sábado, dezembro 23, 2006

Fora Noel


Eu não gosto do Papai Noel. Desde muito cedo o uso da lógica me fez perceber que seria impossível um trenó passar por todas as residências do mundo em uma noite, e injusto que o velhote entregasse presentes às criancinhas que dormiam tranqüilas em suas camas quentinhas, e nem olhasse para os meninos deitados em caixas de papelão nas ruas.


Também não vejo sentido em importar tradições que não se encaixam na nossa realidade. Aqui não tem neve, nem rena, nem trenó. Ninguém usaria aquelas roupas no nosso verão tropical.


Por fim, qualquer senhor idoso e sacudo que incite criancinhas a sentarem em seu colo sob promessa de recompensa não merece a minha confiança. Quando eu era criança ouvia falar do “homem do saco”, e o velho Noel se encaixa perfeitamente na descrição.


Mas não é por ter desconfiado desde cedo que ele não existia, nem por ele ser elitista, nem por andar fora de moda, nem tampouco por seu jeitão de pedófilo, que eu não gosto do Papai Noel. Ou melhor, não é SÓ por isso.


A principal razão de minha antipatia pelo barbudo é que ele é o maior (e mais gordo) instrumento da indústria de consumo para afastar da mente das pessoas o real significado do Natal. Andando pela cidade iluminada e enfeitada para o Natal, eu vi DOIS presépios. Apenas dois, quase imperceptíveis entre milhares de trenós e imagens do gorducho.


Eu adoro a troca de presentes no Natal. Não tem um ano que eu consiga deixar de me endividar pra comprar lembranças ao menos para a família. É bem provável que eu seja apenas mais uma vítima da publicidade exacerbada (isso fica um pouco mais evidente quando eu saio de casa à meia-noite para ir ao shopping aproveitar o horário especial), mas eu realmente gosto de estar junto com as pessoas que amo, e presenteá-las como forma de demonstrar o quanto são importantes para mim.


É claro que seria mais interessante fazer isso por meio de gestos e diariamente... Mas já é alguma coisa!


O essencial é que não importa se você é budista, muçulmano, judeu ou mesmo ateu. Reza a lenda que um dia um homem esteve na Terra ensinando a paz, o amor, o perdão, a compreensão. Não é necessário ser cristão para aproveitar esses valores. Nem mesmo me interessa o caráter divino ou humano desse homem. Mesmo que não passe mesmo de uma lenda.


Desejo que a celebração do nascimento de Jesus seja uma oportunidade de estreitar laços de amizade e de afeto. Um momento de reflexão, em meio a tantas de nossas atribulações diárias, para que nos voltemos ao que realmente interessa, o que nos torna de fato humanos, que é a necessidade de amar e ser amado que cada um tem dentro de si.


Feliz Natal a todos!