segunda-feira, maio 19, 2008

Sad, sad song.

Se o texto a seguir fosse uma canção, e eu fosse o locutor de uma rádio brega, anunciaria agora, empostando a voz: “Essa vai especialmente para você, minha amiga, mulher... Você que já se apaixonou, que já se entregou de corpo e alma a alguém que não soube dar valor... Você que teve seu coração dilacerado por mais de uma vez, e que, apesar de toda a dor, nunca [pausa para um breve ar de suspense], nunca desiste de amar”.


Aos primeiros acordes tristes, a amiga ouvinte já estaria vertendo lágrimas, abraçada ao travesseiro, pensando naquele safado, ingrato... Depois de tudo que ela fez por ele! E todo amor que ainda havia guardado dentro dela, esperando só o momento certo de transbordar e tornar a vida dele uma coisa mística, mágica, inexplicável... O que fazer dele?


É, colega. Se você é mulher e tem mais de 12 anos de idade, existe uma probabilidade imensa de que já tenha descoberto essa verdade: estar apaixonada pode ser a melhor ou a pior sensação na vida de uma pessoa.


A pior, porque deixa na gente um vazio insuportável que parece que nada consegue preencher (por gentileza, sem pensar em sacanagem, é de outro tipo de vazio que estou falando). A capacidade dos pulmões parece pouca para a necessidade de ar. Viver é uma seqüência infinda de momentos de angústia. Será que ele vai ligar? Será que é só meu? Será que sente minha falta como eu sinto a dele?


Pobre criatura apaixonada... Dorme e acorda pensando naquele que, quiçá, será a realização de seus anseios românticos. Olha pra ele com uma doçura que esconde uma vontade desesperada de suplicar: “Por favor, não me magoe”.


Em 99% dos momentos, estar apaixonada é um suplício. Não é à toa, querida. Paixão é sinônimo de sofrimento, martírio (de Cristo), cólera, excesso, mágoa. Olha lá no dicionário. Não tem como esse troço não fazer sofrer. A razão pela qual a gente insiste está naquele 1% que resta.


Ah, que sensação maravilhosa quando ele corresponde. Quando ele também tem medo de perder. Quando ele também acorda pensando no seu nome. O sofrimento de um ameniza o do outro. A reciprocidade acalma. É uma coisa linda demais. Duas pessoas apaixonadas uma pela outra, ao mesmo tempo, no mesmo lugar? Não é tão fácil de acontecer. Claro que se vê todos os dias dezenas de casais de mãos dadas desfilando por aí, desafiando a solidão alheia.


Mas não se engane, cara leitora. Existem milhares de motivos para as pessoas estarem juntas, além da paixão e, que dizer então, do amor? O amor é raro. Casais se formam por carência, conveniência, afinidade, amizade. As pessoas cansam de ficar sozinhas e... tcharammm! Chamam qualquer coisiquinha marromenos de “amor”.


A ciência já comprovou que a paixão atua no cérebro como uma droga. E não faz todo sentido do mundo? Uma droga que causa sensações deliciosas, mas cujos efeitos colaterais nunca compensam. E pior: o negócio vicia.


Então, prezada leitora. É aqui que vai meu recado, especialmente do meu coração para o seu. Não se deixe levar por essa vontade louca de se apaixonar.


Quanto tempo da sua vida você dedicou àquele cara que apostava ser o homem da sua vida? E no fim descobriu que ele não era nada do que você imaginava, certo?


Explique-me, pois, com base em que critérios você pode acreditar que esse outro, que conhece há cerca de 3 semanas, e que até o presente momento não deu qualquer sinal de corresponder ao seu interesse, poderá eventualmente fazê-la feliz?


Não digo que o cara não tenha o material para isso, que ele não seja legal, uma boa pessoa. Mas boas pessoas também fazem sofrer, também magoam. Até sua mãe, que é uma senhora de comportamento ilibado, pode pisar na bola de vez em quando, não pode? E mesmo que o cara não faça nada pra magoá-la, mesmo que a respeite, se ele simplesmente não desejá-la com a mesma urgência com que você o deseja, isso já bastará pra fazê-la sofrer feito um cão sarnento.


Vamos com calma, honey. Relax, take it easy.


Não faz muito tempo que um cara legal assumiu o posto de maior decepção da minha vida. Aquele sujeito sorridente, com jeito de bom moço, adorado pelos amigos. Conseguiu a façanha de acabar com a minha inocência: graças a ele eu desconfio de todo mundo (até de você, lendo aí com cara de bobo. Você mesmo. Tão bonitinho).


E mais: as palavras têm poder. Não, não é discurso religioso nem esotérico. É muito sério. Quando eu estava com o pseudo bom moço supracitado, foram as palavras que me conduziram à ruína. É certo que eu estava morrendo de vontade de me apaixonar, mas eu tinha medo (e o medo é que salva a gente das enrascadas da vida). Porém, minhas amigas insistiam em dizer que eu estava apaixonada, até que eu terminei admitindo. E aí, colega, no momento em que você diz as palavras, já era.


O cérebro capta a mensagem rapidinho e sua vida está imediatamente voltada àquele sentimento que consome suas entranhas.


Aprendi uma lição que quero compartilhar com você: a gente só se entrega à paixão depois que o alvo prova que merece. Antes você se mantém num estado de iminência: “Olha só, honey, posso me apaixonar a qualquer instante, só depende de você”. Deve ser por isso que em inglês se diz "fall in love", porque a gente cai. Às vezes de cara, às vezes de quatro (hum), e muitas vezes se machuca. Mas, se eu estiver atenta, posso escolher entre cair feito uma trouxa na pegadinha do Malandro ou me jogar mesmo, porque percebi que o moço vale a pena.


Compreendi que não é só para os outros que as palavras não devem ser pronunciadas, mas pra mim mesma! Por mais que eu goste de um cara e tenha uma certa predisposição a me apaixonar por ele, continuo disponível no mercado. Afinal de contas, eu não assinei um contrato de exclusividade (leia-se: não estou namorando). O que existe apenas é uma relação de preferência. Entre ele e os outros, eu prefiro estar com ele. Se ficar com outro representar alguma forma de ameaça ao que eu tenho com o gatinho, prefiro deixar pra lá. A preferência fala mais alto.


Mas todo mundo sabe que quem não dá assistência perde a preferência (e viva a concorrência!). Se o cara souber cuidar de mim, ótemo. Ganha o direito de receber o que tenho de melhor: meu sentimento. Único, exclusivo, pessoal e intransferível.


Enquanto isso não acontece, ele é o cara que eu curto e que eu respeito. Não faço nada que não gostaria que ele fizesse comigo. Afinal, é um cara legal, até que haja prova em contrário. Provavelmente, apenas alguém com quem eu vou viver bons momentos enquanto o homem da minha vida não aparece (a gente precisa se divertir, também).


Para todos os efeitos, a única pessoa que eu realmente conheço nessa relação sou eu!


Eu sei o que tenho a oferecer, e às vezes dou umas amostras grátis, porque a gente também tem que saber fazer o marketing pessoal. Tudo dentro de certos limites, claro. Talvez não seja o caso de dizer "querido, pára e pensa: se assim eu já sou boa de cama, imagine só se eu te amasse". Talvez.


Sei também de quanto amor, carinho e cuidado eu preciso pra ser feliz. Eu conheço meus defeitos e minhas virtudes, e sei que adoro cuidar bem de quem eu gosto... Mas não posso deixar que meu desejo de amar me transforme numa ameba.


Claro que não é fácil! Uma vez que você se entrega ao sentimento, ouvir esse tipo de alerta é tão útil quanto aqueles e-mails sobre técnicas de penis enlargement que eu recebo. Mas nunca é tarde para tentar resistir! Vale a pena lutar contra esse desejo patético e infantil de transformar qualquer gatinho bom de cama num protótipo de príncipe encantado!


Por fim, eu sei que não tenho moral pra dar conselhos, já que eu também quebrei a fuça bem desse mesmo jeitinho aí. Mas dou mesmo assim (conseeelhos! Eita gente maldosa). E não arrisco dizer que estou completamente imunizada, porque o maldito vírus da paixão é mutante, sempre arranja uma forma de derrubar os incautos - especialmente os que se julgam mais fortes do que realmente são.


Não quero vê-la sofrer. Não quero também que você perca as oportunidades que brotam de todos os cantos porque está cega de paixão (efeito colateral). Não quero você ligando aqui na rádio pedindo pra tocar de novo aquela velha canção que faz você chorar. Vou tocar um funk e a gente dança até o chão, ok?


Besitos.

"This is the way you left me,
I'm not pretending,
No hope, no love, no glory,
No happy ending
This is the way that we love,
Like it's forever,
Then live the rest of our life,
But not together".
(
Happy Ending - Mika)

segunda-feira, maio 05, 2008

Amigas x Namorados

Recentemente algumas amigas me fizeram perceber que eu tenho o dom de namorar na época errada. Durante parte do ano de 2006, absolutamente todas as minhas amigas estavam livres e desimpedidas, pegavam balada diariamente, viajavam no fim de semana pra sair da rotina. Eu, enquanto isso, aproveitava as mazelas de um namoro à distância: quando não viajava para ver meu ex-namorado, tinha sempre que voltar cedo para casa, pra falar com ele via MSN ou Skype.


2007 foi um ano de transição. Boa parte das minhas amigas conheceu alguém especial ou simplesmente selou compromisso com alguém que já estava pegando. O time das solteiras, cada vez menor, ainda dava sinais de resistência.


Agora é oficial: eu sou praticamente a última solteira dessa cidade. O que parece realmente muito estranho, considerando que tem muito mais mulher do que homem em Curitiba.


Enfim. Não me queixo da vida de solteira. A sensação de não ter que dar satisfações é excelente. E a minha liberdade hoje é tão grande quanto a minha capacidade de aproveitá-la: depende somente de recursos, tempo e vontade. Nem mesmo minha mãe me cobra qualquer tipo de comportamento, ou pergunta onde e com quem eu vou fazer o quê.


Charlie Harper, num episódio de Two and a Half Man, ao explicar porque não pretende se casar, disse que enquanto tiver uma mulher para fazer o serviço doméstico e outras para fazer sexo, pra que precisa de alguém que vá levar metade dos seus bens?


Aplicando o mesmo raciocínio à minha vida, percebi que só preciso de um homem para realizar o trabalho da casa.


Apesar dessa tranqüilidade, nos últimos dias tenho ficado sozinha mais vezes do que gostaria. Não me faltam convites de homens, mas sinto falta das minhas amigas.


Todas parecem estar ocupadas demais com seus respectivos namorados, noivos ou maridos. Mesmo as (2) solteiras restantes acabam se envolvendo em eventos pré-matrimoniais de outras amigas, ou são madrinhas de um casamento no sábado à noite.


Lembro de uma época, não muito distante, em que os encontros com as minhas amigas eram freqüentes. Cinema, restaurantes, bares, baladas, festas, churrascos, “esquentas”, filme ou seriado com vinho na casa de alguém eram parte da nossa rotina.


Hoje, a idéia de reunir todas as amigas parece um sonho quase impossível. Nem mesmo quando é aniversário de alguma todas as outras comparecem: uma boa parte sempre tem outros compromissos programados que, em 95% das vezes, têm a ver com os namorados.


Durante o feriadão, que passei praticamente abandonada pelas minhas amigas, tendo que escolher entre o sofá e uma companhia masculina (sem querer reclamar da fartura nessa área, claro), eu refleti muito sobre essas circunstâncias.


Será que a amizade feminina não passa de distração enquanto o amor não chega? E de um passatempo enquanto os namorados estão ocupados, jogando futebol, trabalhando, viajando ou bebendo com amigos?


Os homens, por sua vez, não abrem mão tão facilmente de um programa com os amigos por causa das namoradas. Que homem diria aos amigos que vai deixar o time desfalcado porque estreou no cinema um filme que a namorada quer ver? Ou que perderia a final do campeonato para ir ao parque com ela? Ou que sacrificaria a única noite de descanso numa semana ferrada no trabalho pra sair pra dançar com ela?


Será mesmo que mulheres apaixonadas se reduzem voluntariamente a coadjuvantes na vida de seus machos, como se fossem meros satélites orbitando ao redor do astro soberano?


Ui, melhor mesmo continuar solteira, ainda que me magoe o fato de que minhas amigas só estão disponíveis para mim quando seus homens estão indisponíveis para elas.


E como eu tenho o dom de adotar o comportamento avesso ao que está em voga, sou a única mulher que eu conheço que fica com homens pra se distrair da ausência das amigas. Como diria aquela cantora pop cabeluda de grande sucesso nos anos 90, and isn’t it ironic?


Por fim, declaro aberta a campanha: PROCURAM-SE AMIGAS SOLTEIRAS!


Servem amigos também, desde que não se inscrevam por simples interesse em abusar do corpitcho da nova amiga, ok? Já falei que nessa área estou bem servida.


Nada contra o pessoal de fora, mas, como a questão é bastante prática (as amigas em questão devem poder sair comigo), o anúncio é destinado a solteiras que morem em Curitiba, ok?


Besitos!