segunda-feira, junho 29, 2009

Maior sacanagem



Ai, gente... Tô muito chateada com uma coisa desagradável que me aconteceu há uns dias. Sei lá, sabe... Nesses momentos a gente vê todo mundo por aí se preocupando com bobagens e ninguém é capaz de ver o meu sofrimento e me oferecer algum conforto. Injustiça...

Tá, vou contar.

Foi assim: na quarta-feira passada, dia 24/06/2009, às 17h56, recebi um telefonema. O identificador de chamadas acusava um número estranho: *033. Logo pensei que, se não fosse cobrança, devia ser alguma promoção. Atendi.

Era uma gravação. A voz feminina, em tom de grande empolgação, anunciava: "A CLARO TE LEVA PARA O SHOW DO MICHAEL JACKSON!".

Até então eu realmente não estava pensando em ir para Londres assistir ao rei do pop, mas sabendo que a Claro me levaria, confesso que fiquei feliz. Tipo assim, de graça até ônibus errado, né? Imagina então uma viagem pra Londres, com direito a show do incrível homem de cera sem nariz que já foi tão bonitinho um dia?

Então eu pergunto: e agora, como é que fica?

...

Só porque o cara morreu, a Claro não me leva mais? É isso?

Pô. Sacanagem, viu?

E o povo aí se preocupando em saber se Michael descoloriu de vitiligo ou com água sanitária, se ele era ou não nascido no planeta Terra, se era viciado em morfina ou em purpurina e se Peter Pan traçou ou não traçou os garotinhos na Terra do Nunca.

Triste mesmo é que eu perdi minha viagem. Hunf.





E mais triste ainda é saber que pais pelo mundo todo perderam a grande ameaça de cunho disciplinar: "se você não se comportar, vai passar o final de semana com o Michael Jackson!". Muito medo.

sexta-feira, junho 19, 2009

Amor da minha vida

Nessa semana fui atingida violentamente por uma série de eventos inesperados e desagradáveis, do tipo que provoca a sensação de estar nadando em meio a uma tempestade em alto mar: cada vez que consigo emergir em busca de um pouco de ar, uma nova onda me embola e me afunda mais uma vez.

Não preciso que ninguém me diga que "tudo é experiência", que "o que não mata, fortalece", que "no fim tudo fica bem" e que "existe uma energia de renovação na mudança". Blá blá blá, já conheço o discurso de cor.

Nos momentos de dificuldade a gente sempre se depara com pessoas que nos dizem: "qualquer coisa tô aqui". Como se a gente tivesse cabeça, tempo e liberdade pra ligar e pedir qualquer coisa a qualquer hora. Na maior parte dos casos, isso não é verdade.

É fácil perceber quando uma pessoa está de fato disposta a estender a mão, porque ela simplesmente estende. Não fica ameaçando "olha que eu te ajudo, hein?".

Tem um tipo de pessoa que é sempre bom de ter por perto, que não tem medo dos problemas, que encara de frente, que assume a batalha. Eu tenho a imensa sorte de ter ao meu lado um homem assim.

Para ele, não preciso pedir. O apoio é constante, a sintonia é fina.

A minha maior felicidade é o nosso amor. É saber que a cada dia estamos mais fortes e que tudo na vida nos une.

Ele merece o texto mais lindo do mundo - porque é o homem mais lindo do mundo. Mas amanhã, no dia de seu aniversário, terei um caminhão de mudança parado aqui em frente, e muuuito trabalho, de modo que vai ser difícil sentar diante do PC e declarar meu amor eterno como eu gostaria.

Diante disso, escrevo agora, um pouquinho adiantada, só pra dizer o que ele já sabe muito bem: que ele é o amor da minha vida, que eu o amo mais do que tudo, e que já faz tempo que decidi fazer dele o homem mais feliz de todo o Cosmos. Seu sorriso lindo me diz que tenho tido sucesso nessa missão. =)

Feliz aniversário, Dé!

Da sempre sua,

Oki

sexta-feira, junho 05, 2009

P*ta frio da p*rra


Alguém, por favor, pode dar uma ajustada do termostato curitibano? Em tese, o inverno deveria chegar somente no dia 21 de junho, certo? Portanto agora, no outono, deveríamos estar presenciando dias mais curtos e frescos (eu disse frescos, não siberianos), folhas secas coloridas pelo chão, grandes colheitas. Né não?


Em vez disso, o que vejo da minha janela são pessoas encolhidas, formando corcundas, cobertas de cachecóis, gorros, luvas, casacos, tudo com aquele delicioso cheirinho de mofo. Dá um certo ódio das pessoas que dizem com ar de aristocratas: "ah, eu gosto do inverno porque as pessoas ficam mais elegantes"... Elegância my ass!!! Quero mais é meu nariz desentupido!


Bem de verdade, hoje o dia está uma delícia. O sol apareceu logo cedo, e alcançamos ainda pela manhã a invejável marca dos 17º C. Pra quem passou por madrugadas de -2º C, conseguir trocar de roupa pela manhã sem precisar ligar o aquecedor já é uma vitória!


Bom mesmo é você depender de um chuveiro elétrico muito do mequetrefe para o seu banho relaxante antes de dormir. Lá em casa não rola instalar um chuveiro mais potente, porque a instalação elétrica da casa, antiquíssima, não resiste e o disjuntor despenca. Aí o banho exige todo um ritual: primeiro, ligo o aquecedor uma hora antes do banho começar. Depois faço uma oração, pedindo às forças do Cosmos que permitam que eu sobreviva a essa mania chata de higiene. Então respiro fundo e meto-me debaixo daquela gota central de água morna que escorre do chuveiro. O banho necessariamente acontece por partes, porque não há volume de água suficiente para molhar mais do que 5 cm2 de pele de cada vez. O cabelo, já decidi: só volto a lavar em setembro. Tem jeito não.


Após alguns minutos de suplício, batendo o queixo, com os lábios azuis, as unhas dos pés roxas, os dedos da mão duros, o nariz vermelho, os olhos lacrimejantes, os músculos doloridos de tensão, saio feliz, contente e cheirosa, pronta para o próximo ritual: vestir-me para dormir.


Ah, sim... As curitibanas no inverno (mesmo esse inverno antecipado) são pura sensualidade. Dá pra comparar a uma massa folhada, tamanha a quantidade de camadas sobrepostas no corpinho. Um strip-tease duraria cerca de uma hora e 45 minutos até tirar tudo. Casaco, cachecol, luvas (eu gosto daquelas de pedinte, que deixam os dedinhos livres pra digitar). Blusa de gola alta, outra blusa, mais uma blusinha fina por baixo, de ribana ou qualquer outra coisa tão sexy quanto. Calça, botas, ceroula ou meia calça fio 80, perneira, meia, outra meia. Outra meia. Mais uma. Opa, mais uma. Já tô quase chegando no pezinho, hein? Mais uma meia. Cada uma de uma cor diferente. Um show de erotismo colorido. Eventualmente um gorrinho, uma boina, algo que aqueça as orelhinhas. A gente é muito guerreira pra fazer sexo num clima desses. Claro que depois de alguns instantes a coisa – literalmente – esquenta, mas até lá, é um tal de se assustar com o pé gelado, a boca ressecada (pausa pra uma manteiga de cacau?), arrepio mais de frio do que qualquer outra coisa, ao toque da mãozinha de defunto no meio das costas nuas.


Além disso, a gente demora mais pra engrenar em qualquer atividade. Sair da cama, pra começar, já é um ato heróico. Depois de levar horas pra criar coragem de esticar as pernas, todo um esforço pra respirar debaixo de meia tonelada de cobertas e aquecer todo o espaço ocupado pelo corpão, a gente tem que se aventurar no mundo gélido novamente. Muito injusto.


Numa dessas manhãs, vi que um dos botões do casaco que eu queria usar tinha caído. (morto de frio, provavelmente). Perguntei pra mommy onde tinha linha preta, e ela, muito solícita, ofereceu-se para pregar o botão. Depois de alguns minutos tentando colocar a linha na agulha, resmungou: “não consigo acertar essa buraca”... Caí na gargalhada. Respondi: “No consegue acerta a buraca do agulha? Ah, essa buraca muito pequena mesmo! Deixa que o filha ajuda!”


Mommy sugeriu que talvez o frio tivesse congelado seu cérebro. Eu disse a ela que não se sentisse só: na manhã do dia anterior eu havia tentado abrir o cadeado do portão com o controle remoto da trava elétrica do carro. E pior que o safado não abriu. Só pode ter congelado, né?


Beijinhos glaciais.