segunda-feira, abril 03, 2006

Planos? Blah

Plano do dia: concretizar algum dos meus planos. Qualquer um deles. Estudar para as provas dessa semana. Terminar a petição pra aula de amanhã. Ler um texto pra quarta-feira. Verificar o preço e, talvez, até me matricular na academia. Mandar ajustar minhas calças (emagreci 8 kg e elas estão todas enormes). Fazer minha monografia. Terminar os livros que larguei na metade. Secar o cabelo. Visitar a amiga, conforme prometi. Preencher o cadastro de voluntária e enviar pra assistente social do orfanato. Pagar minhas contas vencidas (com que dinheiro? Hummm... Acho que já sei porque elas estão vencidas). Levar uns sapatos pra consertar. Trocar meu presente de aniversário no shopping. Comprar o presente de formatura da minha amiga (eu disse “comprar”? É que ainda não me conformei com a condição de falida). Ir ao PROCON reclamar da Brasil Telecom (I hate Brasil Telecom). Terminar este texto.


Tantos detalhes práticos que eu preciso acertar, tantos assuntos que preciso resolver, tantas tarefas a realizar. A simples menção da praticidade me altera o humor. Sou símbolo da abstração. Ícone da metafísica. Meu corpo só não flutua pra não chamar a atenção. Meus cuidados se direcionam ao etéreo, ao que não se vê. Minha satisfação independe do concreto. Minha felicidade se faz feito colcha de retalhos: fotografias, memórias, canções, palavras, desejos, sentimentos recíprocos, promessas que não precisam ser pronunciadas. Projetos vagos. Não consigo enxergar além de duas semanas adiante. É o que me basta, por ora.


Não tenho tempo para o que é necessário. Urgências não me comovem, menos ainda me desesperam. Aguardo impassível uma solução extraordinária para os meus problemas. Eu sei que ela surgirá. E será mesmo de minha autoria e responsabilidade, mas precisa de tempo e espaço para fluir. Minha solução é inspiração.


Vou secar o cabelo.