quinta-feira, novembro 22, 2007

Coisas que me irritam (4ª parte)


Operadores de telemarketing e teleatendentes. Dados muito confiáveis de pesquisas imaginárias apontam: operadores de telemarketing e teleatendentes são os profissionais mais odiados do Brasil, tendo há muito tempo ultrapassado os técnicos de informática, porteiros de boates, políticos, árbitros de futebol, jovens que arremessam panfletos quando as pessoas param no semáforo, guardas de trânsito, dentistas e até mesmo os advogados. Toda vez que preciso entrar em contato com o serviço de atendimento de uma empresa, seja para solicitar informações, suporte técnico, informar pagamento ou o que for, deparo-me com o espetáculo da ignorância. Depois de teclar 2 para isso, 4 para aquilo, 9 para voltar ao menu inicial, 666 para contatar a gerência, 5 para gritar “kill me, kill me now, please”, eventualmente consigo falar com um ser humano (será?). A maioria das criaturas parvas que atendem a ligação não têm muita noção de como funciona a empresa que “terceiriza” a empresa que “quarteriza” a empresa que “quinteriza” a empresa que a contratou.

Tanto pior é quando estou em casa bem tranqüila e alguém ao telefone pede para falar com a Sra. Oksana. Ih, chamou de Sra., só pode ser o rebento de uma meretriz me azucrinando para pagar uma conta ou um execrado que tentou negociar a alma com o Demo e foi recusado, e que pretende me vender algum produto ou serviço inútil por telefone, ou ainda pedir uma doação. Imaginem o que é para uma pessoa com o nome incomum como o meu. Às vezes minha mãe atende ao telefone e passa para mim dizendo que pediram pra falar com o Sr. Ozama. Ai, se Bush me descobre. Ou chamam a Sra. Okasawa, e outras coisas do gênero.
Isso tudo sem contar que foi essa maldita raça insolente que disseminou a praga do gerundismo. “Só um momento que eu vou estar transferindo para a pessoa responsável”. Quer dizer que eu passei todo esse tempo contando a minha vida pra pessoa irresponsável? “Só mais um momento, Sra. Oquizana, que eu vou estar passando para o setor competente”. Filha de uma rameira, porque não avisou logo que o seu setor era incompetente? “Só mais um instante, por favor, que eu vou estar fazendo o registro pra que o sinal esteja sendo religado. A Sra. quer estar anotando o número do protocolo?” NÃO, EU QUERO ESTAR SEGURANDO SUA CABEÇA SOB A ÁGUA DA PRIVADA PARA PODER ESTAR VENDO VOCÊ ESTAR SUFOCANDO ATÉ ESTAR OUVINDO VOCÊ ESTAR EMITINDO O ÚLTIMO BLUP! Ai, ai, pronto, pronto, passou.

Abordagens grotescas. Inclui-se aqui toda sorte de cantadas toscas e os comentários asquerosos pelos quais os pedreiros e caminhoneiros levam a fama, o que constitui profunda injustiça para com tantos homens de todas as idades e todas as classes profissionais. Muitas vezes já ouvi de aparentemente respeitáveis senhores, vestindo terno e gravata em carros de luxo, palavras de tão baixo calão que não ouso repeti-las, nem sequer em momentos de grande empolgação e desenvoltura no campo da sacanagem. Aqui também são inseridos gestos praticamente irresistíveis, como passar os dedos sujos entre meus cabelos macios, segurar minha mão com força enquanto eu tento me afastar ou encostar a pata em qualquer parte do meu corpo sem autorização. Sempre tento imaginar qual é o resultado que o imbecil pensa que vai conseguir. Talvez acredite que, ao gritar algo como: “Gostosa, que vontade de $&;¨#@ esses #%$$*&; e %$@%& você todinha”, eu retorne e diga: “Sério, diliça? Então vamos!”. Quem sabe imagine que, ao invés de escapar como posso da mão pegajosa que tenta me arrancar os cabelos, eu vire e meta um beijo na boca do ignorante. Irritante é pouco pra definir esse tipo de comportamento.

A moda desse ano. Tendências da moda são sempre uma coisa irritante. Tem vezes em que uma coisa que você adora, que sempre usou na vida, que é praticamente uma marca pessoal, cai no gosto dos estilistas. Pronto, 28 mulheres sem estilo e sem personalidade em cada esquina estarão vestindo, calçando ou usando a mesma coisa que você. Ódio. E tem também situações em que as vitrines querem te meter goela abaixo uma coisa grotesca. Você jura que nunca vai usar. Mas o apelo da mídia é grande, suas amigas todas usam, quando você percebe, já não acha mais tão absurdo. De repente é aceitável, e um tempo depois, absolutamente necessário, você simplesmente não entende como passou tanto tempo da sua vida sem ter uma confortável bota que parece uma perna de Frankenstein. Ok, confesso, aconteceu comigo.

Mas as tendências desse ano, pra mim, estão particularmente insuportáveis. Todo mundo deve saber que quem dita as regras da moda e decide o que devemos ou não devemos usar é um seleto grupo de pessoas (mui provavelmente parisienses) que não gosta de mulher. É evidente. Se mulheres definissem a moda, fazer depilação já estaria out há muitas e muitas estações. Por outro lado, se fossem homens heterossexuais, as modelos seriam gostosonas, peitudas, bundudas, jamais anoréxicas, e as vitrines estariam abarrotadas de micro-shorts, micro-saias, micro-tops... As roupas seriam como os aparelhos celulares: a cada ano seriam lançados modelos menores. Mas não. Quem cuida disso é uma organização secreta de bibas más que, numa espécie de concílio herege, decide como tornar as mulheres menos atraentes. Foram essas frutas malévolas que já nos fizeram usar calças de brim em tons pastéis, depois, mais revoltadas, fatigaram nossas retinas com peças em cores fluorescentes, por pura maldade. Foram elas que já maltrataram nossa geração ou as de nossas antepassadas com mangas bufantes, ombreiras, calças semi-bags e outras aberrações. Mas agora, elas apelaram. Ressuscitar os anos 80? Golpe muito, muito baixo.

Um breve passeio pelo shopping me fez concluir que os sapatos são todos de verniz e brilham mais que a luz do sol, aquelas estampas geométricas que minha mãe usava estão por toda parte, a cintura alta está voltando, as blusas parecem balões, e dentro de cada uma cabem cerca de 3 mulheres (grandes), as fábricas de lurex foram reativadas, muitas e muitas peças são feitas em paetês, com pequenos detalhes em tecido. Nada mais tem decote. Nada de tecidos justos que realcem as formas femininas. Somos todas balões. Ah, as bolsas têm capacidade para 200 litros (por que não colocam logo rodinhas nessas coisas?). Vi um macacão jeans numa loja, quase chorei. Por que isso? Não podíamos ter parado no decote canoa, nos óculos ray-ban e nas mangas morcego? Já estou até vendo a volta das calças fuseau com pezinho. Diga adeus à sua escova progressiva, ano que vem você vai fazer permanente e repicar o cabelo. Leve uma foto da Cláudia Raia em Roque Santeiro pro salão e explique pro cabeleireiro: "quero igualzinho".

Miguxês. QM NAum axXxaH AbSOlUTaMeNTi AdoRavEu EXXaH fOrmah DI AXXaXXINIu dAH LInguAh pOrtuGUEzAH??!?!

Tradução: Quem não acha absolutamente adorável essa forma de assassínio da Língua Portuguesa? By Miguxeitor.

Ai, meu estômago.

BeijInHuxXx