quinta-feira, junho 12, 2008

30 anos...

Numa galáxia muito distante, num planetinha vermelho e dourado, havia um povo de compleição etérea. Seres constituídos de uma energia mais fina e mais leve que a luz.


Comunicavam-se telepaticamente numa freqüência muito elevada, trocando informações variadas num ritmo alucinante.


Dotados da capacidade de teletransporte e donos de uma curiosidade ímpar, visitavam planetas pelo universo afora, no ímpeto de saciar sua eterna sede de conhecimento.


Foi num desses passeios intergalácticos que uma das criaturas despencou na Terra, ignorando os alertas de seus semelhantes sobre os perigos do tal planeta. Estava entusiasmada com a idéia de conhecer os seres vivos que nele viviam, experimentar novas formas de conhecimento e de sensações.


Adotou a forma humana, para se ajustar às condições do novo meio que habitaria. Surgiu no seio de uma família tão esquisita e tão normal quanto a maioria das outras, e desenvolveu-se como uma criança qualquer. Mas, por mais que procurasse se adaptar e parecer comum, desde muito cedo transparecia algo de muito diferente.


Não conseguia se desfazer totalmente de sua maneira antiga de ser, conservando, por exemplo, o estranho hábito de tentar se mover mais rápido do que seu corpo físico permitia. Assim, quando pequena, lançava os bracinhos para o ar e saía em disparada, até que as perninhas se embaralhassem e a levassem de encontro ao chão. Não havia, porém, tempo para choradeira. Tanto do mundo permanecia inexplorado, e ela queria conhecer tudo.


Sua habilidade de comunicação e a capacidade impressionante de agregar pessoas, dos mais diferentes tipos, eram mais características que chamavam atenção por onde ela passasse. Seu segredo, porém, estava seguro. É que os humanos eram tolos e céticos demais para poderem sequer desconfiar que aqueles estranhos sinais remetessem, de fato, às suas surpreendentes origens.


As fases da vida humana foram se seguindo. Aquele estranho ser não perdeu a oportunidade, ao longo do tempo, de cumprir a missão que havia proposto a si mesmo: experimentar. Conhecer lugares, pessoas, formas de pensar, jeitos de agir. Adquirir habilidades, perceber, captar, compreender.


Por óbvio, ao interagir com as pessoas em busca do novo, acabou descobrindo também diversos meios de se doar, de fazer gente feliz, de transmitir conhecimento.


E, apesar de se decepcionar profundamente ao ver as mazelas do mundo que escolheu habitar, nele conheceu muitas coisas encantadoras: a paixão, a amizade, a música, a filosofia, o sorriso, a gargalhada, a dança, o amor... Por mais que, muitas vezes, não conseguisse compreender perfeitamente os espécimes humanos, eles sempre lhe despertaram alguma compaixão (com raras exceções).


Hoje faz exatamente 30 anos que essa estranha e magnífica forma de vida pousou por aqui. Transformou-se numa mulher linda, de todas as formas que a beleza consegue se manifestar numa pessoa. Uma personalidade única, admirável, de opiniões consistentes, caráter reto, olhar transparente, sorriso sincero e contagiante. Quadris descontrolados ao som de certas canções. Competência, organização e perseverança nos seus projetos de vida. E uma bondade no coração que ela nem sabe o quanto é rara.


Costumam chamá-la de Letícia, ou de Lê.


Eu chamo de melhor amiga. Irmã. Amor.


Espero que ela não se importe por eu ter revelado suas origens. É claro que a maior parte das pessoas jamais imaginaria, mas pra mim foi sempre evidente que alguém tão especial não poderia ser desse mundo.


Desejo com toda minha força que todos os seus sonhos se realizem, e que o meu planeta tenha a sorte de tê-la por aqui por muitas e muitas outras décadas.


Sis, a vida é mais feliz e o mundo é um lugar bem melhor porque você existe.


Muito obrigada por ter vindo (ao mundo). Amo você.


Clica que aumenta!

terça-feira, junho 03, 2008

Resoluções de meio de ano

Oi, zentsi, tudo bem-nhê?


Vocês se deram conta de que já estamos em junho? Segunda metade de 2008!

Momento ideal para dar aquela vasculhada na memória e verificar como andam as famosas resoluções de ano novo!


Claro que nem todo mundo faz uma listinha de metas, pula 7 ondinhas, usa determinadas cores na virada do ano e tal. Mas até mesmo os mais céticos costumam pensar em alguma coisa que pretendem realizar – um curso, uma viagem, organizar o armário, dar uma aquecida numa relação que anda morna, whatever. Não é necessariamente uma questão de crença, é cronograma mesmo! As empresas também não fazem balanços de tempos em tempos? Então.


Eu, particularmente, considero sensacional a invenção do tempo em fatias. Se tivesse que pensar no futuro como um único bloco compensado de opções em aberto, provavelmente a visão seria tão assustadora por sua própria magnitude que eu me recolheria quietinha no passado, com medo de fazer escolhas equivocadas.


Bem mais fácil e seguro pensar nas coisas a curto prazo: se os planos não derem certo, no próximo ano eu invento um jeito novo de ser eu mesma.


Já nem me lembro de todas as minhas resoluções de ano novo, mas sei que tive que deixar quase todas (se não todas) de lado, em razão de circunstâncias totalmente alheias à minha vontade.


Devo admitir, porém, que estou razoavelmente satisfeita com meu desempenho, já que eu consegui resolver e dar conta de todas as questões inesperadas que surgiram, que acabaram se mostrando bem mais urgentes e necessárias que as minhas metas originais.


Não digo que seja agradável receber um banho gelado de realidade, deixando submersos numa névoa densa os meus combalidos sonhos. Por muitas vezes eu me vi profundamente desanimada, longe de vislumbrar uma saída. Sabe quando todo mundo diz: “calma, é só uma fase”, mas você simplesmente não consegue enxergar um meio de fazer a tal “fase” passar?


Enfim. Não sei se dá pra qualificar como uma solução, mas encontrei uma maneira de tornar as coisas mais leves, mais suportáveis: trazer para bem mais perto o meu horizonte. Tentar enxergar ao longe e não avistar nada além da neblina é sempre um desalento. Por isso adoto o lema do Alcoólicos Anônimos (onde, inclusive, já pensei algumas vezes em buscar socorro, hehehe): “um dia de cada vez”. Ainda mais fácil do que “um ano de cada vez”.


Anyway, fazer o balanço do primeiro semestre do ano e concluir que, apesar dos percalços, meu desempenho foi muito positivo, reavivou minhas forças para voltar a pensar em mim. Claro que isso não significa que eu pretenda deixar de pensar nas pessoas que ainda dependem de mim. Por mais que a responsabilidade tenha me atingido feito um piano de cauda despencado de um andaime sobre meu desavisado crânio, reunidos os destroços de mim mesma, não é do meu feitio fugir do que me cabe.


O que importa é que eu decidi cuidar de mim, de algum jeito, com ou sem grana, independentemente de atitudes desonrosas de quem devia estar carregando esse peso no meu lugar. Alguns projetos já estão em andamento, outros prestes a serem executados, outros em fase de elaboração.


A cada dia supero uma série de dificuldades. Quando vou dormir, eu sei que a maior parte dos problemas ainda vai existir quando o despertador tocar, o que talvez faça com que o verbo “superar” pareça um tanto inadequado à situação. Mas eu sei que supero, pelo simples fato de ainda levantar pela manhã, e de não ser uma pessoa constantemente surtada e insuportável (só de vez em quando, néam?).


Claro que escolher realizar determinados projetos implica em renunciar a outras coisas. Por exemplo, para enfrentar a segunda metade do ano linda e gostosa com 4 cm a menos de cintura e 4 kg a menos, precisei renunciar aos meus hábitos alimentares de ogra e adotar uma p*rra de uma dieta saudável. Saco.


Sabendo que eu sou muito mais forte do que sequer imaginava, fica bem mais fácil acreditar na minha capacidade de realizar meus planos de dominar o mundo ser feliz. Muahahahaha (gargalhada maquiavélica, esfregando as mãozinhas)...


Beijos