sexta-feira, março 13, 2009

Ufa, passou.

Mais um ano de vida, então, se passou. É impressão minha ou fazer aniversário vai ficando cada vez mais sem graça (pra dizer o mínimo)?

O meu aniversário foi o mais depressivo dos últimos dias, ganhou até do Natal. Impressionante. Nessa sexta-feira, 13, saí de casa feliz e sorridente, cantando alto no carro e até me maquiei. Ontem eu simplesmente não conseguia parar de chorar, sem qualquer razão aparente, e precisei mentir pra todo mundo que estava passando por uma crise de rinite. Vai entender.


Talvez o motivo seja a expectativa de que o “meu” dia seja especial, do começo ao fim, e de repente não passa de un jueves cualquiera, de trabajo y aburrimiento (estou estudando espanhol, agora agüenta).


Para ser totalmente sincera, o dia até que começou bem. Não, não houve entrega de flores nem telefonemas carinhosos logo cedo, mas minha amada mãezinha e meu já não tão pequeno irmão semiletrado adentraram meus aposentos com um apetitoso bolo de mousse de chocolate, com sete velinhas acesas (mãe, obrigada por me poupar das outras 20 e do risco de um incêndio no meu quarto). Super fofos, cantaram parabéns, e o semi aproximou o bolo de meus olhos semicerrados para que eu apagasse as velinhas. Assoprei com toda a força de meu bafo ânimo matinal, apaguei três. Com a voz cavernosa, grunhi um “ajudaê”, e meu irmão apagou as demais.


Ao levantar, encontrei a mesa repleta de guloseimas que mamãe, muito sagaz, havia comprado no dia anterior e cuidadosamente ocultado de minhas vistas. Doces, salgados, pãezinhos, capuccino, tanta coisa que nem dava para experimentar tudo numa única refeição.


Em seguida, fomos para a aula de espanhol (mamãe é minha colega). Ao final, a professora cantou cumpleaños feliz para mim, hahaha.


Já no escritório, apenas as castas menos favorecidas, assim como os intocáveis (estagiários), lembraram-se de me felicitar. A classe dominante apenas me dirigiu a palavra para estabelecer tarefas (desconto para o chefinho que estava viajando).


Esperava um almoço especial, com a presença de várias pessoas queridas. Mas as pessoas queridas têm compromissos, precisam fechar negócios, atender clientes, fazer audiências, e os malditos chefes belgas não têm noção de fuso horário, enfim. Mas o Sinho, a Ci e a Paulinha conseguiram se juntar a mim para a comilança.


Algumas pessoas más esqueceram da data, em compensação, outras que eu nem esperava lembraram. Mas também não dá pra reclamar, porque já fiz a festa no domingo, dia 09, e um monte de gente me deu parabéns adiantados.


À noite, depois que os (dois) colegas mais chegados no meu curso me parabenizaram, fiquei ouvindo o super desenvolto professor de Direito Empresarial discorrer sobre títulos de crédito. Tentei cortar os pulsos com uma caneta rosa, sem sucesso. Mandei uma mensagem para meu príncipe encantado, que logo veio em meu socorro, não num cavalo branco, mas num carro prata (ufa, bem mais rápido).


Na presença dele, a tristeza se dissipou, dando lugar a momentos deliciosos como sempre. Dirigindo pra casa, porém, voltou o nó na garganta e as lágrimas vertiam inexplicável e incessantemente.


Ao chegar em casa, aquela melancolia aguda foi amenizada pelos vários recadinhos no orkut, alguns meigos, outros discretos, e uns hilários que me arrancaram gargalhadas. Concluí que se eu tivesse acesso ao orkut no escritório minha vida seria mais feliz. Além disso, perderia menos tempo procurando proxys de acesso (que não funcionam, droga).


Ainda antes de dormir, à meia-noite, minha colega Shudra telefonou-me de São Paulo e ficou matraqueando por quase 30 minutos até que eu adormeci com o aparelho celular colado à orelha. Ufa, acabou o aniversário.


Quando a gente é criança, nossa família faz questão de incentivar nosso egocentrismo nato, fazendo-nos crer que o dia de nosso aniversário é o mais especial do ano. Não é à toa que criança sempre faz questão de assoprar as velinhas, até na festa dos outros. A gente fica mal acostumada.


Aí crescemos e tentamos nos habituar à realidade insossa de que é só mais um dia, igual a todos os outros, e o mundo está ocupado demais pra se dar conta da nossa carência.


É possível também que o motivo de tanta aflição seja justamente a idade, o fato de restar tão pouco de meus vinte e poucos, de ser gente grande, pagar até pelo meu próprio bolo e não ter colo pra correr quando dá esse nó na garganta... :’(


Ou talvez a culpa seja toda da minha mãe, que, 27 anos depois do meu nascimento, ainda faz questão de fazer o dia começar como se fosse realmente só meu. Obrigada, mãezinha...


Hoje, sexta-feira, 13, além da amiga monstra ter telefonado logo cedo tentando um perdão pelo esquecimento (estou examinando ainda), rolou toda uma comoção aqui no escritório porque a colega Shudra denunciou a falta de consideração das pessoas ao meu chefinho. Daqui a pouco vai rolar um bolo. Pago por mim, claro.


E amanhã cedinho parto de Curitola rumo a um final de semana adventure que ganhei de presente de meus amores – Lê e Dé. Com certeza vai ser bom esse contato íntimo com a natureza pra recarregar as baterias. Só fiquei meio chateada com o aviso de que não poderei usar bijoux, acessórios e trajes decentes. Em vez disso, cara limpa, roupas confortáveis e tênis.


Em primeiro lugar, “roupa confortável” é um conceito muito relativo, né não? Eu, por exemplo, sinto-me muito confortável num terninho bem cortado, um vestido acinturado, os meus lindos peep toe de verniz vermelho, enfim. Mas então quer dizer que não se faz rafting de escarpin? Não rola um vestidinho retrô no cascading? Tô chocada. E o povo ainda tem coragem de chamar a natureza de mãe... Vê se mãe de verdade faz distinção entre as filhas chiquérrimas e as ripongas?


Hunf.