segunda-feira, maio 29, 2006

Por que eu amo minhas amigas


Não ia publicar isso. Em princípio, esse texto deveria ser lido apenas pelas personagens dos acontecimentos a seguir narrados. Mas a Ciça pediu pra eu publicar, e eu faço tudo pra vê-la feliz. Porque a Ciça é uma criatura mágica pra mim. Uma fada. Ciça Fadinha. Sim, eu escrevi esse parágrafo inteiro só pra fazer essa piada.


Eu, Ciça e Paula, assistindo a um filme (Casanova) na casa da Lê. Uma cena mostra um gordão nu da cintura pra cima, com toda aquela banha exposta em camadas sobrepostas.


Letícia se manifesta:


– Argh, eu jamais conseguiria ficar com um gordo. Acho que se eu casasse com um cara e ele engordasse eu nunca mais faria sexo.


Ciça completa o raciocínio:


– Com ele, né?


Chega um amigo pra pegar um convite pra festa das meninas, e explicamos pra ele que não tem nada demais acontecendo, estamos apenas as quatro amontoadas no pequeno sofá pra ver o filme e “não repare no espartilho em cima da mesa”.


Antes de acabar o filme concluímos que o Casanova era o ancestral do MacGyver.

Mais tarde, as quatro dentro do carro da Lê, paramos num semáforo (fechado, é claro) e um psicótico pára atrás de nós e começa a buzinar alucinadamente. Sem parar. Por minutos intermináveis, aquele homem buzinando sem nenhuma razão aparente. E mostrando AQUELE dedo pra gente.


A Paula se estressa, resmungando como de costume e ameaçando descer do carro e chutar a porta (ou a cara) daquele louco. Eu, reagindo de forma muito mais normal, começo a gritar que odeio buzina, proferir impropérios contra o imbecil, inflamando mais a Paula ao concordar com os planos dela: “Vamos, vamos, vamos! Quero socar esse feladaputa!!! Vamos, Paulaaaa!!! Vai ser tão legal!” A Ciça fica confusa, sem saber se dá início a uma de suas típicas reações autistas (balançar o corpo pra frente e pra trás repetindo: “buzina... buzina... buzina...”) ou se é mais adequado se unir à ação ofensiva intentada por mim e pela Pequena. A Letícia pensa em chorar, mas consegue com muito custo manter o autocontrole e, principalmente, nos manter dentro do carro.


Mas teria sido bem mais divertido se a gente descesse e desse uma sova naquele maníaco da buzina. Ou se, ao menos, a Paula chutasse a porta dele repetidamente enquanto eu gritava: “ODEIO BUZINAAAAA”, a Ciça se balançava e a Lê chorava... Imagina a cena? Ah, imprimir um pouco de surrealismo ao dia dos demais transeuntes não seria nada mal.


Seguimos em frente, livres do idiota. Eu e a Paula ainda lamentando: “Ah, ia ser tão legal se a gente descesse do carro... Perdemos essa oportunidade. Na próxima a gente já sabe o que fazer.” De repente a Letícia sugere (por que, mesmo? Não lembro!) que nós talvez estivéssemos mortas, vivendo num universo paralelo, como a menina de algum filme. É natural as pessoas sugerirem esse tipo de coisa, afinal. Eu ameaço chorar se ela não concodar que eu estou viva e NESSE universo, sim.


Deparamo-nos com uma moto, ou melhor, um daqueles triciclos enormes, e a Lê exclama: “Olha, o Mad Max!” O cara levava uma loira na garupa, e a Ciça pensou que a mulher estivesse pilotando: “Não, é A Mad Max!” O detalhe é que a loira estava com as duas mãos no cabelo, e antes que a Ciça pudesse completar a frase “ah, pensei que fosse ela que...” eu disse: “Aham, e ela pilota sem as mãos!!!”. A Paula: “Não, Ci, você está confundindo, esse é o Mad Max, não o MacGyver”. E eu: “Nem o Casanova”.


Por fim, paramos o carro próximo à Blockbuster e, enquanto eu, a Ci e a Paula ríamos de alguma outra bobagem, a Letícia sai descalça pra devolver o DVD na locadora...


Enquanto não formos todas internadas, continuo acreditando que somos geniais.

Amo vocês, suas malucas.

Beijos da normalzinha.