativo, né não? Eu, por exemplo, sinto-me muito confortável num terninho bem cortado, um vestido acinturado, os meus lindos peep toe de verniz vermelho, enfim. Mas então quer dizer que não se faz rafting de escarpin? Não rola um vestidinho retrô no cascading? Tô chocada. E o povo ainda tem coragem de chamar a natureza de mãe... Vê se mãe de verdade faz distinção entre as filhas chiquérrimas e as ripongas?


Hunf.

quarta-feira, março 04, 2009

Oh! Que saudades que tenho da aurora da minha vida...

Hey, pípou, how u doin?


Quem leu o derradeiro post sabe que eu ando tentando abraçar o mundo, e a consequência (ih, ah lá: sem trema! É, gente, estou me entregando) mais direta disso é o meu corpinho dolorido que sente. Sim, porque o mundo é enoooorme, e não é fácil assim conquistá-lo de uma só vez.


Então. Aí o que acontece é que eu tenho sofrido muito e dormido pouco – porque a agenda lotada reserva pouquíssimas horas para essa bobagem que é o sono – e mal. São tantas e tantas preocupações rondando essa mente atordoada que eu passo algumas horas me virando na cama como se ela estivesse coberta de pregos e eu fosse um faquir meio gordinho, sabe como?


Essa noite resolvi investir numa solução fácil sugerida por duas amigas: um fantástico item farmacológico que, segundo elas, faz uma criatura humana (esse blog não apoia testes em animais) adormecer em poucos minutos. E o melhor é que elas me asseguraram que eu acordaria numa boa e não passaria o dia todo feito uma letárgica abobalhada.


Vamos aos resultados: primeiro que eu não adormeci em poucos minutos. Fiquei ali algum tempo com meu pequeno cérebro tentando resistir bravamente àquele agente intruso que queria colocá-lo em stand-by. Enfim, o efeito demorou, mas chegou. O barulho da rua não me incomodou, nem o excesso de calor, nem acordei às 4h30min da manhã pensando nas contas vencidas e olhando em volta na penumbra à procura de algum objeto que possa ser vendido no Mercado Livre.


O único problema ocorreu quando meu celular gentilmente me despertou hoje pela manhã, e eu decidi reprogramá-lo para uma soneca de uns 60 minutinhos, mas simplesmente não conseguia abrir meus olhinhos. Complicado. As pálpebras superiores estavam pesando uns 80kg cada uma e, como eu não estou habituada a praticar musculação ocular, senti uma certa dificuldade.


Vencido esse momento de crise, consegui de alguma forma surpreendente chegar ao escritório e passar as últimas horas tentando fazer algo que preste, mas meu pequeno cérebro continua se recusando a voltar à atividade.


O mais impressionante de virar uma letárgica abobalhada após a ingestão de um RELAXANTE MUSCULAR é o fato de continuar com dores musculares, né não?


Mudando um cadinho de assunto, sabe que dia tá chegando? Hein? Hein? O do meu vigésimo sétimo aniversário. Escrito assim por extenso dá uma noção mais real do tamanho da coisa.


A cada ano que passa, aquela crise pré-aniversarial aumenta um pouco mais. O dia vai se aproximando e, não sei se é o inferno astral, se é a consciência da velhice ou o que, mas rola uma melancolia inevitável. Não dá vontade nenhuma de organizar uma festa, fazer reservas, convidar pessoas, blá blá blá. Por outro lado, é evidente que se eu deixar passar em branco e as pessoas não adivinharem milagrosamente os meus anseios secretos por um pouco de atenção, é bem possível que essa doce melancolia se transforme numa depressão profunda e suicida ou numa fúria incontrolável e homicida.


Mas também faz um tempo que eu tenho pensado que festas de aniversário parecem meio bobas. Qual é o sentido de comemorar um dia que acontece todo ano independentemente da minha vontade? "Eeeeeeeee, parabéns, mais 365 dias, hein?" Uma coisa é quando a pessoa tem lá seus 90 anos de idade, aí sim, rola um “parabéns, escapou da Dona Morte por mais um ano, hein, seu velho malandro?”.


Em contrapartida, paro pra pensar nesse trânsito insano, na poluição, no calor duzinfernos, no estresse, na falta de educação das pessoas, na gordura trans, no mau olhado, nas dores musculares, na automedicação, no excesso de trabalho, no formol na cabeça (viva a escova progressiva), na violência urbana, nos agrotóxicos, na TV aberta, nas pessoas sórdidas que colocam drogas onde a gente menos espera (acho inclusive que colocaram drogas no meu relaxante muscular)... São tantos os perigos que enfrentamos diariamente que, de fato, sobreviver nesse mundão é uma vitória que merece ser celebrada.


Pensando nisso enquanto espalho um gel creme de diclofenaco dietilamônio nos meus ombros doloridos (agora que eu entendo aquela nostalgia do Casimiro de Abreu), decidi: vou sim comemorar o meu aniversário. Só não sei quando, já que quinta-feira (dia 12) terei aula de espanhol, depois trabalho e por fim aula sei lá do que na pós. E também não dá pra ser no final de semana posterior, já que estarei viajando (presente da e do ). Então acho que vou deixar para o ano que vem. Brincadeira. Vai ter que ser nesse final de semana, embora não seja tão legal comemorar antecipadamente (vai que por algum motivo eu não chego lá). Também não sei onde, porque aquela preguiça de telefonar, fazer reservas, convidar pessoas, enfim, permanece. Saiba, portanto, que nesse final de semana, em algum horário, em algum lugar, estarei festejando mais um ano de vida e esperando por você, viu? Se sua bola de cristal falhar e rolar um desencontro, vale pelo menos um recadinho, um telefonema, um scrap, uma mensagem de fumaça, um e-mail, um presente, um SpaceFox Sportline Vermelho, essas coisas.


12 de março, ok?


Beijo, outro, tchau.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Só um oizinho


Well, não sei se alguém ainda tem coragem de caminhar pelas veredas dessa cidade fantasma em que se transformou o meu querido blog... Mas, caso um destemido andarilho apareça, deve ao menos encontrar uma plaquinha de "Volto logo"!

Eu sei, eu sei que esse abandono é imperdoável. Nem sei mesmo se é porque estou living la vida loca que não tenho achado um tempinho pra escrever. De fato, estou mesmo precisando de umas horinhas extras no meu dia, porque essas 24 não têm bastado. Além de trabalhar em período integral e estar fazendo um curso que me toma todas as noites de segunda a sexta-feira, tenho aulas de espanhol duas vezes por semana. Ainda tenho estudado bastante em casa para um projeto especial. Além de tentar, de vez em quando, ter algum convívio com a família e os amigos. Mas claro que nada disso é mais importante que meu delicioso namorado, com quem eu gostaria de passar muito mais tempo do que tenho passado.

Mesmo assim, talvez eu pudesse arranjar um tempinho de vir aqui e escrever algo sobre um dos temas que surgem em meu pensamento e se esvaem eventualmente: minha revolta com o acordo ortográfico, minha decepção diante de atitudes de pessoas de quem eu provavelmente esperava demais, a falta de educação do povo, minha novíssima técnica para evitar o estresse no trânsito, meu novo emprego (mais novo que o do último post), a saudade de algumas pessoas, minha conformação com o acordo ortográfico, minha surpresa diante do fato de que algumas pessoas não me fazem a menor falta, os filmes que tenho visto, minha inédita dedicação aos estudos, minha vontade de abraçar o mundo...

Não sei porque simplesmente não escrevo. Não gostaria de me definir como o tipo de gente que só escreve à base de melancolia e dor. Coisa chata.

Prefiro crer que a qualquer momento posso sentir uma vontade irresistível de verter palavras. E ainda bem que meu sustento não depende disso! hehehe

Beijos